Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Elis Freire
Publicado em 26 de março de 2025 às 16:37
"Adolescência", a série mais vista do momento na Netflix, tem sido aclamada pelas atuações dos protagonistas, pelas cenas gravadas em um único plano-sequência e principalmente pelos temas abordados na trama de 2025. >
Na história que gira em torno do adolescente de Jamie Miller, uma rede de ódio foi trazida à tona: a "manosfera", grupo digital formado por homens que pregam ódio às mulheres. Fazem parte dessa “manosfera”, muitos usuários de se chamam de “Incel” - outra nomenclatura bem explorada na série. >
Em “Adolescência", é o filho de policial, responsável por investigar um asssinato, quem lhe apresenta o termo "incel", nome que designa celibatários involuntários, que culpam as mulheres por seu fracasso sexual.>
Referenciada na série pelo emoji de "100", a teoria 80/20 serve como justificativa para os “incel”. Com origem na economia, a teoria é conhecida originalmente por Princípio de e descreve um padrão observado no século 19 pelo italiano Vilfredo Pareto: segundo ele, na época, 20% dos italianos detinham 80% da riqueza. >
Tempo depois, essa teoria passou a ser utilizada em outras áreas. Por exemplo, no comércio costuma dizer-se que 80% da renda vem de 20% dos clientes. O princípio, então, passou a descrever qualquer cenário em que 80% dos efeitos vêm de 20% das causas.>
Já os incel apropriaram o conceito aos relacionamentos. Segundo essa ideologia, 80% das mulheres só se interessam por 20% dos homens — parte da qual os celibatários involuntários acreditam não fazerem parte. Os adeptos dessa filosofia, então, voltam seu ressentimento contra as mulheres.>
Os adolescentes na trama enxergam essa ideologia como uma validação para sua baixa autoestima. Como o protagonista Jamie (Owen Cooper) de 13 anos explica: se ele não atrai mulheres aos 13 anos, ele nunca vai atraí-las naturalmente: "Você precisa enganar as mulheres, porque nunca vai consegui-las de um jeito normal", defende o personagem. >