Rampage: com a mesma base da Toro, picape anda bem e cobra caro por isso

Sempre com tração 4x4, novo utilitário produzido em Pernambuco tem preço inicial de R$ 244.790. Confira avaliação

Conhecida por suas picapes potentes e sofisticada, a Ram se tornou uma das marcas de maior desejo do Grupo Stellantis, que controla outros fabricantes, como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën. Para aumentar o volume de vendas, o grupo criou um novo produto para ser o modelo de acesso da montadora no país.

A Rampage, única picape do portfólio da Ram que não é referida com uma numeração, foi desenvolvida no Brasil e é produzida na fábrica de Pernambuco, onde a Stellantis fabrica modelos três modelos da Jeep (Commander, Compass e Renegade) e um da Fiat, a Toro. Todos eles utilizam a mesma plataforma, a que foi introduzida no país em 2015, com o Renegade.

A base desses veículos, denominada Small Wide, foi concebida inicialmente para SUVs, que possuem a carroceria completamente fechada. Para a aplicação em picapes foi necessário reforçar a estrutura. Daí vem um dos pontos negativos da Rampage, a picape monobloco (que tem estrutura única) é muito pesada.

A versão avaliada, a Rebel com motor 2 litros a gasolina, pesa 1.906 kg. Como comparação, a Hilux, picape média mais vendida do Brasil, tem 2.085 kg na versão SRV - sendo que o modelo da Toyota tem uma estrutura dupla, cabine sobre chassis. Outra monobloco, a Ford Maverick Lariat FX4 pesa 1.744 kg, quase 9% mais leve.

Conclusão, o peso extra da Rampage reflete no consumo. Na nossa avaliação, o utilitário fez 6,7 km/l de gasolina em Salvador. Foi uma média inferior a indicada pelo Inmetro, que é de 7,9 km/l. Em rodovias, a aferição indica 9,7 km/l e chegamos a 9,5 km/l. Além do peso, os pneus de uso misto também colaboram para o alto consumo.

A Rampage tem 5,03 metros de comprimento e 1,89 m de largura. Ou seja, é 9 centímetros maior e 4 cm mais larga que a Toro. Na comparação com a Hilux, é 30 cm menor e 4 cm mais larga. O entre-eixos dessa Ram tem 2,99 m, o mesmo do modelo da Fiat e 8 cm menor que o da picape da Toyota.

A nova Ram tem tração integral, e conta também com reduzida, sua transmissão é de nove velocidades e o propulsor da unidade avaliada é o Hurricane 4, que entrega 272 cv de potência a 5.200 rpm e 40,8 kgfm de torque a 3 mil rpm. A performance é positiva: aceleração de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos.

CUSTO E EXPERIÊNCIA

Sem cromados, a configuração Rebel custa inicialmente R$ 244.790 com motor diesel (o mesmo motor que equipa Toro, Compass e Commander) e R$ 10 mil a mais quando é aplicado o propulsor a gasolina. Porém, a unidade avaliada estava equipada com um pacote opcional que agrega mais R$ 6 mil. Chamado de Elite, ele inclui banco elétrico para o passageiro (o do motorista é de série), sistema de som Premium da Harman Kardon e luzes ambiente em LED.

Dessa forma, o preço final é R$ 260.790, sendo que a Rebel é a opção mais acessível e a mais cara é a R/T, que chega aos R$ 285.490. A Fiat Toro nas versões mais completas (Ultra ou Ranch), custa R$ 212.990, sempre com o motor diesel.

A Rampage é um veículo de condução agradável e a dirigibilidade é um dos pontos fortes. Tem bastante fôlego e um ótimo sistema de tração integral sob demanda. Em estrada com pavimentação ruim a picape também vai bem e os 26,4 cm de vão livre ajudam.

Quem viaja no banco traseiro tem à disposição quatro tomadas do tipo USB e saída dupla de ar. O incomodo é o encosto do banco, que é muito vertical. Outra decisão equivoca foi a adoção do estepe de uso temporário, aqueles mais estreitos. Não é lógico esse tipo de equipamento em um veículo com tração 4x4 e com grande capacidade de carga (750 kg).

DODGE OU RAM?

Inicialmente, a Ram correspondia à linha de picape da Dodge, marca americana parceira da Chrysler, que atualmente faz parte do Grupo Stellantis. No entanto, desde 2010, a marca que é representada por um carneiro montanhês, se tornou independente do portfólio da Dodge - que manteve em sua linha SUVs e esportivos.

No Brasil, as picapes grandes da Ram foram as primeiras a aparecer, ainda sob o comando da Dodge. Pelas dimensões e linhas robustas, se tornaram objeto de desejo e até letra de música pela alcunha de Dodge RAM.