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Publicado em 16 de julho de 2024 às 13:15
Uma foto, um vídeo, uma frase ou uma palavra que resume uma situação engraçada, um sentimento, um perrengue… Basta identificar algum desses elementos para clicar em enviar e em minutos fazer circular nas redes sociais e em grupos de WhatsApp os famosos memes. Você mesmo já deve ter visto algum desde que pegou o celular hoje de manhã. Neste momento, é possível que tenha recebido um novo arquivo ou link, mas antes de compartilhá-lo, leia esta matéria. Precisamos elevar este tema a um novo patamar.>
Para início de conversa, você tem avaliado com cuidado o teor do conteúdo dos memes e reels que envia aos seus amigos e familiares diariamente? Já parou para pensar que por trás de mensagens “engraçadas” podem existir desdobramentos preconceituosos, que envolvem, por exemplo, homofobia, gordofobia, indução a vícios, pornografia, injuria racial, machismo e muito mais? Pois é! Se há alusões ao corpo de alguém não é engraçado. Se critica religião, gênero, opção sexual, sotaque, profissão, posicionamento político, condição social / física / mental e/ou emocional de uma pessoa ou grupo, não é engraçado, portanto, não deve ser repassado. >
Interação Responsável >
Apesar de o conceito ter surgido na década de 70 para explicar tudo o que se multiplica no imaginário coletivo, o meme só se tornou uma forma de expressão, de fato, com a atual geração conectada e online. Estar atento a este fenômeno é exercer uma das habilidades propostas pela educação midiática: a cidadania digital. Ou seja, ter a capacidade de utilizar recursos de mídia para autoexpressão e interação com outras pessoas de forma segura, responsável e consciente. >
Neste ponto, toda essa discussão encontra ressonância com o pensamento do filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, que, em entrevista veiculada pela GloboNews em 23 de fevereiro de 2015, já alertava sobre a necessidade de se levar para a escola a reflexão sobre assuntos que, geralmente, não são abordados nos espaços educacionais, a exemplo da compreensão humana. Atualizando este contexto para 2024, as novas expressões de comunicação precisam ser analisadas criticamente, de modo a aumentar o discernimento das pessoas sobre os cenários onde estão inseridas. Este é um dos papéis primordiais da educomunicação hoje. >
Não basta reconhecer que as mudanças existem e as nuances geradas pelas novas tecnologias da comunicação modificam hábitos, percepções e ações da sociedade, mas é preciso saber o que fazer com isso. “A informação não é conhecimento, o conhecimento é a organização das informações”, diz Morin. Ou seja, o pensamento complexo capacita a pessoa a uma interpretação mais ampla das informações que recebem e que compartilham de maneira a gerar conhecimento. >
O outro lado da moeda >
Ao contrário do pensamento cartesiano, o pensamento complexo defendido por Edgar Morin, admite o incerto e considera que qualquer fenômeno não pode ser observado e avaliado tão somente pelo princípio da ordem pura ou da desordem pura. >
Assim, se tudo pode ter este caráter misto, os memes também podem. Se existem memes preconceituosos, que devem ser evitados e não compartilhados; também há aqueles capazes de traduzir temas e assuntos complexos. Cabe ao indivíduo saber o que compartilhar e consumir. “Na educação, por exemplo, memes podem ajudar na compreensão de conceitos complicados ou notícias recentes de uma maneira mais leve. Mas é preciso lidar com os memes da mesma maneira como precisamos lidar com todo tipo de informação: refletindo sobre as responsabilidades de quem produz, consome e compartilha”, explica Daniela Machado, coordenadora do EducaMídia - programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta, que tem como focos a formação de professores e a produção de conteúdos sobre o tema.>
O que observar antes de compartilhar um meme:>
1. Se o conteúdo é ofensivo ou preconceituoso;>
2. Se o direito à privacidade está sendo ferido; >
3. Se alguém está sendo ridicularizado e quais consequências isso terá; >
4. Se há risco de desinformação ou difamação; >
5. Se as imagens e ilustrações usadas não ferem direitos autorais ou de copyright.>