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Portal Edicase
Publicado em 9 de abril de 2025 às 17:09
O Campeonato Brasileiro 2025 já começou e, com ele, cresce o número de brasileiros que apostam nos jogos da Série A. O mercado de apostas esportivas tem se expandido rapidamente, mas, com esse crescimento, surgem preocupações sobre os impactos financeiros para os jogadores. >
O estudo “O impacto das apostas esportivas no consumo”, da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, aponta que o volume de apostas no Brasil aumentou 89% ao ano entre 2020 e 2024, com um desembolso estimado entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões somente em 2023. Atualmente, 18 dos 20 clubes têm uma casa de apostas como patrocinadora master , com seus logotipos estampados no centro do uniforme. O Red Bull Bragantino e o Mirassol são as exceções. >
“A facilidade de acesso às plataformas de apostas, combinada com o apelo emocional dos jogos e dos times e a falta de controle financeiro, tem levado muitos brasileiros a gastarem além de suas possibilidades, acumulando dívidas e comprometendo o orçamento familiar”, destaca Adriana de Arruda, psicanalista e planejadora financeira especialista em gestão financeira familiar. >
Apostas podem estimular um comportamento compulsivo, semelhante ao vício em jogos de azar. “A ilusão de ganhos fáceis e a sensação de quase vitória incentivam apostas sucessivas, levando muitos a recorrer a cartões de crédito, empréstimos e cheque especial para continuar jogando”, alerta Adriana de Arruda. >
Segundo a pesquisa “Panorama Político 2024: Apostas esportivas, golpes digitais e endividamento”, do Instituto DataSenado, 42% dos brasileiros que apostam regularmente estão endividados, com contas atrasadas há mais de 90 dias. O levantamento mostra ainda que 20,3 milhões de brasileiros acima de 16 anos já realizaram apostas esportivas, o que representa 13% da população nessa faixa etária. >
O estudo também revela que 32% dos apostadores estão desempregados ou fora da força de trabalho, o que reforça a preocupação de que muitos enxergam as bets como uma alternativa de renda — um erro que pode gerar consequências financeiras graves. >
Para a psicanalista e planejadora financeira, é fundamental que os apostadores tenham consciência dos riscos envolvidos. “As apostas não devem ser encaradas como uma fonte de renda, nem uma forma de investimento . O problema começa quando a pessoa gasta o pouco dinheiro que tem e compromete suas finanças pessoais”, explica. >
O endividamento com apostas não afeta apenas o jogador, mas também sua família. Dívidas escondidas, atrasos no pagamento de contas essenciais e conflitos conjugais são algumas das consequências enfrentadas por quem perde o controle. >
“O problema se agrava quando a pessoa tenta recuperar as perdas apostando valores ainda maiores, acreditando que uma grande vitória está próxima – algo que raramente acontece”, explica Adriana de Arruda. >
Outro ponto de atenção é a influência das bets sobre os jovens. Com a publicidade massiva no futebol e a facilidade de acesso às plataformas digitais, adolescentes e jovens adultos entram nesse universo cedo, muitas vezes sem consciência dos riscos envolvidos. >
Diante desse cenário, o Brasil tem avançado na regulamentação das apostas esportivas, impondo regras mais rígidas para as empresas e aumentando a transparência do setor. Entre as medidas propostas, estão a exigência de licenças para operadoras, ações para coibir fraudes e a destinação de recursos para campanhas de conscientização. >
No entanto, só a regulamentação não basta. Para Adriana de Arruda, a educação financeira é fundamental para evitar que as apostas causem danos financeiros. “É essencial que os jogadores estabeleçam limites de gasto, entendam que ganhos não são garantidos e jamais utilizem dinheiro destinado a necessidades básicas”, orienta a especialista. >
Para aqueles que já têm o hábito de apostar, mas desejam evitar prejuízos financeiros, algumas estratégias podem ser adotadas. Confira! >
O crescimento das apostas esportivas no Brasil é um fenômeno irreversível, mas os apostadores devem estar cientes dos riscos envolvidos e tomar medidas para proteger suas finanças. A conscientização e a educação são as principais ferramentas para evitar que o entretenimento se transforme em um problema financeiro sério. >
Por Letícia Carvalho >