Jackson Costa celebra 100ª edição de podcast de entrevistas

Pode.com recebe Lorena Bispo no programa comemorativo. Ator já recebeu convidados como CArlinhos Brown, Fernando Guerreiro e Breno da Matta, que vive o pastor Livio

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Publicado em 19 de julho de 2024 às 06:00

Jackson Costa no estúdio
Jackson Costa no estúdio Crédito: divulgação

O baiano Jackson Costa tem uma longa carreira como ator e é muito conhecido por sua participação em novelas como Renascer (primeira versão) e Pedra Sobre Pedra, além de peças de teatro como Los Catedrásticos e Vixe, Maria! Deus e o Diabo na Bahia. Mas Jackson, que está com 58 anos, também já foi radialista, ainda quando morava em Itabuna, sua cidade natal. A experiência começou por acaso, quando foi acompanhar um amigo que ia fazer um teste para locução.

“O locutor que organizava os testes deixou uma ficha de inscrição na minha mesa, mas eu estava ali só pra acompanhar meu amigo. Resolvi preencher e fiz o teste”, lembra o ator. Mesmo sem se prearar, teve um bom desempenho e acabou selecionado. O amigo, que tinha o sonho de ser radialista, não foi aprovado. Jackson acabou sendo locutor da Morena FM por cerca de nove meses, entre 1987 e 1988.

Cerca de 35 anos depois, já consagrado como ator, Jackson voltou aos estúdios e, de alguma maneira, reviveu sua experiência no rádio: tornou-se apresentador de um podcast de entrevistas, o Pode.com, que estreou em março de 2022 no YouTube e nas plataformas de áudio. Ontem, o programa chegou a uma importante marca, com a estreia do centésimo episódio, que tem a influenciadora baiana Lorena Bispo como convidada. Lorena é também escritora e rainha do Malê Debalê.

Nestes dois anos de podcast, Jackson já conversou com muitos artistas, como Fernando Guerreiro, Margareth Menezes - no primeiro episódio -, Carlinhos Brown e Walmir Lima. Mas não são apenas personalidades da cultura que ele recebe, tanto que já conversou com o cirurgião plástico José Carlos Dantas, o jornalista Raoni Oliveira e a Major Flávia Barreto. “Claro que me empolga mais quando é alguém da cultura, fica mais fácil para mim. Mas não é para puxar a brasa para a minha sardinha: é porque entendo que uma pessoa da cultura, se exerce seu ofício como deve ser, pode iluminar pessoas de diversas áreas”.

Para realizar as entrevistas, Jackson diz que não costuma preparar um roteiro. “Diria que, dos cem episódios que fiz, em 90 deles eu parto de uma pergunta inicial e, a partir dela, faço as perguntas seguintes. E nessa primeira, eu pergunto ao convidado quem ele é, desde sua mais remota lembrança, dos vizinhos, do bairro onde cresceu”. E Jackson diz que uma das razões para não ter perguntas prontas é que, se as tiver, vai precisar olhar para baixo para consultá-las. “E, se fizer isso, perco a conexão com a pessoa, com o ‘olho no olho’”.

Voz aos negros

Jackson destaca a presença constante de convidados negros no podcast, mas assegura que isso não foi premeditado: “Naturalmente, estamos dando voz ao povo preto, afinal estamos em Salvador, que tem 80% de sua população preta”. Essa representatividade negra em seu programa, segundo Jackson, tem uma explicação: “Essa consciência que eu tenho da importância do povo preto vem da convivência com Mário Gusmão. Isso é fruto dele. Quando eu faço, não sou eu: É Mário Gusmão”, diz muito emocionado, sem conter o choro. Jackson estudou teatro com Gusmão em Itabuna antes de vir para Salvador, no final dos anos 1980.

Entre os entrevistados recentes, está o ator Breno da Matta, que vive o pastor Livio na versão atual de Renascer. O encontro com o colega foi especial para Jackson, afinal ele havia interpretado na versão original da novela o padre que inspirou o personagem atual de Breno. Os dois atores haviam se conhecido no Rio de Janeiro, quando Jackson estava em cartaz com Viva o Povo Brasileiro no teatro. “Breno foi ver a peça e nos encontramos depois. Achei muito legal ele me procurar pra ‘pedir licença’ para viver o pastor. Mas ele não dependia de mim!”.

Jackson diz que estranhou inicialmente o fato de Livio agora ser um pastor evangélico, em vez de padre da igreja católica, como ocorria na versão antiga. Mas quando Breno reproduziu para ele algumas de suas falas, gostou do que viu: “Os pastores, com exceção de alguns, não têm o papel social que alguns padres da igreja católica têm, como é hoje Júlio Lancellotti em São Paulo. Mas quando Breno me apresentou algumas falas, antes mesmo de a novela estrear, passei a admirar o personagem”.

Embora esteja afastado da TV, Jackson diz que nunca decidiu abandonar este veículo - ainda que não tenha um televisor em casa há 15 anos. “Acontece que quando eu termino um trabalho na televisão, eu costumo voltar para Salvador. Talvez alguns diretores entendam isso como uma falta de desejo meu de seguir na TV. Mas não é isso”. Além disso, faz questão de permanecer em Salvador para desfrutar da cultura da cidade: “Quando terminei de fazer Renascer, não tinha vivenciado a cultura soteropolitana, que é tão vasta. Não tinha vivenciado muito isso e não quis abrir mão”.