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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 23 de abril de 2025 às 11:35
Antes de se tornar líder máximo da Igreja Católica, o Papa Francisco já era conhecido por sua personalidade firme e por resistir aos ritos e formalidades da hierarquia eclesiástica. Quem conta é Graciela Meraviglio, alfaiate eclesiástica que confecciona suas batinas desde os anos 1990. Em entrevista à CNN, ela revelou detalhes pouco conhecidos da trajetória de Jorge Mario Bergoglio antes de sua ascensão ao Vaticano, incluindo o fato de que ele não queria ser Papa. >
O primeiro encontro entre os dois não foi dos mais cordiais. “Nos conhecemos brigando”, conta Graciela. Segundo ela, o então padre usava calça, suéter e clérgima quando foi abordado por ela, que se apresentou como costureira de vestes religiosas. A resposta dele foi uma mistura de surpresa e ironia: “Você? Esperava alguém mais velho. Por que você vai fazer uma batina pra mim?”>
Mesmo tentando cumprir sua missão, Graciela ouviu uma negativa. “Ele me chamou de cigana e disse que nunca usaria batina”, relembra. Ainda assim, ela confeccionou a roupa, primeiro como monsenhor, depois como cardeal e, por fim, como Papa. Mas cada etapa foi marcada por resistência. “Quando comentei que achava que ele seria Papa, ele respondeu irritado: "Não, não vou ser Papa! Não quero!"">
A história teve uma reviravolta anos depois, com a eleição de Bergoglio ao papado em 2013. Assim que o nome de Francisco foi anunciado ao mundo, ele fez questão de ligar para Graciela. “Você não é mais uma cigana, é uma bruxa agora”, brincou, admitindo que ela havia previsto algo que ele lutou para negar.>
Mesmo no cargo mais alto da Igreja, Francisco continuou fiel à sua costureira. Recusou novas batinas, aceitando apenas ajustes. Segundo ele, Graciela era a única que conhecia seus “defeitos” e sabia como lidar com eles.>
Entre risos e lembranças, a alfaiate resumiu a relação: “Ele discutia, questionava, duvidava… mas no fundo, sempre confiou em mim.”>