Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

Mostra Ecofalante de Cinema debate questões socioambientais

Programação gratuita reúne 12 filmes de 5 a 11, na Sala Walter da Silveira

  • Foto do(a) author(a) Laura Fernades
  • Laura Fernades

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação

Poluição dos oceanos, excesso de lixo eletrônico no mundo, disputa pela água potável, exploração desenfreada dos recursos naturais e ameaças climáticas. Não faltam motivos para pensar sobre a qualidade de vida e a Mostra Ecofalante de Cinema usa o entretenimento para tornar o debate  atraente. Pela primeira vez em Salvador, o evento sul-americano começa quinta-feira (5) e segue até dia 11, na Sala Walter da Silveira, com a exibição gratuita de 12 filmes de diversos países, com temáticas socioambientais urgentes.

“A mostra, na verdade, é uma plataforma de informação e conhecimento para, através do audiovisual, debater os temas contemporâneos. O mote principal é discutir a relação do homem com o meio-ambiente e dentro dessa relação, a gente tem coisas da nossa sociedade que são complicadíssimas e que dizem respeito à nossa própria saúde e bem-estar”, explica o economista e produtor de cinema Chico Guariba, 56 anos, diretor da mostra que está na oitava edição.

Para alimentar a discussão, a programação inclui debates depois dos filmes. O primeiro deles acontece na quinta, às 18h30, com participação do biólogo e professor do Instituto de Biologia da Ufba, Eduardo Mendes da Silva, 66. Logo após a exibição do documentário O Custo do Transporte Global (2016), do diretor francês Denis Delestrac, Eduardo ultrapassa a questão do derramamento de óleo e fala, principalmente, sobre como o ser humano está gastando excessivamente os recursos naturais e o impacto disso no meio-ambiente. O Custo do Transporte Global está na Mostra Ecofalante (Foto: Divulgação) “Há um aumento impositivo por parte do mercado para consumirmos coisas que não precisamos. Por isso, temos tantas embarcações e voos aéreos para troca de mercadorias. Usamos recursos naturais de forma desnecessária, exportamos água porque gastamos água, exportamos solo, porque gastamos solo, quando o ideal é utilizarmos nossos recursos”, explica Eduardo, também professor do programa de pós-graduação em Ecologia. “Quanto mais a gente alarga a cadeia produtiva, mais perda nós temos”, alerta.

Guerra O filme A Idade da Água, por exemplo, do cineasta baiano Orlando Senna, 79, considera a possibilidade de uma futura guerra da água por conta da falta de água potável em vários pontos do planeta e do acesso humano a uma quantidade restrita. “A água potável no mundo é apenas 1% do líquido de água que existe, com problemas de distribuição e poluição. É sobre isso o filme, sobre essa cobiça internacional focada na Amazônia”, explica Senna.

Gravado no estado do Amazonas, na região  conhecida como Cabeça do Cachorro, o documentário A Idade da Água faz um alerta para o interesse do mercado internacional pela Amazônia, que concentra 20% da água potável do mundo. Depoimentos de anônimos e famosos como a cantora Gaby Amarantos e a atriz Dira Paes mostram a importância do reservatório natural de água doce também conhecido como pulmão do mundo.“Estamos vivendo um momento climático de muita tensão. Não é uma questão política, é uma questão que faz parte da crise civilizatória que o mundo vive”, defende Senna.“Devemos tomar atitudes diante desse cenário, que não seja algo apenas relacionado a autoridades, governos e economia. Que seja uma campanha de todas as pessoas”, completa o diretor.

É esse tipo de provocação que a Mostra Ecofalante busca, reforça o diretor do evento, que inclui filmes sobre a “uberização” do trabalho, os trabalhadores rurais nos EUA e o lixo eletrônico em Gana. “Você assiste a um filme, fica emocionado, vê a dimensão do problema e participa do debate. É uma forma bacana de simular a cidadania”, acredita Chico Guariba. “O cinema tem essa magia. Permite uma imersão no tema”, completa o diretor.

Professor que dá o pontapé no debate, no primeiro dia do evento, Eduardo acrescenta que bem-estar, hoje, não pode estar dissociado da natureza. “Natureza e bem-estar caminham juntos. A paisagem de florestas, os bosques, a área verde nos enternece, isso é fundamental”, explica o biólogo, enquanto lembra que vê, hoje, muitas pessoas voltando à vida no campo por ser “mais fácil e prazerosa”.

“Mas não é porque a natureza é bonitinha: ela nos fornece tudo o que a gente precisa. O ser humano tem a natureza como seu melhor parceiro, mas por ignorância, por conta da abundância e da questão econômica passa a utilizá- la de forma desequilibrada”, critica. “A natureza é a nossa maior parceira para o bem-estar”, reitera. Evento gratuito debate a ‘uberização’ do trabalho Os motociclistas que correm com suas entregas e os motoristas de aplicativo que fazem longas jornadas de trabalho são personagens cada vez mais presentes nos centros urbanos. Por isso, a 8ª Mostra Ecofalante de Cinema promove um debate sobre o crescimento do trabalho mediado por plataformas digitais no mundo todo.

O evento gratuito, chamado de O Fenômeno da Uberização, acontece na sexta- feira, às 18h, na Sala Walter da Silveira, após a exibição, às 17h, do documentário GIG - A Uberização do Trabalho, de Carlos Juliano Barros, Caue Angeli & Maurício Monteiro Filho. O debate tem participação do sociólogo e professor da UFRB Bruno Durães, 39, e da professora de sociologia da Ufba Graça Druck, 66, pesquisadora da temática trabalho.“Trabalhar jornadas de 12 a 15 horas por dia, de domingo a domingo, expostos a riscos de acidentes e assaltos, sem nenhuma proteção social e trabalhista, para ganhar muitas vezes menos do que um salário mínimo, caso dos que trabalham como entregadores (ciclistas e motoboys), não pode fazer bem aos indivíduos”, alerta a professora Graça.A socióloga destaca, ainda, que a situação “não é uma escolha, mas a alternativa que sobra ao desemprego, que atinge hoje por volta de 12 milhões de trabalhadores no Brasil”. Por isso, no evento, vai falar sobre como as tecnologias de informação, “em sintonia com as reformas trabalhistas, retiram direitos duramente conquistados pelos trabalhadores, criando uma situação de permanente vulnerabilidade socioeconômica”.

“Nem tudo são flores nesse mar de tecnologia”, ressalta Bruno Durães. “Existem mais coisas que não estão sendo ditas nessa lógica de trabalho. Existem pessoas que estão sendo humilhadas, destruídas fisicamente, tendo vidas ceifadas por causa da precariedade do trabalho”, alerta. “Então, a gente quer fazer essa crítica, inclusive para alertar a sociedade e chamar a responsabilidade do estado e das próprias empresas para esse processo de destruição social do trabalho”, explica.

Programação da Mostra Ecofalante de Cinema

Ebola: Sobreviventes  (EUA, 2018, 83’), de Arthur Pratt. Explora como a epidemia de ebola devastou famílias e mostra os desentendimentos entre ONGs internacionais e comunidades que elas atendem, além de desvelar tensões políticas latentes da longa e recente Guerra Civil no país que ainda perduram.Dia 5 (15h)

O Custo do Transporte Global  (Espanha/França, 2016, 83'), de Denis Delestrac. Noventa por cento dos bens consumidos pelos seres humanos são fabricados em terras distantes e levados até os consumidores por meio dos navios. O filme propõe uma investigação sobre o funcionamento e a regulamentação dessa indústria.Dia 5(17h) Exibição do filme Dia 5 (18h30) Debate com Eduardo Mendes da Silva

GIG - A Uberização do Trabalho   (Brasil, 2019, 60’), de Carlos Juliano Barros, Caue Angeli & Maurício Monteiro Filho. O avanço do chamado 'Gig Economy', fenômeno conhecido no Brasil por 'uberização', vem despertando debates sobre a precarização e a intensificação do trabalho numa sociedade cada dia mais conectada com as plataformas digitais.Dia 6(17) Exibição do filme Dia 6 (18h) Debate com Graça Druck e Bruno Durães

A Verdade sobre Robôs Assassinos  (EUA, 2018, 82’), de Maxim Pozdorovkin. Incidentes em que robôs causaram a morte de humanos – desde uma fábrica da Volkswagen na Alemanha até um dróide policial em Dallas – mostram a automação global e suas consequências. A ameaça que os robôs representam para a humanidade é central no filme.Dia 6 (15h)

Idade da Água  (Brasil, 2018, 82’), de Orlando Senna. Aborda a falta de água no planeta e a cobiça internacio- nal pela Amazônia, maior reservatório de água doce do mundo. Além de concentrar 20% da água potável, a região tem maior possibilidade de manter seus mananciais nas próximas décadas.Dia 7 (15h)

O Suplício: Vozes de Chernobyl  (Luxemburgo/ Áustria, 2015, 87'), de Pol Cruchten. Baseado no vencedor do Prêmio Nobel de Literatura (2015), ‘Vozes de Tchernóbil - A História Oral do desastre nuclear’, de Svetlana Alexievich, filme aborda o mundo de Chernobyl a partir de testemunhas oculares que falam de suas vidas antes e depois da tragédia.Dia 7 (17h)

Superalimentos   (Canadá, 2018, 70’), de Ann Shin. Explora fatos e mitos por trás dos alimentos com propriedades nutricionais extraordinárias. Revela o efeito dessa indústria nas famílias de agri- cultores e pescadores mundo afora e os problemas gerados pela globalização, incluindo efeitos imprevistos na saúde.Dia 9  (15h)

Golpe Corporativo  (Canadá/EUA, 2018, 90’), de Fred Peabody. Narra a história por trás do “golpe corporativo” que se deu muito antes das últimas eleições nos EUA. O filme defende que tal golpe seria a origem de muitos dos problemas da democracia atual, controlada por lobistas e pelo corporativismo.Dia 9 (17h)

Está Tudo Bem   (Venezuela/Alemanha, 2018, 70’), de Tuki Jencquel. A falta de medicamentos que está no centro da crise do sistema de saúde da Venezuela é mostrada a partir da história de uma dona de farmácia, um jovem cirurgião, um ativista social e duas pessoas com câncer. Eles buscam até na internet caixas que sobraram de pacientes mortos.Dia 10 (15h)

Dolores  (EUA, 2017, 95'), de Peter Bratt. Conta a história de uma vida dedicada à mudança social: a de Dolores Huerta, expressiva, embora pouco conhecida, ativista dos Estados Unidos. Co-fundadora da Farm Workers Union, Huerta contribuiu para a luta por direitos trabalhistas, igualdade racial e paridade de gênero.Dia 10  (17h)

Bem-Vindo a Sodoma  (Áustria, Gana, 2018, 92’),  de Florian Weigensamer, Christian Krönes. Agbogloshie, em Gana, é um dos lugares mais contaminados do planeta: é o maior depósito ilegal de lixo eletrônico do mundo. Cerca de seis mil mulheres, homens e crianças vivem e trabalham no local chamado de Sodoma.Dia 11  (17h)

A História do Porco (em Nós)  (Bélgica, 2017, 120’), de Jan Vromman. Apresenta uma jornada centrada no porco, animal que causa repulsa e desejo. Vai da pré-história aos tempos presentes, de laboratórios a museus, de matadouros a fazendas orgânicas. Mostra o que o homem faz com os animais e, em última instância, com o mundo.Dia 11  (17h)