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Luiza Gonçalves
Publicado em 6 de outubro de 2024 às 21:58
Em frente à Escola Politécnica da UFBA, a atenção era redobrada pelos idosos que caminhavam nas calçadas. Alguns eram acompanhados por filhos e netos, enquanto outros contavam com alguém à frente, limpando o caminho com os pés e traçando uma rota segura em meio ao chão inundado de santinhos. Essa é uma realidade conhecida pelos soteropolitanos nas eleições, onde, mesmo com a ilegalidade da boca de urna no dia da votação, a paisagem urbana é dominada por papéis com números dos candidatos.
“Hoje mesmo eu já levei um tombo por causa dos santinhos. Imagine para crianças ou idosos, é super perigoso. Além de ser péssimo para o meio ambiente, deixa tudo uma sujeira. A gente tira o dia para votar nas pessoas que, supostamente, vão cuidar da cidade, e antes mesmo de começarem, já estão poluindo”, criticou Lúcia Santos. No centro, onde a estudante vota, colégios como o Severino Vieira e Central tiveram suas calçadas tomadas por um mar de papel que se acumulava nas sarjetas ao lado da pista. O mesmo se repetiu no Colégio Rubem Dário, na San Martin; Escola Municipal Olga Mettig em Valéria e Colégio Rotary, em Itapuã, entre outros.
A opinião sobre a distribuição dos papéis não é unânime entre os eleitores. Diferente de Lúcia, Antonio da Silva, 50 anos, acha que a prática faz parte da eleição e até ajuda no processo. “Acho que não tem mais o que fazer, já faz parte da cultura desse período, e é importante porque serve de lembrete dos números caso a gente esqueça nossa cola em casa”, pontua. Os santinhos também são defendidos por aqueles que trabalham com a prática: “Para a gente, é uma chance de fazer um dinheiro extra nessa época, na eleição em geral, aliás. A gente já panfleta para outros eventos ou lojas, então não acho que seja tão ruim assim”, disse uma das mulheres que distribuía santinhos em Paripe.
Em nota, a Limpurb divulgou uma operação para a limpeza dos 460 locais de votação e áreas adjacentes após as eleições municipais. Nesta segunda-feira, cerca de 800 agentes irão às ruas a partir das 6h para realizar a limpeza. “Essa megaoperação foi planejada para otimizar o trabalho dos agentes e entregar a cidade limpa para a população com maior celeridade. A maior parte dos resíduos será retirada entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, quando teremos 34 equipes atuando para realizar os serviços de varrição, coleta e limpeza das vias,” explicou o presidente da Limpurb, Carlos Augusto Gomes.