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Daniela Leone
Publicado em 10 de junho de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
“Tenho certeza absoluta que eu vou para a final”, avisa o único representante da Bahia que segue no desafio Open de Judô Funcional Veteranos. Acácio Guimarães tem 53 anos, luta desde os 10 e pela primeira vez está disputando uma competição de artes marciais através da internet.
“Tem sido uma terapia para mim. Apesar da distância, a internet acaba aproximando. A gente revê os amigos, bate papo, sente o calor humano nas conversas pós-competição”, pontua o atleta, que disputa na classe de 50 a 54 anos. Organizado pela Coordenação Nacional de Veteranos, com o apoio das equipes e associações estaduais, a competição tem o objetivo de movimentar o esporte durante a pandemia de coronavírus.
O torneio começou no dia 1º de junho, com 188 atletas, de idades entre 30 e 79 anos, representantes de 23 estados brasileiros. Com tatames montados na própria casa ou em locais privados de treinamento, cada competidor executa separadamente uma sequência de atividades pré-estipuladas e apresentadas a eles com dois dias de antecedência. Elas incluem técnicas de judô que simulam golpes no adversário, além de exercícios de ginástica, a exemplo de agachamento, polichinelo e flexão.
Dois judocas disputam cinco rounds, cada um com duração de três a quatro minutos. O atleta com melhor desempenho em três deles avança de fase. Os duelos são acompanhados à distância por um mediador e dois juízes, que contabilizam exercícios feitos corretamente, grau de flexão da perna e posicionamento. São 10 classes masculinas e femininas, separadas por faixa etária. Cada estado só pode ter um representante em cada uma delas e não há divisão por peso.
A participação dos atletas é feita através de aplicativos de videoconferência e todas as lutas estão sendo transmitidas ao vivo, através do YouTube, no canal Judô Veteranos Brasil.“A grande importância é unir as pessoas, motivá-las a superar esse momento e a praticar atividade física. Esse é o grande objetivo do evento, movimentar uma comunidade que vive em torno do esporte”, afirma Bruno Maia, um dos coordenadores do torneio e diretor da Sport for Kids, empresa baiana responsável pela transmissão do evento.As semifinais masculinas e femininas começam a ser disputadas nesta quarta-feira (10), a partir das 9h. Apesar de ter nascido em São Paulo, Acácio mora em Vitória da Conquista desde os três anos de idade e representa a Bahia na competição. Heptacampeão brasileiro de judô veterano, ele lutará às 20h30, contra o mineiro Fábio Teixeira. As finais acontecem sábado (13) e domingo (14), também a partir das 9h. Judocas utilizam plataforma online para a competição Além de Acácio, outros três baianos paticiparam do Open de Judô Funcional Veteranos, mas já foram eliminados da competição. Emerson Reis, de Ribeira do Pombal, James Menezes, de Irecê, e Manoel Roberto de Souza, que nasceu em Itabuna, mas mora em Salvador. “Eu achei a ideia maravilhosa. Já imaginou um vírus pior do que esse? Temos que criar novos modelos de práticas. Foi uma adrenalina. Quando você começa a participar de competição, cria de novo a vontade de treinar”, afirmou Manoel, 61 anos.
Ele foi eliminado nas quartas de final pelo carioca Francisco Maciel. Primeiro colocado no ranking nacional de judô veterano na categoria meio médio (até 81 kg), o atleta garante não ter se incomodado com a derrota.
“Isso não tirou o meu brilho. O objetivo não é só vencer, mas também levar a imagem de exemplo para as pessoas mais jovens. Olha o exemplo que nós estamos dando como atletas, mostrando que a pratica esportiva é importantíssima daqui para frente. A economia do mundo não pode caminhar sem saúde e o judô está saindo na frente, mostrando a importância da pratica esportiva, de motivar as pessoas. O coronavírus pegou todo mundo de calça curta. A gente não sabe o que vem aí pra frente. Nossas grandes fortunas são energia e saúde”, frisou.