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Antônio Meira Jr.
Publicado em 9 de maio de 2024 às 14:30
Desde os últimos meses do ano passado, a indústria automotiva tem anunciado bilhões em investimos no país. É um ciclo bem diferente do que foi vivido anteriormente, com o fechamento de fábricas da Ford, Mercedes-Benz e Toyota. O aporte total até 2032 será de cerca de R$ 101 bilhões, anunciado por 12 montadoras.
O valor será empregado para construção, ampliação e atualização de fábricas e para a produção de novas plataformas - sobre as quais novos veículos serão montados - e tecnologias de propulsão, incluindo sistemas híbridos. E é esse último tema o mais determinante para mudanças.
O mundo vive uma grande pressão pela descarbonização, mas a virada para veículos completamente elétrica não será tão simples em nosso mercado. Por isso, a maior parte dos anúncios revelam uma estratégia em comum para o novo ciclo de investimento: a produção de pelo menos um modelo híbrido - que tem algum sistema elétrico no conjunto a combustão para reduzir as emissões.
Uma das explicações está no Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) L8, previsto para começar a ser implementado ano que vem. Ele será muito mais rígido com o limite de emissões do que o L7 - que em 2022, quando entrou em vigor, retirou diversos modelos e/ou motores de linha. Esse é um dos fatores decisivos para uma montadora: ou gasta mais, ou perde competitividade.
Os anúncios apontam que as empresas preferiram gastar mais. O grupo Stellantis, que atua no país com Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën, fez a maior aposta: R$ 30 bilhões. Desse montante, R$ 13 bilhões serão direcionados aqui para o Nordeste até 2030, na fábrica da empresa em Goiana, Pernambuco. A empresa explicou que os investimentos "contemplarão o lançamento de novos produtos, a expansão da cadeia de fornecedores, além do desenvolvimento e localização de novas tecnologias para acelerar a descarbonização da mobilidade".
A Volkswagen vai injetar mais R$ 9 bilhões no mercado brasileiro até 2028. Com os R$ 7 bilhões que foram anunciados anteriormente, que contemplam o período de 2022 até 2026, a soma chega aos R$ 16 bilhões. Além do investimento em tecnologias e atualização de fábricas, a nova ofensiva de produtos inclui dois veículos inéditos a serem produzidos na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).
Na fábrica de São José dos Pinhais (PR) será produzida uma picape inédita, que irá concorrer com Chevrolet Montana e Fiat Toro. A planta Taubaté (SP), que atualmente produz apenas o Polo, fabricará um automóvel inédito, 100% desenvolvido no Brasil. A fábrica de motores, em São Carlos (SP), vai produzir um propulsor para veículos híbridos.
A General Motors, que opera no Brasil com a marca Chevrolet, confirmou R$ 7 bilhões, que serão aplicados de agora até 2028, com foco na mobilidade sustentável. A GM afirmou que o montante será utilizado para: “renovação completa do portfólio de veículos, desenvolvimento de tecnologias inovadoras e customizadas para o mercado local, além da criação de novos negócios. As fábricas também receberão evoluções que as tornarão ainda mais modernas, ágeis e sustentáveis”.
DINHEIRO JAPONÊS
A Toyota, líder global de vendas de automóveis, quer mais espaço no Brasil e para isso anunciou investimento de R$ 11 bilhões até 2030. O aporte ampliará a capacidade de produção de veículos e motores, com a introdução de novos modelos equipados com a pioneira tecnologia híbrida flex.
Desse montante, R$ 5 bilhões já estão confirmados até 2026 e incluem a produção de um SUV compacto híbrido flex, já anunciado no ano passado e com previsão de produção para 2025, além da fabricação de outro modelo com a mesma tecnologia.
A divisão de automóveis da Honda anunciou o investimento de R$ 4,2 bilhões até 2030. A companhia japonesa disse que visa a expansão contínua dos negócios por meio do lançamento de uma exclusiva tecnologia híbrida-flex no país.
Esse aporte também inclui a produção nacional da nova geração do WR-V, modelo que deixou de ser produzido nacionalmente em 2022. O WR-V tem previsão de produção no segundo semestre do ano que vem.
Em novembro do ano passado, a Nissan confirmou que a nova geração do Kicks será um dos dois novos SUVs que, a partir de 2025, passarão a ser produzidos em seu Complexo Industrial em Resende, no Rio de Janeiro. Será um dos resultados do investimento de R$ 2,8 bilhões no Brasil.
A HPE Automotores, representante oficial da Mitsubishi no Brasil, realizou um de seus mais importantes anúncios dos últimos anos, seu plano de investimentos de 4 bilhões de reais até 2032 na fábrica da empresa localizada em Catalão (GO). De acordo com a empresa, o montante será direcionado para diversas adequações na unidade industrial para a produção de novos produtos e tecnologias híbridas flex.
CHINESES EM AÇÃO
A GWM, que comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, interior de SP, está aplicando R$ 10 bilhões no país. Sob direção dos chineses, a unidade fabril vai produzir os primeiros veículos no começo do segundo semestre. O primeiro produto será um SUV.
Aqui na Bahia, a BYD assumiu as instalações que foram da Ford e promete construir novos prédios para a produção de veículos eletrificados. A empresa anunciou inicialmente R$ 3 bilhões e neste ano ampliou para R$ 5,5 bilhões.
Parceira dos chineses da Chery, a empresa brasileira Caoa foi outra que confirmou a injeção de mais dinheiro na operação. São R$ 3,3 bilhões que começaram a ser aplicados há alguns meses.
COREANOS E FRANCESES
A Hyundai investirá R$ 5,5 bilhões na operação brasileira até 2032. O investimento irá financiar o desenvolvimento de novas tecnologias, em particular a de carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde, em convergência com o programa de Mobilidade Verde (Mover), que está sendo implementado para substituir o Rota 20230.
A Renault agregou mais R$ 2 bilhões ao plano inicial, de R$ 3,1 bi. Isso resulta em um total de R$ 5,1 bilhões investidos no país entre 2021 e 2025.