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Roberto Midlej
Publicado em 11 de março de 2021 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Depois de quatro anos sem acontecer, o Festival de Cinema Baiano volta a ser realizado e, desta vez, em edição virtual e com acesso gratuito. Esta sétima edição começa domingo, 14, e segue até o dia 26. Serão exibidos 50 filmes, sendo dez longas, dez médias e 30 curtas-metragens produzidos na Bahia, que ficarão disponíveis todos os dias.
“É com muito prazer que realizamos a sétima edição do Feciba totalmente diferente e adaptado para esse momento pandêmico. Apesar de distantes, estamos conectados pelas redes e pela arte. O Festival veio para mostrar como o cinema baiano cresceu, multiplicou e está se tornando diverso”, diz Edson Bastos, produtor executivo e diretor artístico do Feciba.
A programação mantém um olhar atento para a produção do interior da Bahia. “Nós valorizamos essa produção. Hoje, existem cursos de cinema ou audiovisual em universidades de diversas regiões da Bahia. Tem na Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz) , na federal de Vitória da Conquista, na UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano)”, diz Cristiane Santana, coordenadora geral do evento.
Na programação, estão filmes realizados entre 2016 e 2020, já que o festival não foi realizado nesse período. As premiações desta vez não acontecerão, ao contrário do que ocorria nas edições anteriores.
Acarajé
Entre os longas, há uma predominância de documentários: são nove deste gênero contra um de ficção. Um dos docs de destaque é Àkàrà no Fogo da Intolerância, de Claudia Chávez. A partir do tradicional acarajé, o filme se torna um manifesto contra a intolerância religiosa. E traça uma análise histórica sobre a violência contra as religiões de matriz africana e o racismo.
“O filme é um grito engasgado, não só meu, mas de todas as pessoas que fizeram ele possível. É uma necessidade de diálogo, porque uma das coisas que resgato é a figura da baiana de acarajé, como mulher guerreira, cabeça de família que sustenta gerações. É uma necessidade falar delas”, disse Cláudia Chávez ao CORREIO quando o filme foi lançado em Salvador no ano passado. A ideia do doc surgiu após a exibição de uma matéria, produzida por ela, para o Canal Futura.
Outro documentário em destaque é Diários de Classe, de Maria Carolina da Silva e Igor Souza. O filme acompanha o cotidiano de três mulheres –uma jovem trans, uma mãe encarcerada e uma empregada doméstica–, estudantes de centros de alfabetização para adultos em Salvador.
O cineasta Cláudio Marques, em crítica publicada no CORREIO, escreveu: “Diários de Classe não nos joga totalmente na depressão. Ele carrega doses de esperança e solidariedade. É difícil, mas não impossível, um dia atingir outro patamar de convivência e civilização. Um filme importante, filmado sem excessos e com muito respeito! Diários de Classe merece ser visto e discutido amplamente”.
A programação inclui ainda quatro oficinas: desenho de produção, com Solange Lima; roteiro, com Orlando Senna; direção e as sete artes do cinema, com Cecília Amado; e produção audiovisual para Internet, com Thiago Almasy.
Diariamente, às 15h e às 19h, acontecerão debates sobre o audiovisual, com a participação de realizadores baianos, como Claudia Chávez e Henrique Dantas. A representação de mulheres negras no cinema e a importância dos festivais estão entre os temas que serão discutidos.
Programação completa no site www.feciba.com.br/2021. De segunda (15) até dia 26. Abertura domingo, 18h30, com show de Eloah Monteiro e exibição do filme Memórias Afro-Atlânticas. Exibição em youtube.com/Feciba. Grátis