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Millena Marques
Publicado em 15 de agosto de 2023 às 05:00
Pontos de referência da rede hoteleira de Salvador, os prédios dos antigos Pestana e Othon Palace Hotel serão reativados como hotéis, anunciou ontem o prefeito Bruno Reis, durante o lançamento do Calendário oficial de Turismo Esportivo da cidade (ver mais na página 13). Os dois empreendimentos integravam a pequena lista dos cinco estrelas da capital, composta hoje por Catussaba, Deville, Novo Hotel, Fera, Fasano e Wish.
Localizado na Rua da Fonte do Boi, no Rio Vermelho, o Pestana foi o primeiro hotel cinco estrelas de Salvador, inaugurado em 1974, primeiramente com a bandeira Le Méridien. O prédio foi construído sobre as pedras do mar e teve entre seus hóspedes o rei Pelé e a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que puderam contemplar a vista Baía de Todos-os-Santos da suíte presidencial.
O fechamento do Pestana, em janeiro de 2016, foi um baque. O prédio de 23 andares recebia turistas, chefes de estado, atletas e artistas, responsáveis por movimentar o comércio local. A empresária Vânia Luz, 64 anos, sentiu o impacto de cara: redução de 50% nas vendas do restaurante Sabor de Casa, localizado na Praça Brigadeiro Faria Rocha. Com o hotel ativado, o estabelecimento vendia entre 150 e 200 pratos diariamente – número que passou a variar de 80 a 100 após o prédio ser desativado.
“O Rio Vermelho vive de turismo. É preciso que algo seja feito para revitalizar esse bairro e trazer o povo de volta. Fico feliz com a possível reabertura do hotel”, afirmou a empresária, que trabalha no bairro há 20 anos.
Um sentimento de alegria também tomou conta de Israel da Conceição, mais conhecido como Maloca. Morador do Rio Vermelho desde dezembro de 1970, antes da inauguração do Le Méridien, ele enxerga o hotel como uma marca do bairro, e como um equipamento de influência na economia do segmento turístico de toda a cidade. “O fechamento foi terrível. O bairro era muito mais forte com o Méridien. Sentimos essa saudade, essa tristeza”, disse.
Quase três anos após o fechamento do Pestana, o Othon Palace Hotel foi desativado. Era um domingo quando funcionários e hóspedes se despediram do empreendimento imponente na orla de Ondina. Fundado em 1975, o prédio funcionou na Avenida Oceânica por 43 anos e, em uma de suas últimas reformas, implantou um centro de convenções com capacidade para 2,5 mil pessoas.
O chaveiro Samuel Oliveira, 37 anos, prestava serviço para muitos hóspedes. Em muitas ocasiões, turistas recorriam a ele para resgatar as chaves do carro. De acordo com o chaveiro, o serviço foi reduzido em 20% após o fechamento do hotel. “Depois que o hotel foi desativado, os turistas pararam de circular. Esse hotel era muito movimentado”, pontuou Samuel.
A reportagem entrou em contato com as secretarias municipais de Turismo (Secult) e de Desenvolvimento, Emprego e Renda (Semdec). No entanto, nenhuma informação sobre o andamento das negociações e a previsão de entrega do projeto foi obtida.
O prefeito Bruno Reis informou que o grupo Moura Dubeux, o mesmo comprador do Pestana, comprou o prédio do Othon Palace. “Vamos ampliar nossa oferta de leitos, para atender essa demanda que aumenta cada vez mais”, explicou.
Surpreendido, o secretário de Turismo do estado, Maurício Bacellar, disse que a reabertura dos hotéis é uma “notícia alvissareira e está de braços abertos, naquilo que compete ao estado, para apoiar o projeto”.
Glamour
O fechamento dos dois hotéis impactou diretamente a movimentação de turistas na cidade. Os espaços eram palcos de eventos e congressos importantes, como apontou o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (Abav-BA), Jorge Pinto. “Caso aconteça o retorno, teremos o reforço no aumento de hospedagem, o retorno do glamour que eles [Méridien/Pestana e Othon Palace] deixaram como marca para a nossa economia e segmento turístico”.
De acordo com Sérgio, o funcionamento dos dois prédios faz uma falta extrema ao setor. Questionado sobre a movimentação das agências antes e depois o fechamento dos empreendimentos, o vice-presidente da Abav afirmou que não possui dados desse período.
O CORREIO contactou a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Bahia (Abrasel-BA) para repercutir o anúncio do prefeito, , mas não conseguiu respostas até o fechamento da edição.
com orientação da subeditora Monique Lôbo