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Imóvel datado de 1917 vai abrigar um centro gastronômico e deve abrir as portas do primeiro piso no próximo verão
Ronaldo Jacobina
Publicado em 5 de março de 2023 às 16:00
- Atualizado há um ano
Desde julho do ano passado quando o Palacete Tira-Chapéu abriu as portas pela primeira vez para apresentar a primeira fase do processo de restauro, diversas frentes de trabalho avançaram, a exemplo da pintura e restauro das fachadas e telhado; reforma dos pisos de madeira; estruturação (estabilização da estrutura física do imóvel) e estanqueidade do edifício, que, não está mais sujeito a inundações pela chuva, um dos fatores que mais comprometeram o prédio enquanto esteve fechado.
O imóvel, que deve ser sede de um grande Centro Gastronômico pertencente ao grupo Fera Investimentos - o mesmo que opera o Fera Palace Hotel na Rua Chile - ainda não tem data para abrir as portas. O Tira-Chapéu voltou a receber visitantes para apresentar a conclusão da Etapa I da restauração do prédio, com uma exposição de fotos, painéis e objetos históricos.
A mostra fica aberta até o dia 13 e apresenta detalhes e curiosidades do restauro, bem como resgata a história do Palacete e do Centro Histórico por meio de imagens e textos. Com funcionamento de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h, também pode ser visitado aos sábados, das 9h às 12h, com entrada franca.
Porta secular já foi restaurada O trabalho de recuperação pode ser conferido não apenas com peças e objetos expostos no formato antes e depois; como na própria estrutura do imóvel, que já pode ser constatado in loco. Para testar a integridade do prédio, a equipe responsável pelo restauro vem realizando diversas ações no local com como workshops, palestras e eventos festivos, como no pré-carnaval.
Nesta etapa a estrutura física do imóvel, datado de 1917, foi totalmente recuperada e está pronto para iniciar a fase seguinte que compreende a restauração artística. Um trabalho ainda mais delicado, segundo Wolney Unes, coordenador de restauro da Elysium Sociedade Cultural, empresa que executou toda a primeira etapa, com apoio do Grupo Elo, e patrocina as obras por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Recuperação total do telhado garantiram a estanqueidade do imóvel O inicio desta segunda fase ainda não foi definida pelos empreendedores, mas segundo Antônio Mazzafera, a expectativa é que os trabalhos sejam retomados nos próximos três meses. “Estamos fechando o restante dos investimentos e acredito que é em até 90 dias isso esteja resolvido e possamos dar inicio à segunda fase do projeto”, diz.
Tão logo seja dado o start, é possível concluir esta etapa seguinte em até 11 meses, segundo afirma o coordenador de restauro. “Serão necessárias quatro frentes de trabalho que compreendem as áreas de pintura, madeiras, vitrais e forros, que podem trabalhar simultaneamente”, explica.
O resgate de um patrimônio artístico e cultural como o Palacete Tira-Chapéu é mais do que a recuperação da edificação em si, mas também a reconstituição de sua relevância para a sociedade.
O objetivo do plano de restauro é, resguardando todos os potenciais artísticos e arquitetônicos remanescentes, assegurar que o edifício se mantenha em funcionamento como mais uma oferta de arte e cultura em Salvador. Peças que compõem a escadaria foram refeitas E é isso o que os investidores se propõem a fazer. A ideia, segundo já adiantou Antônio Mazzafera, da Fera Investimentos, é criar ali um Centro Gastronômico com vários restaurantes e similares, que, caso o cronograma seja obedecido, deverá começar a operar ainda este ano. “Nossa expectativa é que no próximo verão já estejamos com o andar térreo em funcionamento”, acrescenta Mazzafera. Balaustrada foi refeita e já colocada no lugar Sobre o Palacete Tira-ChapéuO projeto do Palacete é de autoria do arquiteto italiano Rossi Baptista, e se tornou uma das mais emblemáticas obras do autor em Salvador. Inaugurado em 1917, o edifício foi sede da Associação dos Empregados no Comércio da Bahia, fundada em 1900, e teve uso exclusivamente comercial e administrativo. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC-BA), o palacete é um dos poucos remanescentes do estilo eclético em Salvador, com adornos que podem ser identificados desde a arquitetura barroca até o estilo clássico. Na composição da sua fachada, por exemplo, há colunas com fustes canelados e capitéis coríntios, atlantes e esquadrias que formam uma composição bem marcada e ordenada. No interior do edifício, as misturas de referências arquitetônicas são evidenciadas nos pilares, pisos, disposição e forma das escadas, e nos elementos decorativos em estuque nos forros e coroamento das paredes.