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Gabriel Galo
Publicado em 11 de agosto de 2019 às 12:15
- Atualizado há 2 anos
Salvador, 10 de agosto de 2019
Rodada 15 de 38
O óbvio ululante
Dentre as muitas possíveis, há uma situação particularmente angustiante, que causa úlcera e são um torno especializado no aperto de mentes. Provoca desespero e suadouro. Faz a gente se sentir com um pé na loucura. É falar o óbvio e mesmo assim não ser compreendido.
Assim ficou quase a totalidade da torcida rubro-negra durante a breve e esquecível jornada de Osmar Loss como técnico do Vitória.
Era tão notório, tão evidente, tão inconteste. Não havia como dar certo.
Mas insistiu-se.
O time não jogava, não melhorava, não encaixava.
Mas saía-se distribuindo impropérios, “vê, mas não enxerga”, atacando a todos que tivessem olhos.
Até que a última derrota para o Brasil foi demais até para os cegos, até para os defensores de causa própria, até para os que não aceitam ser refutados com fatos, afinal, pra quê servem diante de tão enraizadas convicções?
Depois do adeus, Amadeu
Despedida de uns, chegada de outros.
Num período carente de identificação, de gente que ‘veste a camisa’, o novo técnico rubro-negro não poderia ser mais Vitória. Conhecedor dos atalhos da Toca, sabedor de como a banda toca e como o leão ruge, Carlos Amadeu, de trabalho brilhante na base, saiu para ganhar o mundo no Sub-20 da CBF.
O Vitória, então, era outro. Desde sua promoção, são 3 presidentes, uma quantidade maior de colegas técnicos do que o que se recomenda o bom senso, um grupo de jogadores praticamente novo.
Mas sua assinatura está ali. O trabalho, tanto dele quanto de Wesley Carvalho, se perpetua na base que não esmorece e continua gerando valores.
Amadeu é Vitória. Amadeu tem currículo. Amadeu é o nome certo para a recuperação do Vitória nesta até agora lamuriosa Série B.
Evolução é vencer
Ah, o Barradão.
Ah, essa tal evolução.
Mergulhado no buraco do Z4 da Série B, nenhum resultado mais interessa ao Vitória que somar 3 pontos por jogo. Ou seja: vale vencer. De qualquer jeito. Feio ou bonito, merecido ou não, só vale a vitória.
E o primeiro passo de Amadeu foi na medida.
O futebol de antes, além de não vencer, não empolgava. A diferença com Amadeu foi, justamente, vencer.
E, talvez, tenha se instaurado uma nova mentalidade no grupo. Uma gana de vencer, de brigar pela glória.
A tal ponto que Baraka e Everton Sena se envolveram em intenso bate-boca quando este último deu uma pixotada que quase gera problemas. O voltante pagou geral, foi retribuído na mesma intensidade. Cenário de que ali não se aceita mais o erro de maneira passiva, com tudo bem, mão na cabeça, calma, coleguinha.
O esquema parece ser outro.
De cara, Jordy Caicedo, em sua primeira partida como titular, sapecou o seu gol para inaugurar uma história que promete imponente. Na sequência, Wesley, tomara, tirou a zica e pode voltar no tempo àquele Wesley da estreia que encheu os olhos, mas que depois virou decepção.
A fase não aceita ilações de pretensas melhorias táticas. A fase exige uma única possibilidade: vencer.
É vencendo que se escreve um novo capítulo nesta Série B. É vencendo que o Barradão volta a ser o maior centroavante da história do clube. É vencendo que a torcida volta a gritar e a encher as arquibancadas. É vencendo que os adversários temem aquele que faz da Série A a sua divisão de direito. É vencendo que o orgulho retorna e vira um querer mais, um poder mais.
Evolução é vencer.
Gabriel Galo é escritor. Texto publicado originalmente no site Papo de Galo e reproduzido com autorização do autor. A opinião do autor não necessariamente reflete a do jornal.