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Baiana de coração, Heloisa Jorge fala sobre morte de Gilda em A Dona do Pedaço

'Salvador me ensinou muito sobre quem sou', afirma atriz angolana que morou na capital baiana por dez anos e se formou pela Ufba

  • Foto do(a) author(a) Naiana Ribeiro
  • Naiana Ribeiro

Publicado em 31 de agosto de 2019 às 06:05

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação/J. Vitorino
Fabiana, em Gabriela (2012) por Fotos de Divulgação

Quem acompanha a novela das nove A Dona do Pedaço, da Globo/TV Bahia, já sabe que Gilda Miranda Matheus (Heloisa Jorge) está com os dias contados. O autor Walcyr Carrasco decidiu matar a fisioterapeuta vítima de câncer de pulmão, no capítulo desta segunda-feira (2), após se descuidar com um câncer de mama. Casada com o protagonista Amadeu (Marcos Palmeira) e mãe de Carlito (João Gabriel), Gilda enfrentou conflitos reais da mulher brasileira, que precisa dar conta da família, do lar, do trabalho e de tantos outros problemas. Fez também escolhas erradas, que resultarão na morte no capítulo 91 da trama.

Mesmo com o final trágico, Gilda destacou-se no folhetim por ter ido além das questões raciais, garante a atriz angolana Heloisa Jorge, 34 anos, formada na Bahia, que deu vida à personagem. “É superimportante atores negros estarem em papeis de destaque e que efetivamente ajudem a contar a história da novela. Gilda não foi subjugada e fez algo diferente do que esperam do ator negro. Ela fez parte de uma família que teve conflitos diversos. Eles são inteligentes, batalhadores... Não teve uma história de superação da família negra”, pontua. (Foto: Estevam Avellar/TV Globo) Para Heloisa, o grande conflito da personagem foi o amor não correspondido, que a levou a fazer escolhas contraditórias. “Deve ser muito difícil lidar com isso. Ela teve questões internas muito grandes. Fico muito feliz e agradecida por ter aprendido tanto com a Gilda, uma mulher bastante complexa emocionalmente. Passei a me perguntar quantas mulheres já não tiveram medo da solidão, por exemplo. O que ela fez nos leva a refletir e se indagar sobre até onde somos capazes de ir por amor. É grave, mas ao mesmo tempo é muito legítimo, porque só ela sabe o tamanho do amor que sente por ele”, opina. (Foto: Divulgação/TV Globo) A atriz, que tem 16 anos de carreira, dedica a personagem a todas as mulheres que em algum momento se deixaram em segundo plano ou se viram sem escolha dentro de uma relação afetiva: “Me sinto muito honrada por cada mensagem carinhosa recebida, por cada abordagem, principalmente das mulheres que já passaram pelo câncer de mama ou que ainda estão lutando para vencer essa doença tão delicada. Agradeço as meninas que bateram um papo comigo e compartilharam etapa por etapa da doença". (Foto: João Miguel Júnior/Divulgação/TV Globo) Representatividade Heloisa Jorge também comemora a representatividade de Gilda ao fazer um balanço final do trabalho. Esse é seu maior pepel de destaque na televisão brasileira desde que começou, em Gabriela (2012). Esse remake, por coincidência, também foi escrito por Walcyr Carrasco e tinha Juliana Paes no papel principal. Em seguida, foi convidada a protagonizar a novela angolana Jikulumessu (2014). Na trama, ostentava black power, até então uma novidade na TV local. Ainda em 2014, foi apresentadora do programa Conexões da Globo Internacional, que teve a sua veiculação em Angola e em países africanos de língua portuguesa.

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Na Globo, fez também Liberdade, Liberdade (2016), A Lei do Amor (2017) e Sob Pressão (2017). “Em A Dona do Pedaço, estamos representando outras famílias negras - que se veem na Gilda, no Carlito e no Amadeu - e que querem se ver na televisão. Quando as pessoas não se veem representadas, elas simplesmente não consomem. Acho isso maravilhoso. Senti o peso da responsabilidade”, reconhece.

O que muita gente não sabe é que Heloisa Jorge passou por muita coisa até ser símbolo de representatividade na telinha da Globo/TV Bahia. Ela nasceu em Angola, mas veio para o Brasil ainda criança, aos 12 anos, para fugir da guerra civil. Aos 18 anos, mudou-se para Salvador. Aqui, se formou em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e atuou no teatro local, sendo, inclusive, indicada ao Prêmio Braskem duas vezes - pelo espetáculo O Dia 14 (2007), dirigido por Ângelo Flávio, do Coletivo de Atores Negros Abdias do Nascimento (CAN), e pela atuação em A Farsa da Boa Preguiça (2009), dirigido por Harildo Deda. O Dia 14 teve direção de Ângelo Flávio (Foto: Divulgação) Baiana de coração Apesar de ter morado seis anos em Montes Claros (MG), foi na capital baiana, onde viveu por dez anos, que Heloisa passou a ter consciência de quem realmente é. “Montes Claros me acolheu, mas lá tive que me negar muito, e não tinha consciência disso. Sempre achei Salvador muito parecida com a capital de Angola e também por isso me mudei. Era como se conhecesse aquelas pessoas e sua alegria, receptividade, ancestralidade... Salvador me ensinou muito sobre quem sou. Salvador me trouxe uma ousadia e um abuso necessários”, conta atriz, que morava em uma casa perto do Monumento Sereia de Itapuã, na entrada do bairro.

Durante o curso de teatro na capital baiana, Heloisa começou a trabalhar sua autoestima, entendeu melhor suas origens e conheceu os movimentos sociais, ampliando sua luta enquanto mulher e artista negra.“Antes, me achava feia. Aí passei a me comparar com outras mulheres negras, lindas, que falavam com orgulho de quem eram, e isso me inspirou. Antes, jogava tudo para baixo do tapete. Sofri muito na época da escola, quando ainda morava em Minas. Falava baixinho que era de Angola, era tímida e tentava esconder meu sotaque. Tudo o que eu aprendi em relação a minha profissão foi aí também”, revela.Não é à toa, então, que ela fale da capital baiana com certo saudosismo. “Tenho muito carinho e lembranças. Amo o Santo Antônio Além do Carmo e a Cidade Baixa – tive um namorado de lá e sempre ia para Humaitá, Ribeira e pro Bonfim. Como tenho amigos de Plataforma, adorava ir aos domingos pra lá”, lembra.

Mestres baianos – como os diretores teatrais e atores Ângelo Flávio, Harildo Deda, Iami Rebouças e Gideon Rosa - também estão na sua memória e são referências nos seus trabalhos no teatro, na televisão e no cinema desde 2003. “Já na faculdade fazia teatro porque sempre achei o palco um lugar sagrado, que mexe com a minha alma. Dá uma autonomia criativa e traz senso crítico. Tive o privilégio de ter sido aluna deles e são referências na minha vida. São mestres que me ensinaram tanto e que sempre lembro quando estou atuando”, declara Heloisa. 2009: Heloisa Jorge em entrevista sobre o espetáculo AMÊSA (Foto: Reprodução/Facebook) Com Deda, por exemplo, ela fez a peça Uma Mulher Vestida de Sol (2007), em homenagem a Ariano Suassuna, que marcou sua formatura. “Lembro muito do comprometimento de Harildo com a profissão. A disciplina dele às vezes me assustava. Ao mesmo tempo em que ele tinha certa rigidez, abria um sorriso lindo. Ele é íntegro e de verdade. Gideon tem uma voz de locutor. É o rei da palavra. Me inspiro no fogo de Iami. É uma atriz visceral”, elogia. Heloisa Jorge (Rosa) em homenagem da Cia de Teatro Gente à Ariano Suassuna (Foto: Divulgação) Próximos passos Em agosto, a atriz voltou aos palcos para novamente viver Dona Ivone Lara (é uma das três protagonistas do musical) na temporada paulista da peça. Além disso, Heloisa também está no projeto de Lázaro Ramos e Jarbas Bittencourt Viagens da Caixa Mágica, peça de teatro infantil que acaba de ganhar sua versão em álbum musical, com divertidas canções sobre diversidade, aceitação e negritude.

Heloisa está também no longa Sujeito Oculto, de Léo Falcão, ainda sem data de lançamento definida. Recentemente também brilhou como apresentadora do Prêmio Sim à Igualdade Racial, cantando e dançando, além de apresentar a festa da representatividade. Prêmio Sim à Igualdade Racial (Foto: Divulgação) Maria da Paz encontra filha verdadeira após assalto

A filha verdadeira de Maria da Paz (Juliana Paes) deve dar as caras em A Dona do Pedaço, novela das nove da Globo/TV Bahia, já nos próximos capítulos, segundo o portal Metrópoles. Após ter a fábrica incendiada, perder a mansão e voltar a morar com Marlene (Suely Franco), a boleira será vítima de um assalto enquanto vende seus bolos na rua. (Foto: Reprodução/TV Globo) Os bandidos jogarão o carrinho de Maria da Paz no chão e levarão consigo a bolsa dela. Na sarjeta, a mocinha receberá ajuda de uma jovem misteriosa chamada Joana (Bella Piero). A personagem afirmará ser técnica de enfermagem. Bella Piero interpreta Joana No momento do encontro, Rock (Caio Castro) estará presente. Ao boxeador, a empresária dirá sobre a garota: “A gente se conheceu ontem, mas parece que se conheceu a vida toda. Sabe quando a gente nunca viu alguém mas começa a conversar e já fica amiga de infância?”.

A Dona do Pedaço: Jô mata mais uma pessoa; saiba quem será a vítima

Solteiro após terminar com Fabiana (Nathalia Dill), Rock também ficará encantando com Joana. “Eu fiquei mesmo bobo, fiquei na conversa…Não tive coragem de pedir o número, com medo de ela não me dar”, contará.

“Marco com ela de novo, pra comer bolo, e te aviso pra você encontrar com a gente de novo, patati patatá…Cê chega e é com você”, vai propor Maria da Paz. As cenas devem ir ao ar no centésimo capítulo da trama, em 12 de setembro.