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Antônio Meira Jr.
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 10:54
O transporte de cargas no Brasil é rodoviário. Seja em um extra-pesado, que movimenta dezenas de toneladas, até uma van que faz a entrega final de um item que cruzou o país na carroceria de um caminhão. O retrato de muito do que acontece nesse segmento foi discutido na 24ª edição da Fenatran, Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga, que começou segunda-feira e termina hoje em São Paulo.
Nesta edição, um dos temas mais abordados pelos expositores foi relativo à redução de emissões. São iniciativas que vão desde a avaliação de motores movidos a etanol e biometano, passando por elétricos e até híbridos, como o Meteor Hybrid.
Esse conceito, desenvolvido pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, esse protótipo pode rodar por quilômetros sem recarga utilizando um motor a diesel e um eixo auxiliar elétrico. A solução envolve um conjunto de baterias para armazenamento da energia, inversor para controle eletrônico do motor elétrico e um conjunto de módulos eletrônicos para o gerenciamento do sistema.
Para a Mercedes-Benz, “um dos pilares desse novo ciclo de investimentos será a tecnologia de emissões zero. E aqui, claramente, estamos considerando veículos elétricos a bateria, mas também elétricos a hidrogênio”, revelou Achim Puchert, presidente da filial brasileira.
Para Thiago Braga Ferreira, gerente executivo da Fenatran, essa edição, além de ser a maior de todos os tempos, é a mais focada na utilização de combustíveis alternativos e novas matrizes energéticas. “Sem dúvida, os visitantes que comparecem aos pavilhões têm a oportunidade de ver de perto os esforços de toda a indústria a caminho da transição energética mais sustentável”, comenta.
Fenatran 2024
PROJETO AUTÔNOMO
Entre os belos cavalos-mecânicos que brilhavam nos estandes, um modelo conceitual se destacava, sem cabine, o AT4T, sigla para Autonomous Technology for Transportation, ou Tecnologia Autônoma para Transporte, em português.
Desenvolvido no país pela Randoncorp, esse protótipo tem um sistema que funciona por meio de sensores e tecnologias de navegação. Ele pode ser integrado a praticamente qualquer tipo de veículo, incluindo operações fora de estrada, modelos para uso agrícola e de mineração. Segundo a companhia gaúcha, o AT4T é capaz de realizar manobras em marcha-a-ré e estacionar entre outros veículos com segurança.
MERCADO EM CRESCIMENTO
De acordo com a Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos, as vendas de caminhões somam 103,3 mil unidades entre janeiro e outubro. Esse volume é 16,8% superior ao mesmo período de 2023. O desempenho comercial teve um ápice em outubro, o melhor mês do ano e o melhor outubro desde 2014. As 12,2 mil unidades comercializadas representaram alta de 29% sobre o mesmo período do ano passado e de 6,7% em relação a setembro.
A produção também cresceu: foram fabricados no país 117,4 mil caminhões no acumulado do ano, 42% a mais que a soma de 10 meses do ano passado. Apenas no último mês, saíram das linhas de montagem 14,8 mil caminhões, 41% a mais do que em outubro do ano passado. Já em relação a setembro, a produção foi 12% maior.
Para 2025, as expectativas são otimistas. A Scania, por exemplo, projeta um mercado até 5% maior que o deste ano: “O mercado tem potencial para crescer. As projeções para o PIB e para o agro são positivas e outros mercados estão crescendo”, declarou Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania.
Observando esse crescimento, a Iveco vai investir R$ 510 milhões até 2028 na América Latina para o desenvolvimento de novos produtos para o mercado regional. De acordo com Marcio Querichelli, presidente da companhia na América do Sul, os recursos serão aplicados principalmente em uma oferta de veículos movidos a biocombustíveis e, também, serviços.
*O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA ANFAVEA