Estudantes não sabem diferenciar fato de opinião em publicações

O dado é resultado do recente Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado pelo MEC

Publicado em 28 de setembro de 2024 às 05:00

Imagem gerada por inteligência artificial
Imagem gerada por inteligência artificial Crédito: firefly.adobe

Em um mundo multitextual, com infinita e veloz quantidade de informação e a retenção da atenção definida por 15 segundos de um story, um dado apontado pelo último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) chama a atenção: estudantes brasileiros concluem o ensino médio sem desenvolver algumas habilidades essenciais, entre elas a capacidade de interpretar e identificar o que é fato e o que é opinião, em uma reportagem ou publicação. Também não conseguem discernir a finalidade de propagandas e reconhecer informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos. 

O resultado da avaliação, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é uma ferramenta importante para mapear o cenário do ensino e nortear iniciativas e políticas públicas, porém, vale ressaltar que a pesquisa é aplicada em um sistema de ensino diverso, com diferenças regionais bastante acentuadas e que refletem desigualdades socioeconômicas. 

Por lado, os resultados confirmam o que já se sabe de alguma forma: existe uma grande dificuldade de jovens saberem interpretar o que leem. Por isso, a importância cada vez mais evidente da adoção da educação midiática, uma vez que tornou-se impossível separar a escola da atual  sociedade hiperconectada. 

Nas salas de aula 

Saber diferenciar fato de opinião é uma habilidade que já prevista na Base Nacional Comum Curricular e deve ser trabalhada em sala de aula, coisa que professores brasileiros já fazem. A questão é que o contexto de informação, texto e imagem hoje é mais complexo e oferece maiores desafios para reconhecer, de fato, o que é real ou irreal, o que é inventado ou artificialmente criado,  por isso, a necessidade de que a questão seja tratada no âmbito da educação midiática. 

“A partir do momento em que a gente consegue levar para as aulas de língua portuguesa, principalmente, mas também de outras disciplinas, uma camada de educação midiática, a gente mostra aos alunos que é preciso ler e interpretar os textos a partir do contexto da autoria, da intenção, do lugar onde aquilo está sendo publicado e que vários fatores precisam ser analisados na hora de absorver e consumir uma mensagem. Os jovens sairão da escola, do ensino médio, dominando isso, o que vai servir para vida deles como cidadãos e para que tenham uma vida plena, com autonomia e pensamento crítico”, ressalta Mariana Mandelli, coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta.

Este processo de transformação é desafiador, pois é preciso considerar as desigualdades do país. Enquanto há regiões em que crianças e jovens estudam em escolas com dificuldades de acesso às tecnologias e à própria informação como um todo; em outros casos há aqueles super conectados à internet, o que tem gerado, inclusive, um movimento para diminuir o tempo de tela e tendência da proibição dos celulares em espaços de ensino, por se entender que isso causa problemas aos públicos infantil e jovem.