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Donaldson Gomes
Publicado em 24 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Há um ditado muito repetido por produtores rurais brasileiros que pode ser ampliado para o setor produtivo como um todo: o Brasil está entre os mais eficientes do mundo das porteiras das fazendas, ou das portas das fábricas, para dentro. O problema está do lado de fora. A operação portuária pode premiar todo o esforço de uma empresa, ou jogar toda sua eficiência interna por água abaixo.
Desde o início deste ano, a política federal para o setor é norteada por um olhar mais integrado, visando atender interesses da iniciativa privada, como reconhece o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diego Piloni. “Os instrumentos de planejamento precisam estar abertos ao que é importante por quem movimenta as cargas”, destaca. O foco da atuação federal é baseado no fortalecimento da infraestrutura disponível, com a atração de novos investimentos, além da melhoria na gestão.
O responsável pela definição da política nacional para o setor ressalta o enorme potencial que os portos baianos têm para crescer. Entre os atrativos está a localização geográfica, praticamente “no meio do litoral brasileiro”. Em relação a Salvador e Aratu, ele cita o fato de serem abrigados pela Baía de Todos os Santos, e suas boas condições de navegabilidade. “É um fato notório que existem condições únicas para a atividade portuária aqui na Bahia, o que nós precisamos fazer é trabalhar para que todo este potencial se torne uma realidade. O que posso dizer é que hoje todos os fatores são favoráveis a isso”, afirma Piloni.
O secretário frisa que o momento é promissor para o estado. “Estamos falando de um complexo que movimentou muito ano passado e de três portos de vocações diferentes mas que se complementam”, completa.
Processos O coordenador Geral de Modelagens de Arrendamentos Portuários da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), Disney Barroca Neto, explica que um dos objetivos para o setor é descentralizar os processos decisórios, atualmente concentrados em Brasília. Para isso, as autoridades portuárias precisam melhorar seus processos de gestão.
Para o coordenador Geral da SNPTA, com o planejamento que está sendo adotado na Bahia, os resultados devem ser percebidos no médio e longo prazo. Ele destacou como positiva a participação da Codeba - e mesmo da iniciativa privada - na formulação de projetos que preveem a licitação de áreas portuárias no Porto de Aratu-Candeias. “Temos um planejamento vivo, que vai se adaptando às demandas da sociedade”, justifica.
Para o presidente da Companhia das Docas da Bahia (Codeba), empresa que administra os terminais federais no estado, Rondon Brandão do Vale, é importante que se pense na cadeia logística como um todo. “O porto é um elo fundamental. Para ser eficiente, precisa de investimentos na estrutura e em seu modelo de gestão”.
O presidente da Codeba acredita que o desenvolvimento dos terminais instalados na Bahia passa pela descentralização da gestão. Ele cita como uma oportunidade as mudanças na lei, que permitem que a administração de ativos portuários seja tocada por autoridades locais. “Isso revigora a nossa atuação como autoridade portuária de fato”, acredita.
Durante o seminário sobre gestão portuária, a Codeba assinou com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) um acordo que vai possibilitar a integração dos sistemas de gestão dos três portos públicos baianos – Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus. A estimativa é a de que a gestão das docas na Bahia tenha economizado R$ 8 milhões em dois anos frente à possibilidade de ter que criar um sistema próprio, partindo do zero.
O Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia - Oportunidades de Outorgas foi uma realização do CORREIO e Codeba, com o patrocínio da J. Macêdo e UItracargo, apoio institucional da Braskem e apoio da Fieb, Usuport, Associação Comercial da Bahia e Contermas.