Sulivã Bispo volta aos palcos com peça Koanza – Do Senegal ao Curuzu

Nova temporada é celebração ao sucesso da personagem; apresentações começam neste sábado (17) no Teatro Sesi Rio Vermelho

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  • Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2022 às 15:10

. Crédito: Fernanda Maia/divulgação

Sucesso de público nas redes sociais e nos palcos, Koanza volta ao teatro em nova temporada a partir deste fim de semana, sábado (17) e domingo (18), no Teatro Sesi Rio Vermelho. O retorno após intervalo de apenas um mês e meio acontece a pedidos e durante três finais de semanas. O espetáculo Koanza – Do Senegal ao Curuzu, encenado por Sulivã Bispo, realiza sessões ainda nos dias 24 (sábado) e 25 (domingo) e 30 (sexta-feira) e 1º de outubro (sábado), sempre às 20h. Ingressos: R$ 30 | R$ 15. Vendas no Sympla.

O ator baiano Sulivã Bispo, que criou e dá vida a Koanza, adianta que o roteiro da nova temporada traz novidades e vem embalado por fofocas e reflexões acerca de acontecimentos recentes, e sobretudo pelo clima de proximidade das eleições presidenciais.“Fazer Koanza nesse ano político é muito importante porque é um espetáculo que fala do futuro, do futuro que a gente está construindo, que tem a ver com o que a gente faz com a floresta amazônica, com os nossos, com o racismo, com a representatividade nas políticas sociais... Tudo que estamos discutindo vai estar no espetáculo, ele se renova a cada temporada”, diz ele, que interpreta também Mainha no cletivo Na Rédea Curta.Veja o convite de Koanza para o espetáculo:

Sulivã lembra do receio que tinha de levar personagem, nascida no Instagram, ao teatro e sorri ao comentar sobre as três sessões extras que foram abertas diante da procura do público na temporada de estreia: “Encarei a estreia de Koanza como um risco embalado num sonho de conscientizar, de fazer humor consciente, que fale bem da gente, que conte a nossa verdadeira história. Quando eu faço Koanza, estou descortinando o preconceito, militando, enegrecendo cada vez mais a minha arte. Temos um riso, mas temos a reflexão também. Você ri e se pergunta, era pra eu ter rido disso?”.Senhora riquíssima nascida no Senegal, bem-sucedida no comércio de jóias e tecidos senegaleses para a diáspora negra, makota (cargo feminino de grande valor no Candomblé), sofisticada e moradora do Corredor da Vitória, em Salvador, Koanza (nome de um rio angolano e da moeda de Angola) é uma mulher de saberes ancestrais, chique e consciente do mundo desigual em que vivemos, comprometida com um papel ativo na reafricanização das lutas antirracistas na diáspora negra, que ela refina com empenho, elegância e humor.“Quando estava construindo o personagem, queria fazer de Koanza uma senhora muito elegante, capaz de discutir o racismo sem descer do salto, com retidão, força e também encanto, e ela é assim, tem uma fineza e uma classe que incomodam, e minha inspiração para criá-la veio de muitas mulheres negras empoderadas. Uma delas é minha tia Arany Santana, principal referência para esse personagem, mas Koanza também se inspira em Elza Soares, Ruth de Souza, Jovelina Pérola Negra, Maíra Azevedo, Michelle Obama, Oprah Winfrey, Rita Batista, Maju Coutinho, Aline Midlej e tantas e tantas outras”, conta Sulivã.Com Koanza hoje presente na internet, no audiovisual, no teatro e em outros meios midiáticos, o ator revela que se pega surpreso com o que a personagem se tornou.“Ela denuncia o racismo que sofro cotidianamente, e ela traz uma força que eu digo que eu não sei se tenho, porque sou muito sensível, e ela trata as questões de uma forma muito didática e poética, e às vezes fala umas coisas difíceis que eu não sei o que ela está falando... E aí eu fico brincando se ela seria uma entidade ou o meu alter ego, mas a realidade é que eu admiro muito Koanza, ela é uma referência, como tantas mulheres que me cercam, que me moldam e me ensinam muito”, pondera Sulivã.No espetáculo, a personagem de volta à Bahia, após um tempo morando na África, com a missão de combater o crescente domínio do cristianismo dos discursos que se voltam contra os cultos de matriz afro-brasileira. Ao chegar, ela encontra o Brasil imerso em um turbulento processo político e racial, tendo à frente um presidente evangélico. É quando ela se vê desafiada a salvar o Curuzu das mãos da opressão religiosa e política, e encontra muitas dificuldades para tal missão. Diante dessa encruzilhada, surge um espetáculo cômico.

SERVIÇO: Koanza: do Senegal ao Curuzu | Teatro Sesi Rio Vermelho, 17,18, 24, 25 e 30 de setembro e 1º de outubro, às 20h | Ingressos: R$ 30 / R$15, à venda no Sympla.