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Utilitário tem autonomia para rodar 100 km em modo elétrico. Veja impressões em vídeo
Antônio Meira Jr.
Publicado em 24 de maio de 2024 às 14:30
A BYD está estreando em um segmento inédito, o de picapes médias. A apresentação global do novo modelo, batizado de Shark, ou tubarão na tradução para o português, aconteceu no México, primeiro país a comercializar o veículo.
No mercado mexicano, são duas versões do utilitário com cabine dupla, que custam, na conversão direta, entre R$ 275 mil (GL) e R$ 295 mil (GS). Inicialmente, a paleta de cores é estranhamente bem reduzida: branco, prata e preto.
A Shark está prevista para chegar ao Brasil entre setembro e outubro e, de acordo com Stella Li, vice-presidente executiva e CEO para as Américas da BYD, esse poderá ser um dos três primeiros produtos que a empresa produzirá em Camaçari, na Bahia. Tudo vai depender do resultado das vendas.
MISSÃO COMPLEXA
O último lançamento dessa categoria no Brasil foi a Fiat Titano, em março. No entanto, devido à “operação tartaruga” do Ibama, a picape ainda não foi distribuída para a rede de concessionárias. Dessa forma, a Volkswagen Amarok foi a última a debutar de fato no país, há quase 15 anos. E se o parâmetro for o modelo da VW, a Shark terá uma missão complexa.
Liderado pela Toyota Hilux, que vendeu 15.002 unidades entre janeiro e abril, o segmento tem a Chevrolet S10 (7.852) em segundo lugar e a Ford Ranger (7.435) na terceira posição. Ainda estão na briga Mitsubishi L200 (3.787) e Nissan Frontier (3.483). A Amarok, que será atualizada em agosto, só teve 1.114 unidades emplacadas no primeiro quadrimestre. Ou seja, introduzir uma nova picape média não foi fácil para a VW, que está há sete décadas no Brasil e tem 500 concessionárias.
Outro desafio para BYD é convencer o consumidor a trocar o consolidado e durável propulsor turbo diesel - presente em todos os modelos citados - por um conjunto híbrido plug-in que é encabeçado por um motor 1.5 litro turbo a gasolina (192 cv) e auxiliado por duas máquinas elétricas associados a uma bateria de 29,6 kWh. Lembrando que os propulsores flex, que já fizeram parte do portfólio da Hilux, L200, Ranger e S10, foram expurgados dessa categoria pelo baixo torque e alto consumo.
Essas seis picapes ainda têm em comum a capacidade de carga para pelo menos 1 tonelada. A Shark pode transportar até 835 kg. Isso ocorre pelo peso da picape: 2.665 kg, ou seja, 575 kg a mais que uma Hilux SRX. Esse peso extra é explicado pela bateria, instalada no assoalho, logo abaixo da cabine.
A FORÇA DO TUBARÃO
Seu trunfo é a potência combinada. São 430 cv, o que proporciona aceleração de zero a 100 km/h em apenas 5,7 segundos, a mais rápida da categoria, e com velocidade máxima de 160 km/h, a mais lenta entre todas. O torque do conjunto não foi divulgado, foi informado apenas por eixo: 31,6 kgfm na frente e 34,7 kgfm atrás. Esperava mais sobre a autonomia, que, conforme o método europeu NEDC, é de 840 quilômetros, similar ao de uma picape movida a diesel.
Para completar, a Shark pode rodar até 100 km em modo elétrico, isso possibilita o uso do veículo sem utilizar o motor a combustão. Nesse caso, basta recarregar a bateria em uma fonte de energia. Porém, os dados de consumo ainda precisam ser aferidos pelo Inmetro para o mercado brasileiro.
A engenharia chinesa instalou um motor elétrico no eixo traseiro - há outro no dianteiro - o que propicia a tração integral (AWD). A Shark pode ajustar a distribuição de torque entre as quatro rodas em milissegundos, alinhando-se com o coeficiente de adesão ideal em diversas superfícies. Macia, a Shark tem sistema de suspensão independente do tipo Duplo A na dianteira e na traseira - que não utiliza feixe de molas.
A picape oferece a função vehicle-to-load, quando se transforma em uma "estação de energia móvel", podendo servir como fonte de energia para diversos aparelhos
Fundada na China em 2013, a BYD se destacou ano passado como a empresa que mais comercializou modelos eletrificados no mundo. Nessa conta, entram veículos híbridos, que possuem pelo menos um motor elétrico e puramente movidos por bateria. Porém, nessa última categoria a liderança foi da americana Tesla.
*O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA BYD