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Circuito Saladearte lança campanha para arrecadar dinheiro e reabrir

Crowdfunding juntou R$ 86 mil, mas precisa chegar a R$ 300 mil para quitar dívidas

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 7 de julho de 2021 às 06:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação

Nos anos 1990, se um soteropolitano quisesse assistir a um filme iraniano, argentino ou turco, tinha que torcer para encontrá-lo nas prateleiras de uma videolocadora. Isso, se a loja tivesse interesse em adquirir essa produção, que não tinha lá muita demanda. Com a chegada da Saladearte do Bahiano de Tênis, no ano 2000, a coisa começou a mudar, para o deleite dos cinéfilos locais.

E este repórter foi um dos que vibrou com a chegada da nova sala. Ainda me lembro de quando fui ao cinema do Bahiano pela primeira vez, assistir ao angustiante Dançando no Escuro, de Lars Von Trier. Marcelo Sá, um dos sócios-fundadores, recebia os clientes na entrada da sala. Deu um conselho a quem entrava: "Trouxeram um lencinho, né?". Antes, o tivesse escutado...

Passados 21 anos, a Saladearte se estabeleceu e passou a ocupar novos espaços. Depois de passar por algumas crises em razão de falta de apoio financeiro, agora o grupo vive um momento muito crítico: está sem dinheiro para reabrir, mesmo após a pandemia. 

Campanha

Para isso, lançou, uma campanha de crowdfunding no site Benfeitoria, que está indo bem: em uma semana, levantou R$ 86 mil. A arrecadação segue até o dia 10 de agosto, com a meta inicial de R$ 300 mil, e é possível contribuir com valores de R$ 30 até R$ 4 mil. Numa segunda etapa, pretende-se obter mais R$ 50 mil e, numa terceira, o mesmo valor.

O sucesso da campanha acontece porque o público frequentador tem participado ativamente. E uma razão para essa participação é que as pessoas mantêm uma relação afetiva com a Saladearte."É como se fosse uma família, uma irmandade", diz a bancária aposentada Grácia Queiroz, que frequenta as salas desde o inícioGrácia já contribuiu com a campanha. Além disso, engaja-se pedindo a amigos que também contribuam.

Preocupada com o futuro da cultura no país, Grácia viu-se no dever de engajar-se: "A gente vê a cultura sendo destruída e é uma tristeza saber que vão ser necessários anos para reconstruir tudo. Mas não vamos deixar que isso aconteça com a Saladearte". Além disso, a ex-bancária defende que a Saladearte não é um espaço apenas para ver filmes: "É um espaço de aprendizagem. Eles promovem encontros com profissionais do cinema e críticos e isso amplia meu conhecimento. Depois desses encontros, me dei conta que não sabia nada de cinema". Marcelo Sá, sócio-fundador da Saladearte Marcelo Sá lembra que a Saladearte é um espaço cultural, onde acontecem, além da exibição de filmes, debates, exposições de arte e sessões gratuitas para formação de plateia, através de leis de incentivo. Periodicamente, estudantes da rede pública iam a essas sessões. 

Outro frequentador assíduo do circuito é o servidor federal Carlo Borges de Paula, que costumava ir de três a quatro vezes por semana às salas e às vezes ia a duas sessões seguidas no mesmo espaço."Desde o início da pandemia, me senti órfão, sofri muito com o fechamento, especialmente no começo do isolamento. Eu era meio obsessivo mesmo", observa o clienteCarlo já convidado pelo Saladearte para participar da campanha de reinauguração do cinema do MAM, junto com alguns outros poucos clientes assíduos.

Família

Carlo, que também já contribuiu com a "vaquinha", revela o afeto que tem pelo espaço e ressalta esse clima "família": "Conhecia os atendentes pelo nome. Lembro de Emerson, Fabiano... conversava com eles, falava umas besteiras e gostava especialmente de alguns. Tinha uma relação de frequência e muita proximidade pessoal, uma afetividade", revela o frequentador. 

Carlo também participou, em 2006, de um abraço gigante que reuniu centenas de pessoas em torno da sala do Bahiano de Tênis, como uma forma de manifestação para que o espaço não fosse fechado, quando a Perini começou a ser construída. Mas a estratégia não deu certo. Mas a Saladearte ainda sobrevive no Shopping Paseo, com duas salas; no MAM; no Museu Geológico e na Ufba, no Vale do Canela. 

A campanha no Benfeitoria também teve adesão de famosos, como os atores Vladimir Brichta, Lázaro Ramos e Tonico Pereira, além da jornalista Rita Batista, que participaram de um vídeo. "Lembro de momentos importantíssimos da minha vida como artista e como espectador que foram vividos nessa sala. Lembro de uma homenagem que recebi quando estava dando meus primeiros passos no cinema e recebi esse reconhecimento na minha cidade, na Saladearte", diz Lázaro no filme.

Marcelo Sá revela que o grupo hoje precisa de saldo para pagar uma série de dívidas que o grupo adquiriu principalmente durante a pandemia, já que as salas permanecem fechadas desde março de 2020. Logo no início do isolamento, demitiu 26 funcionários, para que não se formasse a tal "bola de neve": como não poderia funcionar, não teria dinheiro para pagar os salários e isso só aumentaria a dívida. Para indenizar os empregados, precisou contrair empréstimos bancários. Além disso, já havia realizado outro empréstimo para a reforma da sala do MAM, reaberta em julho de 2019.

"Esperamos que a vacinação avance e nós possamos reabrir já em setembro. Mas para isso, precisamos quitar alguns débitos com fornecedores, que são desde o fornecedor de salgadinhos ou bebidas até as distribuidoras de filmes", afirma Marcelo.