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Esse tipo de arranjo habitacional ganhou destaque nos últimos meses
Jorge Gauthier
Publicado em 21 de fevereiro de 2016 às 09:56
- Atualizado há 2 anos
A estudante de Direito Luana Alves, 23 anos, mora no bairro do Imbuí e está em busca de alguém para morar em um quarto vazio na sua casa. Pode, em princípio, parecer um anúncio convencional de alguém que quer dividir a casa com um amigo ou até mesmo desconhecido. Mas, o formato que Luana propõe é um que tem ganhado destaque no mercado imobiliário de Salvador: o aluguel de quartos em residências sem a necessidade de contrato e fiador.Luana Alves está alugando quarto no apartamento onde mora(Foto: Marina Silva/CORREIO)O corretor de imóveis Pedro Andrade indica que esse tipo de arranjo habitacional ganhou destaque nos últimos meses por conta da crise. “Muita gente não tem como alugar sozinha um apartamento e acaba buscando quartos dentro de casas de famílias como forma de pagar menos e não se enrolar com a burocracia”, explica. Andrade estima que esse tipo de contrato barateia em 40% as locações. “Quando você vai dividir um apartamento com outra pessoa acaba tendo custos maiores. Nesse esquema - que se assemelha a um pensionato - a pessoa paga só pelo aluguel. Isso torna a moradia mais barata até 40%, mas perde-se muito da privacidade por não ser necessariamente uma relação de amizade com o dono da casa antes do aluguel ”, explica.
Luana, por exemplo, já está na terceira vaga aberta em casa para alugar o quarto para alguém. “Eu sempre aluguei para dividir as despesas e não ter que me afastar da área da faculdade que sempre é mais cara. Eu já moro com uma amiga e nós alugamos o terceiro quarto da casa, mas sempre ficamos um pouco inseguras em relação à segurança, mas fazemos uma certa ‘investigação’ nas redes sociais principalmente”, argumenta. A investigação feita por Luana também é levada a sério pela aposentada Serena Sant’Anna, que aluga um quarto da sua casa para estudantes desde 2013. Ela começou a alugar o quarto para aliviar o orçamento e também ter “movimento em casa” depois que os filhos mais velhos se casaram e saíram.
“Eu olho a vida toda. Faço um interrogatório e nunca tive problemas. Mas prefiro sempre alugar para gente que tenha cara de pacífico e que não gosta muito de festa. Isso diminui o número de problemas”, ensina. Ela cobra R$ 320 pelo aluguel do quarto no bairro do Garcia, que inclui luz, água e internet. A vendedora Ana Paula Ramos mora na casa de Serena há três meses. Segundo ela, se não fosse o aluguel do quarto não teria como residir no Garcia, que é perto do seu trabalho. “Se eu fosse alugar um apartamento, ia gastar meu salário todo. Aqui é só um quarto, mas cabe no meu orçamento”, pontua.