'Nosso plano de obras vai ser o motor da geração de empregos em Salvador', diz candidato do PSTU

Victor Marinho apresenta as ideias e propostas que serão implementadas ser for eleito prefeito da capital

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  • Millena Marques

Publicado em 9 de setembro de 2024 às 23:49

Candidato do PSTU, Victor Marinho
Candidato do PSTU, Victor Marinho Crédito: Candidato do PSTU, Victor Marinho

O candidato Victor Marinho (PSTU) foi o primeiro a participar ontem da série de sabatinas do CORREIO com os postulantes à prefeitura de Salvador. Formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), ele tem 26 anos de idade e disputa a primeira eleição para o Palácio Thomé de Souza.

Veja os principais trechos da sabatina com foco nas propostas do candidato

De todos os seus projetos, qual você acredita ser o principal para o futuro de Salvador? (Pergunta geral, que será feita a todos os candidatos)

A cidade deve ser governada não somente para, mas, sobretudo, com os trabalhadores e a população pobre através do que chamamos de conselhos populares, que serão assembleias nas quais os trabalhadores vão se reunir por bairros, locais de trabalho e estudo, ou por determinadas áreas de interesse social. Isso para que os próprios trabalhadores reunidos discutam os rumos da cidade e definam quais devem ser políticas prioritárias, para onde devem ir os recursos, quais são as obras prioritárias para serem realizadas. A gente acha que, hoje, a política é feita em que os trabalhadores são chamados a votar periodicamente, mas não têm qualquer tipo de controle sobre os mandatos dos eleitos. Depois de eleitos, esses políticos fazem o que bem entendem e são, inclusive, pressionados a atender o interesse dos grandes grupos econômicos que dominam nossa cidade.

O senhor acha que o transporte público deve passar a ser um serviço público que atenda às necessidades da população soteropolitana? (Pergunta feita pela candidata Eslane Paixão, da UP)

É um dos principais problemas que enfrenta a população trabalhadora e a população pobre da nossa cidade. A gente defende a municipalização e a estatização de todo o setor de transporte de nossa cidade. Dessa forma, conseguimos garantir uma tarifa mais barata, inclusive, uma tarifa zero.

Quais são seus projetos para a indústria criativa de Salvador, um segmento forte na nossa cidade, que gera empregos e remunera bem? (Pergunta da Associação Brasileira de Agências de Publicidade – Bahia)

17% da população está desempregada. Vamos ter que, por parte da prefeitura, fazer uma série de iniciativas para gerar emprego nas diversas áreas da economia. Estamos com um plano de construção de obras públicas, que será o principal motor de geração de emprego. Caso sejamos eleitos, para que a gente possa a partir dos conselhos populares, construirmos uma ampla frente de trabalho nos bairros. Vamos ter que desenvolver também, inclusive, a partir do cooperativismo uma série de outras áreas, por exemplo, no setor de turismo, desenvolvendo também cooperativas industriais.

Como pretende viabilizar financeiramente os projetos?

O orçamento da prefeitura, hoje, é na ordem de R$ 12 bilhões. Qual é o grande problema? Não falta recurso, mas grande parte dos recursos são direcionados para o setor privado. A ideia de construir uma empresa pública municipal de construção civil é para que a gente não tenha esse intermediário, e a prefeitura possa executar as suas obras. Dessa forma, conseguimos baratear o custo das obras e contratar diretamente seus trabalhadores.

Como governar uma cidade sem um Legislativo alinhado ao prefeito, já que o PSTU não lançou muitos candidatos a vereador? (Alex Teles Brito, leitor CORREIO)

Se a gente for por essa lógica, aquele que está na prefeitura e tem uma base parlamentar consolidada é o único que tem direito a ser eleito, porque é o único que tem mais condições de formar uma maioria parlamentar tendo em vista que já tem o controle da máquina pública. A atual Câmara de Salvador é formada em sua grande maioria por segmentos ligados a segmentos empresariais da cidade, que fazem campanhas baseadas em um volume gigantesco de recursos, seja de recursos públicos ou com doações do meio empresarial.

Sabemos que a sustentabilidade financeira é um desafio constante para museus e centros culturais, essenciais para o turismo e a cultura de Salvador. Quais estratégias e políticas públicas propõe para garantir o financiamento contínuo desses equipamentos culturais? (Pergunta do Museu Carlos e Margarida Costa Pinto -MCMCP)

É preciso ter uma destinação orçamentária para a política cultural da nossa cidade, o que inclui a preservação, manutenção, inclusive, a criação de novos museus na nossa cidade. Salvador é rica duplamente: pelas belezas naturais e pela sua cultura. Parte considerada do turismo é feita pelas raízes histórico-culturais da nossa cidade. A gente precisa garantir que a prefeitura invista adequadamente nos museus, garantindo que os equipamentos que são concedidos às iniciativas privadas voltem para o controle da prefeitura, para que a gente possa tomar responsabilidade pela boa manutenção desses equipamentos e que os recursos vão efetivamente para a manutenção esses espaços, sem nenhum tipo de atravessamento. Além disso, precisamos desenvolver rotas culturais, precisamos fazer com que nossa juventude ganhe gosto em visitar os nossos museus.

O que pretende fazer para que o número de professores desistindo na profissão não aumente? (@soueugrazigomes, leitora do jornal CORREIO)

A gente precisa promover nas nossas escolas a autonomia do trabalho docente, que está sendo muito atacada, inclusive, por setores da ultradireita, que vem com essa de ‘escola sem partido’, que querem impor goela abaixo a própria cartilha. Em uma prefeitura nossa, esses movimentos não vão ter espaço, porque vamos garantir a autonomia dos docentes e garantir que as escolas sejam espaços de livre debate, de debate crítico, para que possamos romper os muros das escolas e das comunidades. Queremos que a escola seja um espaço de cultura, formação e debate crítico.

A segurança pública é de responsabilidade do governo estadual, mas, em uma eventual gestão do (a) senhor (a), a prefeitura irá colaborar para reduzir a violência na cidade? 

O problema da segurança pública é, em parte, uma decorrência dos graves problemas sociais, da enorme desigualdade social, que existe no nosso país. Além disso, tem o fortalecimento dessas facções criminosas. Tem se ampliado a repressão e armado cada vez mais os setores de segurança pública, mesmo com esse aumento do aparato repressivo do estado, o problema não é com o reforçamento e militarização que nós vamos resolver esse problema.

Do ponto de vista do combate dessas facções, nós defendemos, que depende de uma resolução nacional, seria necessário que se repensasse essa lógica de guerra de drogas, que acaba sendo uma guerra social contra os pobres e contra as comunidades carentes da nossa cidade e, em particular, contra a população negra. Seria preciso legalizar as drogas no nosso país, seguindo o exemplo de outros países, para que possamos tirar das facções o controle desse mercado bilionário.

De que maneira sua gestão planeja incluir políticas de acessibilidade para pessoas com deficiência?

É preciso uma política transversal que vá desde a garantia de infraestrutura na nossa cidade, para que pessoas com dificuldades de locomoção e qualquer tipo de deficiência física possam se locomover pela cidade, isso tem a ver com a construção de rampas, garantir o piso tátil nas calçadas. É preciso, sobretudo, garantir que os nossos serviços públicos, na educação e na saúde, levem em consideração esse setor populacional. É preciso garantir, inclusive, que a nossa educação seja inclusiva.

Considerações finais

Estamos dizendo aos trabalhadores para votarem em trabalhadores. Não é possível governar com grandes empresários. Aquele que diz que é possível governar para todos está mentindo, porque vivemos em uma sociedade que é dividida em classes sociais, que é marcada por desigualdades sociais e há exploração e diversas formas de opressão. É preciso escolher um lado. O nosso lado, do PSTU, é o lado dos trabalhadores, do povo pobre oprimido.

*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva