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Millena Marques
Publicado em 24 de julho de 2024 às 05:00
Entre 2020 e 2024, o número de eleitores baianos com nome social no título eleitoral cresceu em 351%. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última eleição municipal, apenas 600 pessoas garantiram o direito. Neste ano, são 2.702 eleitores com nome social aptos a votar. >
O crescimento é reflexo de uma série de conquistas do movimento trans pelo reconhecimento das identidades, que são várias e diversas, segundo Leandro Colling, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCus). >
“Apesar de ainda sermos um país transfóbico, o movimento social organizado conseguiu colocar as identidades trans em outro patamar de reconhecimento, o que permite que mais pessoas se sintam confortáveis em se reconhecer como tal e solicitar o nome social ou outras questões relativas às identidades trans”, afirma o estudioso. >
No ano passado, 145 pessoas foram assassinadas no Brasil e 10 cometeram suicídio após sofrer violência ou em razão da invisibilidade trans. Os dados pertencem à 7ª edição do Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra). >
Colling acredita que, embora o aumento de eleitores baianos com nome social seja significativo, o número ainda pode ser ampliado nos próximos meses com a divulgação deste direito. “Campanhas publicitárias específicas, ações diretas em ambientes de sociabilidade LGBT, parcerias com movimentos sociais. Essas são apenas algumas ações que certamente podem ser feitas com sucesso”, pontua.>
No país, o número de brasileiros que utilizará o nome social no título de eleitor em 2024 é quatro vezes maior que o último pleito municipal, que registrou apenas 9,9 mil. Segundo dados do TSE, 41.537 pessoas asseguram o direito nas eleições deste ano – 21.367 eleitoras e 20.170 eleitores.>
Para Umeru Bahia, doutor em Ciências Sociais pela Ufba, o crescimento indica um ganho não apenas para travestis e transexuais, mas para a toda a sociedade. “A sociedade tem acesso às potencialidades dessas pessoas, que por apenas estas qualidades e escolhas, podem contribuir positivamente em cada parte, norma, construções diversas, grupos, organizações e instituições, agregando mais visões de mundo, comportamentos e fenômenos sociais”, afirma. >
A Justiça Eleitoral garante esse direito desde 2018. Para incluir o nome social no título, basta fazer o requerimento no Autoatendimento do Eleitor, na página principal do portal do TSE, e clicar em “Inclua seu nome social”. Em seguida, é necessário realizar o preenchimento dos campos com as informações e documentos exigidos. Depois disso, basta aguardar a análise da Justiça Eleitoral. >
O pedido de inclusão precisa ser feito antes do fechamento do cadastro eleitoral, que ocorre 150 dias antes de cada eleição. Portanto, esse ano já não é mais possível fazer a solicitação. Ainda conforme o TSE, 2.999 eleitores transgênero estão aptos a votar na Bahia na eleição deste ano.>
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva>