Escolas brasileiras estão melhores equipadas para uso da internet

Educação midiática questiona papel da conectividade no aprendizado

Publicado em 28 de outubro de 2024 às 05:00

Daniela Machado, do Instituto Palavra Aberta Crédito: Divulgação

Os resultados da pesquisa TIC Educação, referente ao levantamento realizado em 2023 e divulgado recentemente, demonstram que 92% das escolas de ensino fundamental e médio no Brasil contam hoje com acesso à internet. Um aumento de 10 pontos em relação ao ano de 2020. As escolas de áreas rurais também foram favorecidas, aumentando o acesso de 52% para 81%, no período. O mesmo estudo revelou, ainda, que 90% das escolas (ensino fundamental e médio) possuem pelo menos um computador (tablet, notebook ou desktop). Este percentual chega a 99% nas instituições de áreas urbanas, e 75% nas zonas rurais.

Sem dúvidas, os dados deste acompanhamento que vem sendo realizado, desde 2010, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), indica bons avanços, quando se pensa em ferramentas. Porém, do ponto de vista da educação midiática, o questionamento é: quão significativa é esta conectividade?

“Não basta ter computadores, tablets e dispositivos nas escolas com acesso à internet, a gente precisa pensar também se todo mundo tem a oportunidade de desenvolver o conjunto de habilidades, que é essencial para fazer um uso mais seguro, qualificado, responsável e crítico de tudo o que aparece para a gente e de todas as possibilidades que surgem a partir dessa conexão com a internet”, ressalta Daniela Machado, coordenadora de educação do Instituto Palavra Aberta.

Ela destaca também que é preciso pensar que em um país com as dimensões do Brasil, ainda que se veja uma pesquisa mostrando que crianças e adolescentes têm, de alguma maneira, cada vez mais acesso à internet e usam a rede, é sabido que a qualidade e a consistência desse acesso não são iguais para todo mundo.

“Olhando para o universo das escolas, a gente sabe que falta avançar muito para garantir que essa possibilidade de conexão esteja disponível para todo mundo e os governos têm olhado para essa questão. Não me sinto capaz de avaliar se estão olhando com a celeridade devida; o que eu posso dizer é que a gente tem que pensar além do mero acesso, para pensar em uma conectividade que seja realmente significativa”, diz Daniela.

Quando se pensa a partir da educação midiática, o que torna essa conectividade significativa, de fato, é o desenvolvimento do olhar crítico, do hábito de interrogar a informação, de desconfiar um pouco daquilo que aparece e também da responsabilidade que todos precisam ter na hora de produzir e compartilhar conteúdos.

Para a educação midiática, qualquer discussão sobre conectividade precisa ter essa abordagem mais holística, neste caso, olhar além do dispositivo e pensar de que maneira é possível fazer com que todo mundo tenha a oportunidade de ser educado e desenvolver os hábitos necessários para um uso mais responsável e mais seguro de tudo isso que se apresenta.