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Naiana Ribeiro
Publicado em 12 de novembro de 2018 às 19:15
- Atualizado há 2 anos
Quem anda pelos calçamentos de paralelepípedo espalhados pela cidade não imagina que, por trás deles, estão mulheres que ganham a vida quebrando blocos de pedras. E foi em uma das suas viagens pelo interior da Bahia que o jornalista, escritor e fotógrafo Alexandre Augusto, 47 anos, cruzou com as histórias dessas trabalhadoras, que são um exemplo de força e luta.
Durante dois anos, ele fez diversos registros mostrando o cotidiano dessas mulheres. Eles foram reunidos em uma exposição, a Mulheres de Pedra, em 2017, e agora são reeditados no livro Stone Women (Editora Noir), que será lançado nesta terça-feira (13), em Salvador. A obra traz 46 imagens e traça uma trilha visual pelas cidades de Itaetê e Itatim, na Chapada Diamantina, onde a chuva não cai e as cores são dadas pelas mulheres.
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“Com camisas enroladas no rosto e no pescoço, esmaltes nos pés e combinações de roupas que soariam fashion em qualquer editorial de moda mais despojado, essas mulheres têm uma grande força e uma vaidade sem igual”, comenta Alexandre.
A força, a humanidade e a simplicidade dessas trabalhadoras o arrebataram de forma inexplicável, ele conta. Elas trabalham de sol a sol para botar comida na mesa e ainda lidam com diversas atribuições, como cuidar da casa, dos filhos, etc. “Tenho uma necessidade quase visceral por contar histórias. Com as fotos, quero mostrar o que meus olhos viram: a dignidade dessas mães, esposas e filhas. Mulheres de Pedra no sentido mais literal e no mais poe´tico. Forc¸a, beleza, aridez, delicadeza... tudo junto”, explica. Nas fotos, ele também evidencia a fé dessas guerreiras, “presente em todos os cantinhos da Chapada Diamantina, nas casas, nas medalhas, nas palavras”: “Não existe outra forma de se viver uma vida tão dura que não seja com fé”. Fé que, inclusive, as ajuda a manter a tradição local de quebrar pedras para sobreviver. Elas ganham R$ 55 a cada mil paralelepípedos talhados. “Quando cheguei lá, a primeira coisa que questionei foram as condições de trabalho. Uma das mais velhas me deu logo um esporro: ‘Meu filho, eu dou graças a Deus pela pedra. É graças a pedra que fui criada e criei os meus filhos’”, lembra Alexandre. (Foto: Divulgação) Apesar dos cliques dialogarem com questões em evidência - como empoderamento feminino - Alexandre diz que o projeto foca nisso de forma despretensiosa: “Não foi programado, simplesmente tropecei no tema. Não pensei em gênero e nem em empoderamento. A história delas era mais forte do que todo o resto. Tinha de contar aquilo”.
Memória O livro, portanto, veio de um desejo de eternizar essas histórias. “Tinha ainda muito material. Enquanto exposições terminam, livros são uma forma de eternizar”, diz.
Mulheres de Pedra marca a estreia do artista como fotógrafo. Formado em jornalismo pela Ufba, Alexandre escreveu a biografia do cantor Moreira da Silva, indicada ao Jabuti, prêmio literário mais prestigiado do país.
Morou na A´frica, em Angola - escrevendo reportagens sobre a guerra, acompanhando os conflitos de perto – e há três anos vive em Londres, na Inglaterra: “Nunca vi um povo tão trabalhador. Isso foi o que mais me chamou atenção. É o exemplo de superação mais forte que encontrei na vida”. LANÇAMENTO DO LIVRO EM SALVADOR O quê: Lançamento do livro Stone Women (Mulheres de Pedra), de Alexandre Augusto. Evento terá sessão de autógrafos e coquetel;Quando: Terça-feira (13), às 18hOnde: Na Paulo Darzé Galeri (Rua Dr. Chrysippo de Aguiar, 8 - Vitória);Quanto: evento gratuito. Livro: R$ 200. Sobre o livro Stone WomenEditora: NoirPáginas: 120Idioma: Português / InglêsPreço: R$ 200