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Editorial
Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 05:00
O Brasil assiste com apreensão à tensão crescente entre o governo Lula e o Congresso Nacional. As acusações de descumprimento de acordos por parte do presidente da República, somadas ao polêmico corte de R$5,6 bilhões em emendas, acentuaram o desconforto nas relações entre os poderes. A reação pública dos parlamentares evidenciou um agravamento da desconfiança, especialmente após Lula expressar disposição em se reunir com líderes partidários para explicar a redução do dinheiro.
Em meio à necessidade de reformas estruturais para impulsionar o desenvolvimento, o aumento das tensões pode comprometer a capacidade do Brasil de enfrentar os desafios presentes. No ano passado, atritos entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional não faltaram. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), chegou a dizer que a articulação política era o “maior problema” do governo Lula. O progressista fez críticas públicas aos ministros de Relações Institucionais e da Casa Civil, Alexandre Padilha e Rui Costa, respectivamente, ambos do PT. O político baiano, que, durante seu mandato como governador da Bahia, demonstrou ojeriza à política, reiterou sua visão no ano anterior ao rotular Brasília como uma "ilha da fantasia", causando mal estar dentro de seu próprio governo.
Os conflitos entre Executivo e Legislativo são inerentes à democracia, mas o desentendimento intenso pode prejudicar o funcionamento das instituições. O Congresso Nacional retornará aos trabalhos no dia 5 de fevereiro com 20 Medidas Provisórias pendentes de votação, entre elas, a descabida reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia. Além disso, senadores e deputados devem colocar na pauta de apreciação a regulamentação da reforma tributária e mudanças no Imposto de Renda. Sem diálogo entre os poderes, como será possível construir propostas que atendam ao País? Quando não há harmonia entre as instituições, os reflexos são sentidos em todas as esferas da sociedade.
Não há dúvida de que a cooperação entre os parlamentares e os membros do Executivo é fundamental, e os nossos líderes políticos precisam reconhecer a relevância de uma relação harmoniosa entre os poderes para o bem da nação.