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Millena Marques
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 22:49
O prefeito de Salvador e candidato à reeleição Bruno Reis (União Brasil) foi o segundo a participar da série de sabatinas do CORREIO com os postulantes ao Palácio Thomé de Souza. Formado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (Ucsal), ele tem 47 anos de idade, já foi eleito deputado estadual em 2010 e reeleito em 2014, além de ter sido vice-prefeito de Salvador entre 2016 e 2020.
Reveja, na íntegra, a sabatina:
Veja os principais trechos da sabatina com foco nas propostas do candidato
Sabemos que a segurança pública é de responsabilidade do governo do estado. Mas como a prefeitura irá colaborar para reduzir a violência na cidade?
Todo mundo sabe que quem comanda a Polícia Militar e a Civil é o governador. Quem tem força policial, inteligência e estrutura para enfrentar facções e o tráfico é o governo. Em todas as áreas, a prefeitura está indo além de suas atribuições. O grande exemplo é o Centro Histórico. No passado, depois de cenas lamentáveis, a prefeitura tomou a decisão de, na prática, assumir a segurança no Centro Histórico. Dobramos todas as operações, em especial a operação da Guarda Civil Municipal, que é armada e que vai ter câmera corporal e mais equipamentos. E, sem sombra de dúvidas, com a implantação das câmeras. Hoje Salvador tem implantadas pela prefeitura 1900 câmeras espalhadas pela cidade. A ideia é levar esse ‘case’ de sucesso, que se tornou o Centro Histórico, para outras áreas da cidade, como Barra, Rio Vermelho, Itapuã e Cidade Baixa. Além disso, fizemos concurso e mais de 500 guardas-civis foram convocados pela prefeitura. Nosso plano de segurança está em execução, já foi contratado, com um investimento de R$ 4 milhões. A previsão é ficar pronto no início do ano que vem. Aí vamos ter um diagnóstico preciso da segurança da cidade para saber quais ações podemos fazer a mais.
Tem alguma proposta de programa municipal de habitação com taxas de juros reduzidas? (Pergunta do leitor @ _diogohenrique)
Temos uns programas de habitação sem qualquer tipo de contrapartida ou prestação, como o Barro Branco, Baixa Fria e parte do Mané Dendê. Nesses três anos e meio, mesmo com a parada no Minha Casa Minha Vida, entregamos 6 mil novas unidades em Salvador. Temos para iniciar nos próximos dias mais de 2 mil unidades para faixa de um salário-mínimo. A prefeitura vai seguir investindo em projetos próprios, com recursos próprios, como é o caso do Pé Preto, no Nordeste de Amaralina, e da Casa de Papel, no Bairro da Paz.
Salvador possui um relevo desafiador e uma situação socioeconômica que pressiona a população a buscar abrigo em áreas de risco. O que o senhor pretende fazer para tornar essas áreas mais seguras?
Seguir implantando proteções. Nesses últimos anos, a minha gestão e a gestão de ACM Neto protegemos 533 áreas de risco. Se tem algo que é um legado para a cidade, é uma cidade mais protegida e mais segura. Tem quatro anos que não há uma vítima fatal das chuvas na nossa cidade. Temos, hoje, um sistema de classificação de todas as encostas que é o mais moderno no Brasil e no mundo, utilizando, inclusive, Inteligência Artificial. A partir desse sistema, vamos desenvolvendo novos projetos e executando as obras sempre partindo daquelas que têm um risco maior para um risco menor.
De todos os seus projetos, qual acredita ser o principal para o futuro de Salvador? (Pergunta geral, que será feita a todos os candidatos)
Sem sombra de dúvidas, de tudo que pude realizar nesses mais de três anos, mesmo enfrentando todas as dificuldades da pandemia, foram os avanços na área de Educação. Nunca se construiu tantas escolas de alto padrão em tão pouco tempo. São 52 novas escolas que vamos entregar no período de apenas quatro anos, que não deixam a desejar a nenhuma escola particular de salvador. Todos os nossos alunos receberam tablet - promovendo educação digital - kit escolar mais completo do Brasil e todo material didático e escolar. Estamos climatizando todos os prédios públicos municipais, cobrindo todas as quadras das escolas municipais e reformando praticamente 80% das nossas unidades, investindo em infraestrutura. Procuramos a valorização do nosso profissional de educação, dando reajuste acima dos demais servidores, reconhecimento e importância a esses profissionais. Nosso desafio é recuperar o déficit de aprendizado pela pandemia, garantir que os alunos que foram aprovados automaticamente na nossa rede sejam alfabetizados, aprendam o conteúdo em tempo correto, garantindo especialmente às crianças de 6 anos, que aprendam a escrever e saibam as quatro operações. Nunca se investiu tanto em Educação. O orçamento deste ano vai passar de R$ 2,7 bilhões, o maior de toda a história. Esse é o meu compromisso para os próximos quatro anos, para que a gente possa disputar as primeiras posições na qualidade de ensino no Brasil
Eventos empresariais setoriais têm um papel importante no estímulo à economia e no fortalecimento do ambiente de negócios local. Quais são suas propostas para apoiar e potencializar esses eventos em Salvador? (Alexandre Bouzas - consultor de gestão empresarial e sócio da Arcos Consultoria)
Primeiro, renovando o Procultura, onde reduzimos o ISS das atividades. Todas as medidas que adotamos nesse setor para ajudar a retomada do setor pós-pandemia serão mantidas nos próximos quatro anos, inclusive, com isenção de taxas. A prefeitura teve a capacidade de criar grandes eventos, sejam eventos esportivos, culturais, religiosos ou de negócios. Realizamos grandes eventos esportivos, a exemplo da maratona Salvador que a expectativa é passar a casa de oito mil inscritos.
Recentemente, o Ministério do Turismo divulgou uma pesquisa que mostra Salvador como um dos destinos turísticos mais desejados pelos viajantes. Com todo este potencial, qual a barreira ao aumento do turismo existente hoje e qual o seu plano para removê-la? (Salvador Bahia Airport)
O Ministério do Turismo colocou Salvador, pela primeira vez, como o destino turístico mais desejado pelos brasileiros para ser visitado em 2024. O Airbnb coloca Salvador entre as 10 cidades mais procuradas do mundo para ser visitada em 2024. Em fevereiro, batemos o recorde da história, 1,6 milhão de turistas em apenas um mês. Nesses sete meses, estamos batendo recorde de ocupação hoteleira mesmo no período de baixa estação. Já passamos da casa de 61%. Somos responsáveis pelo crescimento de 7% das receitas do turismo do estado da Bahia, que cresceu em relação aos outros estados do Brasil.
Tínhamos muitos desafios lá atrás, não tínhamos aeroporto, não tínhamos Centro de Convenções. Quem vinha a Salvador saia falando mal. Mudamos totalmente essa realidade. Nós abrimos 12 novos equipamentos culturais, desde o Museu da Música até o Muncab. Agora, o turista fica de seis a sete noites em Salvador. O nosso desafio é chegar a 10 noites. A grande dificuldade são os apartamentos de hotéis. Iniciamos aí para que se fosse retomado o Othon, o Pestana. Precisamos oferecer mais hotéis, mais leitos, para os turistas que vêm a nossa cidade. Vamos seguir investindo na cidade, dando estímulo para mais investimentos de hotéis.
Em 2025, novos aumentos no IPTU podem acontecer, se não for estabelecida uma trava legal, com a aprovação dos vereadores de Salvador. Qual o compromisso do senhor em relação ao IPTU de Salvador?
Em relação ao IPTU, nós temos uma das alíquotas mais baixas do Brasil. Se compararmos as quatro cidades como a nossa - Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro e Belo Horizonte -, o IPTU residencial (de Salvador) tem uma alíquota que varia de 0,1 a 1%. Recife chegou a 1,2, e Fortaleza a 1,4, do imóvel residencial, sem as travas, que são os descontos. Se for para os estabelecimentos comerciais, vai de 1 a 2%. Tem lugares, como Rio de Janeiro e Recife, é 2%. O que aconteceu em 2013, quando Geraldo (Júnior, do MDB) era vereador e votou favorável, foi a atualização da planta genérica, que há 19 anos não era atualizada. De lá para cá, se passaram 11 anos. Em 30 anos, a planta foi atualizada uma vez. O que fiz, como todos os prefeitos que me antecederam, foi apenas aplicar a inflação do período para ajustar. E olhe que a gente sabe que os imóveis, por causa da pandemia, tiveram a valorização acima da inflação em razão do custo dos insumos. O meu compromisso é manter os descontos, não aumentar os impostos.
O senhor tem a proposta de construir um novo Centro de Convenções. Como é esse projeto?
O grupo Rosewood, que arrematou o Palácio do Rio Branco, provocou a prefeitura com uma manifestação de interesse privado e autorizamos um estudo para que debaixo da prefeitura, onde hoje tem o auditório da Câmara (de Vereadores) e a subestação da Coelba, seja construído o Centro de Convenções. Dá para implantar um centro para 4 mil pessoas, com estacionamento, inclusive. Esse é o mesmo formato do empreendimento da família Matarazzo em São Paulo. A expectativa é que esse centro possa atrair pelo menos 80 grandes eventos, que vão permitir lotar os hotéis, bares e restaurantes da região.
Já negociamos com a Coelba a saída da subestação. Com isso, liberamos a área para o Centro de Convenções, que representa a redenção para essa área. A nossa expectativa é que, no primeiro semestre de 2026, Salvador tenha o novo centro de convenções no Centro Histórico.
Quais as políticas de enfrentamento da violências nas escolas diante do aumento desta situação? (Pergunta da promotora Márcia Teixeira)
Nós implantamos algumas (medidas): o botão do pânico, ronda escolar, inclusive com dinâmicas sendo realizadas pela Guarda Civil Municipal. A Escola Alita Soares, que leva o nome de minha avó, foi arrombada 11 vezes em um final de semana. Depois que implantamos as câmeras, não teve mais uma ocorrência sequer. Essas ações, somadas a esse trabalho de conscientização, esperamos combater a violência escolar, inclusive levando essas ações para outras escolas da cidade.
Quais são suas considerações finais?
Com muita humildade e pé no chão, vamos trabalhar até o último minuto porque somos os mais preparados para governar Salvador no seu presente e no seu futuro. Eu assumi a prefeitura tendo que enfrentar uma segunda onda da pandemia. Foram quase dois anos do meu mandato que a pandemia levou. Graças a Deus passamos por aquilo. Imagine em um próximo mandato, governando sem crise, com mais tempo e mais dinheiro, a gente vai fazer muito mais. Se já fiz um primeiro grande mandato, meu segundo será muito melhor. Esse é o meu compromisso.
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva