Parcerias automotivas inusitadas: seu carro com motor de um rival

Saiba que até arquirrivais como Chevrolet Camaro e Ford Mustang utilizam equipamentos em comum

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  • Antônio Meira Jr.

Publicado em 2 de dezembro de 2023 às 08:00

A Fiat já comercializou em alguns países a Mitsubishi L200 com  a sua logo, era a Fullback
A Fiat já comercializou em alguns países a Mitsubishi L200 com a sua logo, era a Fullback Crédito: Divulgação

Enquanto torcedores do Bahia e do Vitória defendem seus times, muitos motoristas fazem o mesmo por montadoras. Tempos depois, técnicos e jogadores muitas vezes atuam pelo time rival, para irritação dos fãs. No mercado automotivo isso acontece, e muito. E não falo sobre funcionários, mas de peças, como motores e câmbios, por exemplo.

Com a fusão da FCA, que reunia marcas como Chrysler, Fiat e Jeep, com a PSA, grupo francês que tinha no portfólio Opel, Peugeot e Citroën, foi criada a Stellantis. Essa nova empresa gerou fatos curiosos, que para entender é preciso voltar ao passado.

Popular no final dos anos 1990, o Corsa foi lançado no Brasil pela Chevrolet, empresa que faz parte da General Motors. No entanto, o projeto original do veículo é da Opel, que na época era controlada pela GM. Em 2017 a marca alemã foi vendida para a PSA, que quatro anos depois foi fundida com a FCA. Na Europa, o Corsa continua em linha e a sua plataforma é utilizada pela Peugeot.

Comercializado no Brasil pela Chevrolet, o Corsa é foi desenvolvido pela Opel, que atualmente pertence a Stellantis
Comercializado no Brasil pela Chevrolet, o Corsa é foi desenvolvido pela Opel, que atualmente pertence a Stellantis Crédito: Divulgação

No Brasil, a Peugeot começou a adotar recentemente o motor 1.0 turbo da Fiat no 208 e a Citroën adotou esse mesmo propulsor no recém-lançado C3 Aircross. Seja no Fiat Pulse, no Peugeot 208 ou no C3 Aircross, esse motor é associado a uma transmissão automática fornecida pela Aisin. E quem é a principal acionista da Aisin? A Toyota.

Ou seja, antes de entrar em uma discussão sobre automóveis, seja ponderado. Não adianta dizer que o italiano é superior ao francês, por exemplo. No fundo, com grandes corporações globais, todos compartilham equipamentos.

Até arquirrivais como Ford e Chevrolet trabalham em conjunto. A transmissão de 10 velocidades do Mustang e do Camaro é a mesma. Claro que com calibrações distintas, mas as duas companhias americanas desenvolveram o projeto em conjunto para reduzir custos. Atualmente, esse câmbio é aplicado em diversos veículos, como Ford F-150 e Chevrolet Silverado.

Há parcerias que você pode entender como insólita, entre a Renault, marca francesa de veículos generalistas, e a Mercedes-Benz, fabricante alemão de automóveis premium. Pois os Renault Duster e Oroch têm embaixo do capô o mesmo motor aplicado no Mercedes-Benz Classe B.

A Alaskan é uma Nissan Frontier com o emblema da Renault e pequenas diferenças visuais
A Alaskan é uma Nissan Frontier com o emblema da Renault e pequenas diferenças visuais Crédito: Divulgação

Por falar em Renault, a montadora tem uma aliança com a japonesa Nissan. E essa parceria vai além da troca de componentes. A Frontier, picape desenvolvida pela Nissan, é comercializa em vários países como Renault Alaskan. Há troca de logomarcas e alguns ajustes visuais, mas a base do utilitário é a mesma.

Outra associação de picapes é da Ford com a Volkswagen. A atual geração da Ranger, lançada há poucos meses no Brasil, deu origem a segunda geração da Amarok. No entanto, essa parceria ficou restrita a alguns mercados. Na América do Sul a empresa alemã optou por atualizar o modelo atual e irá mostrar as novidades ano que vem.

Nem tudo dá certo

É claro que muitos acordos são desfeitos, até mesmo antes de acontecer. O mais recente é entre a Honda e a GM, que durou pouco mais de três anos. A Honda arquivou seus planos para desenvolver em conjunto com a General Motors veículos movidos a bateria acessíveis, disse o CEO da montadora japonesa, Toshihiro Mibe.

O acordo foi revelado em 2020, e, em abril de 2022, as empresas anunciaram que iriam criar uma nova arquitetura baseada na bateria Ultium da GM. A ideia era usar a estrutura em SUVs compactos, que estavam planejados para serem lançados em 2027. “Depois de estudar isto durante um ano, decidimos que seria difícil como negócio, por isso, neste momento, vamos encerrar o desenvolvimento de um veículo elétrico acessível”, disse Mibe à Bloomberg.