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Carmen Vasconcelos
Publicado em 13 de junho de 2022 às 06:00
Você conhece alguém que foi demitida (o) recentemente? Provavelmente, sim! A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) mostrou que o desemprego no Brasil atingiu 11,9 milhões de pessoas no 1º trimestre 2022. O país ocupa a triste 9ª posição do ranking da agência de classificação de risco Austin Rating, elaborado com base nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para um conjunto de 102 países. Numa tentativa de minimizar o impacto dessa realidade, muitas organizações estão investindo no Outplacement, o termo adotado do inglês diz respeito à recolocação dos profissionais no mercado de trabalho.
Isso mesmo: a empresa que demite a pessoa ajuda ela a conquistar um novo posto de trabalho em outro lugar. A política de recolocação ainda é muito recente nas empresas brasileiras e baiana, mas a expectativa é que consiga minimizar o impacto dos estudos do Austin Rating que mostra ainda que, a média global de desemprego para o ano, é de 7,7%. Com 13,7% de taxa, o Brasil também tem número pior do que a média dos países emergentes (8,7%). O índice nacional para os trabalhadores é o segundo maior entre os membros do G20, ficando perdendo apenas para África do Sul.
Diferencial
Especialista em Gestão Empresarial e professora dos cursos de Gestão Recursos Humanos e Administração da Unijorge, Lorene Paixão Sampaio diz que, além de amparar o profissional demitido através da busca de novas oportunidades no mercado, o processo orienta e capacita para minimizar os impactos de uma situação difícil como a demissão. Lorene Sampaio defende o outplacement como uma política vantajosa pra as organizações e para os trabalhadores desligados, minimizando o impacto negativo do desemprego (Foto: Divulgação) “O Outplacement é um diferencial, no entanto, requer conhecimento e cuidados para resguardar tanto a empresa quanto o profissional diante de problemas como o alto custo ou a falta de uma boa comunicação. Por isso, muitas vezes é indicada a contratação de empresas especializadas no serviço”, esclarece.
CEO da líder no mercado em Outplacement e Recrutamento e Seleção de Executivos, a Talento RH, Agda Lima afirma que os programas de transição de carreiras podem ser realizados em programas individuais ou coletivos. “O outplacement pode ser feito por qualquer organização sempre que ela compreende a responsabilidade social em possibilitar esse benefício no caso da necessidade de demissão, pois irá ajudar na fase de transição do profissional, gerando um benefício intrínseco (a sua marca, a equipe que permanece) e extrínseco, principalmente para o colaborador que contribuiu com ela e a fez crescer”, explica a executiva. Agda Lima destaca que o outplacement possui um impacto muito positivo para a imagem das organizações, tanto para o público externo quanto interno (Foto: Divulgação) Agda destaca ainda que se o programa for coletivo (grupos a partir de 5 colaboradores), o investimento é a partir de 60% do valor do último salário do colaborador, e se for individual, no caso de profissionais especializados, o investimento é de 100% sobre o último salário, no momento do desligamento.
“O investimento nesse serviço é, normalmente, realizado em empresas maduras, evoluídas e que entendem o valor da humanização nos processos, tanto na admissão quanto na demissão responsável”, afirma.
A professora Lorene Paixão destaca que o Outplacement não requer um custo se a empresa realizar a própria técnica, a exemplo da indicação para uma outra empresa ou a ajuda na construção de um novo currículo. No entanto, se utilizar o serviço de uma empresa especializada, o valor pode ser de R$ 12 mil até R$ 120 mil , a depender do nível da função e do tempo de realização.
Imagem positiva
A representante da Talento diz que, hoje em dia, há uma percepção mais acurada de que esse é o caminho para manter uma imagem positiva da empresa. “Isso é pertinente na avaliação que um candidato faz sobre a marca, ao entrar para essa mesma empresa, ou seja, impacta positivamente na atração de talentos”, completa.
Lorene, por sua vez, lembra que, ao desenvolver as estratégias de recolocação dos colaboradores, a empresa ajuda a si própria, contemplando um ambiente pautado em uma relação recíproca e de acolhimento. “Os funcionários se motivam ao perceberem as ações positivas da empresa diante de situações como a demissão”, pontua, destacando que, para os trabalhadores, a técnica representa menos danos psicológicos devido ao acolhimento da empresa em um momento difícil, além de ajudar em um novo rumo para a carreira. “Não há desvantagem na utilização da técnica, a não ser que falte um bom planejamento e organização do processo”, reforça.
Na Bahia, o Outplacement ainda está sendo disseminado, mas a aposta e aprimoramento vem crescendo em conjunto com a inovação e a automação, a fim de garantir perspectivas mais criativas e soluções mais assertivas junto ao mercado de trabalho.
Origem está nas crises A tradução da palavra outplacement é desembarque e, embora esteja sendo encarada atualmente como uma novidade, a prática vai além de uma recolocação profissional no mercado. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas buscam humanizar as demissões, desde os anos 60, especialmente para os profissionais da área da engenharia e ciência, que haviam perdido seus empregos devido a uma crise na área de eletrônica e aeroespacial naquela época.
No Brasil, a proposta também surge num período de crise, mais especificamente nos anos 80, para ajudar na recolocação de executivos de grandes organizações. Hoje, as empresas adotam o outplacement para auxiliar qualquer profissional que esteja em processo de desligamento, de modo a garantir a empregabilidade.
Vantagens da humanização
• Ajuda a manter relações positivas com os funcionários atuais e os que partem; Permite que a organização seja mais competitiva no mercado;
• Contribui para a melhoria da marca da empresa, tornando-a atrativa para novos talentos;
• Torna o processo de reestruturação menos estressante;
• Permite que a empresa assuma um compromisso de responsabilidade social; Possibilita que o negócio atue com práticas e tendências humanizadas em benefício do bem estar interno e externo;
• Possibilita que os colaboradores que permaneceram não diminuam seus níveis de produtividade e sintam-se seguros em sua atuação, confiando na responsabilidade do empregador.