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Portal Edicase
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 16:30
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é fundamental reforçar a importância da igualdade de gênero e da inclusão feminina em setores historicamente dominados por homens, como o de tecnologia. Oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970, a data simboliza a contínua luta das mulheres por direitos iguais e melhores condições de trabalho. >
No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população, aproximadamente 104,5 milhões de pessoas, segundo o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, sua participação no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ainda é significativamente menor que a dos homens. >
Conforme o “Relatório de Diversidade de Gênero no Setor de TIC”, publicado pela Brasscom, as mulheres ocupam 39% dos empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), percentual inferior aos 44% registrados no mercado de trabalho geral. >
Essa baixa representatividade reflete desafios estruturais que vão desde a falta de incentivo para que meninas sigam carreiras em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) até barreiras no mercado de trabalho, como desigualdade salarial, escassez de oportunidades de ascensão profissional e ambientes predominantemente masculinos. >
“Embora ainda precisemos lutar, o mercado tecnológico é vasto, e há espaço e oportunidades para todas. A presença feminina tem crescido, e estamos conquistando cada vez mais reconhecimento pelo nosso talento e capacidade de inovação”, diz Juliana Amatte Bizão Temponi, Sales Operation da Keyrus, consultoria global de transformação digital. >
Entretanto, segundo ela, é preciso continuar ocupando esses espaços com confiança, conhecimento e colaboração. “O setor precisa da nossa visão, e quanto mais mulheres estiverem inseridas, mais diversa, criativa e eficiente será a tecnologia do futuro”, afirma. >
Apesar dos desafios, o setor demonstra progresso. O relatório Diversidade de Gênero no setor TIC indica que, nos últimos três anos, a participação feminina cresceu 1,5 ponto percentual acima da masculina, impulsionada por um aumento de 1,8% entre analistas e 2,1% em funções técnicas de TI, P&D e Engenharia. >
Diante desse cenário promissor, diversas organizações estão implementando iniciativas para promover a equidade de gênero no ambiente corporativo. A multinacional Keyrus, por exemplo, implementou a criação de um comitê de diversidade, responsável por identificar e aplicar práticas que garantam um ambiente de trabalho mais equitativo, e a criação de canais de denúncia, como o Speak Up Line, que asseguram a confidencialidade e o tratamento sério de casos de discriminação e assédio. >
Além disso, muitas empresas têm investido na realização de palestras e capacitações para promover debates sobre equidade de gênero e incentivar mudanças culturais dentro das organizações. Programas de contratação voltados para mulheres desenvolvedoras também estão sendo adotados para equilibrar a representação de gênero em áreas técnicas. >
“A diversidade é uma força propulsora de inovação e sucesso. É preciso garantir que cada pessoa, independentemente de gênero, origem ou identidade, tenha as mesmas oportunidades de crescimento e reconhecimento dentro de uma empresa de tecnologia”, afirma a People & Culture Manager da Keyrus, Dineia Vieira. >
As empresas de tecnologia têm um papel fundamental na construção de ambientes inclusivos e acolhedores para as mulheres. Diante desse cenário, as líderes da Keyrus selecionaram algumas dicas e ações importantes que podem ser adotadas. Veja a seguir! >
As empresas devem garantir que seus processos de recrutamento e seleção sejam inclusivos, buscando ativamente atrair mulheres para posições técnicas e de liderança. Isso pode ser feito por meio de parcerias com organizações que incentivam o ingresso de mulheres na tecnologia, bem como por meio de programas específicos de recrutamento feminino. >
Oferecer programas de mentoria e apoio que conectem mulheres com líderes e profissionais mais experientes pode ser uma forma eficaz de proporcionar a elas o suporte necessário para avançar em suas carreiras. A criação de redes de apoio e grupos de afinidade também pode ajudá-las a se sentirem mais seguras e confiantes no ambiente de trabalho. >
Investir em programas de desenvolvimento profissional , como cursos técnicos e de liderança, especificamente direcionados às mulheres, é essencial para ajudá-las a superar possíveis lacunas de habilidades e garantir que tenham as mesmas oportunidades de crescimento que os homens. >
Oferecer condições de trabalho flexíveis, como horários adaptáveis ou a possibilidade de home office, pode ajudar a lidar com os desafios relacionados ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, especialmente para mulheres que podem ter responsabilidades familiares. Empresas que promovem esse tipo de flexibilidade tendem a criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor. >
É fundamental que as empresas criem políticas claras contra assédio e discriminação de gênero, garantindo que qualquer incidente seja tratado com seriedade e que as mulheres se sintam seguras para se expressar e denunciar situações de abuso ou preconceito sem medo de retaliação. >
Promover uma cultura organizacional que celebre a diversidade e a inclusão , em que as mulheres se sintam valorizadas e ouvidas, é essencial. Isso pode ser feito por meio de treinamentos sobre conscientização de gênero, a criação de grupos de discussão sobre diversidade e a implementação de práticas que reforcem a igualdade no dia a dia da empresa. >
Uma pesquisa da FIA Business School revelou que mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil. No entanto, dados específicos sobre liderança feminina no setor de tecnologia ainda são escassos. Para mudar esse cenário, em 2022, foi lançada a Coalizão de Ação sobre Tecnologia e Inovação no Fórum de Igualdade de Geração. A meta é dobrar a participação feminina na tecnologia até 2026, garantindo um papel mais ativo das mulheres na inovação e na solução de desafios globais. >
Ter mulheres em posições de liderança serve como exemplo e inspiração para outras mulheres dentro da empresa. As organizações devem trabalhar para aumentar a representatividade feminina em cargos de liderança, além de assegurar que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento profissional que seus colegas homens. >
Embora a presença feminina na tecnologia esteja crescendo, ainda há muito a ser feito. Investir na formação de meninas em STEM, fortalecer programas de liderança feminina e promover ambientes corporativos mais inclusivos são passos fundamentais para transformar o setor e garantir um futuro mais igualitário. >
“Meu conselho para as jovens que estão em dúvida sobre ingressar no setor, eu diria: ‘venha’. A tecnologia é uma área dinâmica e cheia de oportunidades. Por isso, confiem em vocês mesmas, sejam curiosas, mantenham-se atualizadas e nunca parem de aprender. O mundo precisa de mais mulheres na tecnologia e nos times de dados. A jornada pode ser desafiadora, mas é também uma das mais empoderadoras que você pode escolher”, afirma Marileusa Cortez, Data Governance Manager da Keyrus. >
Dineia Vieira complementa: “A área de tecnologia é extremamente diversificada e oferece oportunidades em várias vertentes, desde o desenvolvimento até a gestão e inovação. O mais importante é ter coragem para aprender, explorar novas habilidades e se envolver em projetos práticos. A tecnologia está em constante evolução, por isso, é essencial se manter atualizada, seja através de cursos, bootcamps ou mentorias. Conecte-se também com outras mulheres e profissionais da área, pois a troca de experiências pode ser enriquecedora e motivadora”, finaliza. >
Por Letícia Carvalho >