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Priscila Natividade
Publicado em 14 de fevereiro de 2016 às 06:25
- Atualizado há 2 anos
Em meio à crise e à redução do poder de compra do consumidor, celular bom é celular barato. Mesmo que ele seja um seminovo. A tendência tem feito aumentar a procura por smartphones usados, mercado que cresceu 60% em volume de negócios na Bahia, conforme aponta a plataforma de anúncios OLX. A diferença do preço de um usado para o valor de um novo pode ser até 70% mais barato - um bom negócio, inclusive, para quem está com a grana curta ou perdeu o aparelho durante os dias de Carnaval, por exemplo. >
“A categoria de smartphones e celulares da OLX foi a que mais vendeu no ano passado. Na Bahia, o número de negócios fechados foi superior a média nacional que ficou em 60%”, ressalta o chefe comercial da OLX Brasil, Marcos Leite. O volume de anúncios publicados cresceu no mesmo ritmo: “Verificamos um aumento de 60% no número de pessoas que postam anúncios de venda de smartphones. As pessoas querem ter aparelhos atuais com preços menores”. O publicitário Antônio Fernando Farias deixou de comprar celulares novos há algum tempo.Os quatro últimos aparelhos que adquiriu foram todos seminovos. A troca do aparelho ficou mais em conta(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)Em 2015 foram vendidos 2 milhões de smartphones por intermédio da plataforma. Os produtos usados anunciados na OLX movimentaram no ano passado um volume total de R$ 70 bilhões, o que reforça a capacidade de expansão do segmento. “O usado na plataforma tem um preço mais baixo. O fator é determinante para o bom desempenho do mercado de usados”, avalia Leite.>
Custo-benefícioOs últimos quatro celulares do publicitário Antônio Fernando Farias foram todos comprados de segunda mão. “A economia é muito grande, até porque quando comprava um celular novo ficava sempre com aquela sensação de que ia pagar caro por um produto que em pouco tempo estaria ultrapassado”, conta. >
Na tentativa de pagar menos por mais, Fernando utiliza o celular antigo como moeda de troca por um aparelho melhor e completa o valor da diferença em dinheiro. “Da última vez, comprei um Samsung 4 Mini na caixa. Dei o meu Samsung 2 e mais R$ 200 na troca. Economizei uns R$ 300”. De olho em um modelo mais avançado, ele começou mais uma pesquisa por outro seminovo que irá adquirir agora. Sua expectativa é gastar, no máximo, R$ 500. “Costumo utilizar as plataformas de anúncio de usados e as redes sociais. Lá consigo encontrar um celular que cabe dentro do que posso pagar”, comenta o publicitário. >
Para o auxiliar em eletrônica Luan Vieira, a compra de um seminovo, além de aliviar o orçamento, evita um endividamento futuro. “Você faz negócio com o dinheiro que pode gastar”, afirma. Com o mesmo valor da parcela de um celular zerado, Luan comprou um usado por R$ 100. “Quando o dinheiro está apertado, então, qualquer ‘precinho’ vale a pena. Hoje celular é uma necessidade. A gente se vira com aquele aparelho que consegue comprar mais barato, sem deixar de lado a qualidade que ele não deixa de ter só porque é usado”. >
Longe da criseA venda de celulares usados cresce em um cenário em que o mercado de smartphones novos encerrou o ano em queda no Brasil. De julho a setembro de 2015, aproximadamente 10.753 milhões de celulares inteligentes foram vendidos, 25,5% a menos na comparação com o mesmo período do ano passado, como aponta o estudo feito pela empresa IDC Brasil, especializada em mercados de consumo em massa de tecnologia.>
Além da alta do dólar e do baixo desempenho da economia, o analista de pesquisas do IDC Brasil, Leonardo Munin, aponta o aumento do ciclo de vida dos smartphones como uma das razões para a queda nas vendas. “Assim que o fim da isenção de impostos começar a valer, o preço final dos produtos deve ficar 10% mais caro na ponta e refletirá diretamente no desempenho das vendas”, analisa.>
Enquanto isso, quem aposta na compra, venda e troca de seminovos, comemora. Na Ziggo, a expectativa é crescer cinco vezes mais do que no ano passado, como projeta o sócio fundador da plataforma, Guilherme Macedo. >
“Crescemos 35% no último trimestre do ano, comparado com o trimestre anterior. O cliente realmente está querendo um produto barato. A crise fez também com que o consumidor aumentasse a confiança com relação ao produto usado”. >
Para o presidente da Brightstar, José Froes, a projeção de crescimento é tão boa que a empresa deve investir este ano, aproximadamente, R$ 240 milhões. A meta é comprar e revender cerca de 400 mil celulares. “As ofertas estão cada vez mais atraentes e agradam aos novos consumidores, principalmente aqueles que sonham em ter um smartphone top de linha a um preço acessível”. >
Consumidor deve ter cuidado na hora de comprar aparelho usadoNa hora de comprar um celular usado é preciso ficar atento para evitar problemas mais tarde. A orientação é da coordenadora de processos do Procon-BA, Alba Costa. “Antes de fechar a compra, vale levar em consideração as características do produto e pesquisar a reputação do vendedor ou da loja onde está adquirindo o seminovo”, recomenda. >
Ela explica que caso o celular seja adquirido da mão de terceiros - sem nenhuma relação de consumo com uma loja - o cuidado precisa ser redobrado. “Nesses casos, o Direito do Consumidor não tem como garantir a aplicação do código de defesa”.>
Desconfie, principalmente se o preço estiver muito abaixo do valor do produto ou da média que está sendo vendido como usado. O técnico em mecatrônica Rafael Luiz foi atraído por um celular R$ 900 mais barato do que o valor original do modelo que queria. “Comprei no escuro. O preço era muito barato, um aparelho que custava R$ 2 mil estava sendo vendido por um amigo de um amigo por R$ 1 mil. Depois de um mês, a placa mãe apresentou problemas e tive que arcar com o prejuízo”. >
Só o conserto custava o mesmo valor que ele tinha pago pelo celular. “Acabei revendendo para uma assistência que poderia reaproveitar as outras peças”, conta. >
Sites especializados oferecem garantia de até 90 dias. Quem optar pelas lojas virtuais tem garantido ainda o direito de arrependimento, sem precisar justificar o motivo da devolução. Por ser uma compra a distância, o consumidor pode desistir da compra num prazo de até 7 dias a contar da data de recebimento do produto.>