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O santinho ainda faz milagre? Gráficas lucram 30% a mais durante as campanhas eleitorais

A distribuição de qualquer material de campanha, incluindo o santinho político, só é permitida até o sábado que antecede à eleição, às 22h

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 5 de outubro de 2024 às 05:00

Peso dos santinhos no resultado eleitoral é considerado ainda maior durante as eleições gerais no país
Peso dos santinhos no resultado eleitoral é considerado ainda maior durante as eleições gerais no país Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Eles geralmente são feitos de papel couché, possuem origem religiosa e banham as ruas em dia de eleição. Embora as propagandas eleitorais tenham ganhado força no âmbito digital, ainda mais com a expansão da Inteligência Artificial (IA), os chamados ‘santinhos políticos’ continuam tendo seu valor. Os panfletos distribuídos ao longo da campanha eleitoral apresentam os candidatos e ajudam os eleitores a memorizarem seus escolhidos na hora da votação.

“O santinho é um instrumento tradicional de propaganda. Ele serve principalmente como ‘cola’, como a famosa ‘pesca’ aqui na Bahia, como a gente chama, através da qual o eleitor poderá usar aquele número para votar, digitar aquele número”, explica Jaime Barreiros, superintendente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). O eleitor pode levar o santinho até a urna para lembrar os números dos candidatos.

Os panfletos geralmente medem 70x100mm, apresentam nome e número do candidato e são utilizados há muito tempo. São encomendados por partidos políticos, coligações, pelas federações ou pelo próprio postulante. A propaganda ganhou o nome de ‘santinho’ porque, no passado, a Igreja Católica distribuía folhetos com a imagem e o nome de santos para promovê-los.

Muitas vezes, os eleitores indecisos escolhem o candidato em virtude do santinho, especialmente aquele entregue – ilegalmente – no dia da votação. “Não é muito comum, mas ainda acontece. É por isso que frequentemente vemos a distribuição de santinhos no dia da eleição, a chamada ‘boca de urna’”, continua Jaime.

Em Salvador, 6% dos eleitores ainda estão indecisos em relação ao candidato à prefeitura, de acordo com a última Quaest, encomendada pela TV Bahia e divulgada em setembro. Para o posto de vereador, a indecisão é maior: 54% dos entrevistados não sabiam em quem votar para a Câmara Municipal.

Para o especialista em marketing político Yuri Almeida, fundador da LabCaos e com 18 anos de atuação em campanhas eleitorais, os santinhos são peças relevantes no processo de campanha eleitoral, mas não chegam a definir o voto de um cidadão. “Em comunidades rurais, em cidades menores, ele vai ser uma identificação importante da identidade do candidato, do seu número, do nome, ou até mesmo para anunciar entre sua base eleitoral de que ele é candidato”, ressalta.

O peso do santinho nas eleições deste ano, no entanto, é menor. Isso porque os eleitores votarão apenas em dois cargos: um candidato a prefeito e um a vereador. “Geralmente o santinho vai ter esse peso de ‘cola’ ainda maior quando você tem um processo mais de eleições majoritárias com o presidente, governador, senador, deputado estadual e federal”, diz Almeida.

Crime eleitoral 

A distribuição de qualquer material de campanha, incluindo o santinho político, só é permitida até o sábado que antecede à eleição, às 22h. Também é proibida a chamada ‘derrama de santinho’, que nada mais é do que a distribuição massiva dos panfletos pelas ruas da cidade, especialmente nos locais de votação. O candidato responsável por essa prática pode ser multado, responder por abuso de poder econômico e ter o registro de candidatura cassado.

As pessoas contratadas para distribuírem os santinhos no dia da eleição podem ser presas em flagrante. O candidato que distribuir o panfleto pessoalmente também responderá por crime de boca de urna. “Além disso, poderá responder por abuso de poder econômico, abuso de poder político e por propaganda irregular, estando sujeito à multa”, reforça Jaime Barreiros.

A Lei das Eleições (nº 9.504/1997) prevê como punição a detenção de seis meses a um ano, com a possibilidade de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, além de multa no valor de R$ 5 mil a R$ 15 mil, sendo atualizada com base nos índices de correção monetária.

Motivo de lucro

Além de ser uma peça fundamental para campanhas de candidatos, o santinho também beneficia o setor de gráficas nas cidades. Em Salvador, a RG Gráfica faturou 30% a mais em setembro do que nos meses anteriores, mesmo sem a oficialização da corrida eleitoral. Localizada na Barra e com produção em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, a empresa já produziu cerca de 5 milhões de santinhos até agora.

Embora o número chame atenção, a quantidade está longe do que a gráfica consegue produzir. Segundo Francisco Costa, um dos sócios da empresa, a RG Gráfica tem capacidade de fazer entre 40 e 50 milhões. “A gente deu uma caída em relação à produção de santinhos. Este ano era muito aguardado pelo setor gráfico para recuperarmos depois da pandemia, mas não foi o esperado. Já chegamos a produzir 23 milhões”, relata.

Os pedidos começam a ser feitos a partir da liberação do Fundo Eleitoral, que só pode ser gasto no início das campanhas. Neste ano, a data foi 16 de agosto. Na RG Gráfica, o candidato encomenda entre 30 e 200 mil santinhos. “De 10 em 10 mil, o candidato vai pagar muito caro. Então, tem que produzir uma quantidade em larga escala”, diz Francisco. Um pedido com 10 mil panfletos custa R$ 525, enquanto 250 mil custam R$ 6,3 mil.

*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva