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Fernanda Varela
Publicado em 27 de março de 2025 às 13:42
Quando o assunto é depressão, é comum imaginar uma pessoa deitada, triste e fugindo de convívio social. Mas e quando a depressão vem acompanhada de sorrisos, bom-humor e comportamento que aparenta normalidade? Pois é, isso pode acontecer. A depressão atípica, também conhecida como depressão sorridente, existe e precisa de tratamento.>
Segundo o Ministério da Saúde, a "depressão sorridente" é um problema médico grave e que precisa de bastante atenção, já que pode passar despercebida, já que possui sintomas não convencionais. >
A pessoa acaba se acostumando com aquilo que sente e passa a conviver com os altos e baixos do seu estado emocional. No entanto, como qualquer outro tipo de depressão, a atípica também precisa ser diagnosticada e tratada.>
Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético. Estima-se que esse componente represente 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;>
Bioquímica cerebral: há evidencias de deficiência de substancias cerebrais, chamadas neurotransmissores. São eles Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor;>
Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença. Morte de alguém próximo, mudança brusca de rotina, desemprego, preocupação financeira são alguns dos motivos que podem desencadear.>
Histórico familiar;>
Transtornos psiquiátricos correlatos;>
Estresse crônico;>
Ansiedade crônica;>
Disfunções hormonais;>
Dependência de álcool e drogas ilícitas;>
Traumas psicológicos;>
Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;>
Conflitos conjugais;>
Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.>
Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Muitos se enxergam como um peso quando precisam de ajuda de familiares ou amigos, acham que dão muito trabalho. Pensam muito em morte, seja sua ou dos familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro.>
Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;>
Insônia ou sonolência: A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;>
Apetite: Mudança drástica. Pode ser a brusca redução ou um aumento descontrolado do apetite, com maior interesse por carboidratos e doces, causando ganho de peso;>
Redução do interesse sexual;>
Dores e sintomas físicos difusos como mal-estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.>
Maior sensibilidade a críticas;>
Sensação de rejeição;>
Baixa autoestima.>
O diagnóstico é clínico, feito pelo médico psiquiatra. Não existem exames laboratoriais específicos para diagnosticar depressão.>
Distimia: É um quadro mais leve e crônico. As alterações estão presentes na maior parte do dia, todos os dias, por, no mínimo, dois anos. Podem ocorrer oscilações, mas prevalecem às queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo. Geralmente, se mostram como pessoas excessivamente preocupadas, que apresentam um sentimento persistente de preocupação. As alterações de apetite, libido e psicomotoras não são frequentes, é mais comum sintomas como letargia e falta de prazer pelas coisas que antes eram prazerosas. Na maioria dos casos, se inicia na adolescência ou no princípio da idade adulta;>
Depressão endógena: Caracteriza-se pela predominância de sintomas como perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis, piora pela manhã, falta de reatividade do humor, lentidão psicomotora, queixas de esquecimento, perda de apetite importante e perda de peso, muita desanimo e tristeza;>
Depressão Atípica: Apresenta uma inversão dos sintomas: aumento de apetite e/ou ganho de peso, dificuldade para conciliar o sono ou sonolência, sensação de corpo pesado, sensibilidade exagerada à rejeição, responde de forma negativa aos estímulos ambientais;>
Depressão sazonal: Caracteriza-se pelo início no outono/inverno e pela remissão na primavera, sendo incomum no verão. A prevalência é maior entre jovens que vivem em maiores latitudes. Os sintomas mais comuns são: apatia, diminuição da atividade, isolamento social, diminuição da libido, sonolência, aumento do apetite, “fissura” por carbohidratos e ganho de peso. Para diagnóstico esses episódios devem se repetir por dois anos consecutivamente, sem quaisquer episódios não sazonais durante esse período;>
Depressão psicótica: É um quadro grave, caracterizado pela presença de delírios e alucinações. Os delírios são representados por ideias de pecado, doença incurável, pobreza e desastres iminentes. Pode apresentar alucinações auditivas;>
Depressão secundária: Caracterizada por síndromes depressivas associadas ou causadas por doenças medico-sistêmicas e/ou por medicamentos;>
Depressão Bipolar: A maioria dos pacientes bipolares inicia a doença com um episódio depressivo, enquanto mais precoce o início, maior a chance de que o indivíduo seja bipolar. História familiar de bipolaridade, de depressão maior, de abuso de substâncias, transtorno de ansiedade, são indícios de evolução bipolar.>
A depressão é uma doença mental de elevada prevalência e é a mais associada ao suicídio, tende a ser crônica e recorrente, principalmente quando não é tratada. O tratamento é medicamentoso e psicoterápico. A escolha do antidepressivo é feita com base no subtipo da depressão, nos antecedentes pessoais e familiares, na boa resposta a uma determinada classe de antidepressivos já utilizada, na presença de doenças clínicas e nas características dos antidepressivos.>
90-95% dos pacientes apresentam remissão total com o tratamento antidepressivo. É de fundamental importância a adesão ao tratamento, uma vez interrompido por conta próprio ou uso inadequado da medicação, pode aumentar significativamente o risco de cronificação. O tratamento pode ser realizado na Atenção Primária, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e nos ambulatórios especializados.>
Manter um estilo de vida saudável:>
Ter uma dieta equilibrada;>
Praticar atividade física regularmente;>
Combater o estresse concedendo tempo na agenda para atividades prazerosas;>
Evitar o consumo de álcool;>
Não usar drogas ilícitas;>
Diminuir as doses diárias de cafeína;>
Rotina de sono regular;>
Não interromper tratamento sem orientação médica.>