Concorrência acirrada: disputa pela Câmara de Salvador tem 20 candidatos por vaga

Mais de 800 postulantes a vereador tentam uma vaga no Legislativo municipal na eleição deste ano; a Casa tem 43 cadeiras

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  • Millena Marques

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 05:00

Site da Câmara Municipal de Salvador ficou fora do ar nesta sexta-feira (6)
Câmara Municipal de Salvador Crédito: Divulgação

A concorrência por uma cadeira na Câmara de Salvador diminuiu. Para a eleição do próximo dia 6 de outubro, 852 postulantes a vereador tentam uma vaga no Legislativo municipal, o que representa uma redução de 46% em comparação ao último pleito, em 2020. Apesar da queda, a disputa ainda permanece acirrada: são 20 pessoas para cada vaga disponível.

De acordo com especialistas, vários fatores explicam a redução brusca de postulações. A nova legislação é um deles. “Cada partido político em Salvador só poderá lançar 44 candidatos, que já é um número grande, mas é inferior ao número que podia ser lançado anteriormente, que era 64. Então, só em virtude desse motivo já temos uma baixa”, explicou o analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Jaime Barreiros.

A redução na quantidade de siglas partidárias também fez diminuir o número de candidaturas. Partidos fizeram fusão com outras legendas e houve ainda um movimento de formação das federações partidárias.

"As federações partidárias atuam como se fossem um único partido. Então, por exemplo, o PT, o PCB e o Partido Verde fizeram uma federação. Juntos, os três têm que lançar 44 candidatos. O que antes representava 44 candidatos de cada um desses três partidos, agora representa, no máximo, 44 candidatos dos três partidos juntos”, disse Jaime Barreiros.

O Congresso Nacional autorizou, na reforma eleitoral de 2021, a junção de partidos em federações. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esta inovação legislativa funciona como um teste para uma eventual fusão ou incorporação de legendas. A eleição de outubro é o primeiro pleito municipal com a participação de federações partidárias.

Para o doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Umeru Bahia, a redução de candidaturas não pode ser entendida apenas como resultado da lei de federações. Segundo ele, fenômenos provocados pela Justiça Eleitoral e outras questões sociais influenciam a queda.

“Há, em nossa sociedade, uma tendência em crescimento à descrença política, materializada em números de abstenções, ausências, nulos/brancos e, sobretudo, no fortalecimento da mentalidade contra a política”, analisou. A queda na quantidade de postulações ainda pode estar ligada às ações do Ministério Público. “Há um combate e vigilância do Ministério Público sobre candidaturas laranjas”, ponderou Umeru Bahia.

Segundo o analista judiciário do TRE, Jaime Barreiros, os partidos também diminuíram as postulações em razão da redução de recursos para investir na campanha. As agremiações partidárias passaram a apostar apenas em candidaturas com reais chances de vitória.

“O partido nacionalmente é que determina como esse dinheiro vai ser distribuído. Então, os partidos não têm necessariamente cumprido o estabelecido do máximo de candidatos possível, que é 44. Os partidos começaram a observar que nem sempre é tão vantajoso lançar um número tão grande de candidatos não competitivos”, ressaltou Barreiros.

Estimativa

Atual prefeito da capital baiana e candidato à reeleição, Bruno Reis (União Brasil) prevê que sua base política irá eleger 35 vereadores na eleição deste ano. A Casa tem 43 cadeiras.

“Essa é a nossa expectativa diante da quantidade expressiva que nós temos de candidatos a vereador. Eles são, sem sombra de dúvidas, aqueles que têm mais votos em nossa cidade”, afirmou. Na atual composição da Câmara, o prefeito tem 32 aliados.

Se depender da força política do atual gestor soteropolitano, a tendência é que a previsão seja cumprida. Isso porque Bruno Reis lidera as intenções de votos na capital, de acordo com a segunda rodada da pesquisa Quaest, encomendada pela TV Bahia e divulgada na última quarta-feira (18). Com 87% dos votos válidos (quando não são considerados os indecisos, brancos e nulos), ele pode ser reeleito com a maior votação da história de Salvador.

O risco de redução da oposição ainda é evidente, sobretudo porque o PT não lançou candidatura própria e preferiu apoiar o vice-governador e candidato do MDB, Geraldo Júnior, que tem apenas 7% das intenções de votos válidos.

*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva