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Vitor Rocha
Publicado em 10 de setembro de 2024 às 21:29
Em entrevista ao "Fantástico" realizada no último domingo (8), a artista Preta Gil revelou que removeu o reto devido a um câncer de intestino diagnosticado em 2023. A cirurgia, realizada há um ano, amputou a região, mas preservou o esfíncter, músculo responsável por regular a abertura do orifício anal. Com isso, a empresária evitou uma mudança permanente na rotina.
De acordo com o coloproctologista Leo Dantas, a cirurgia afeta de forma definitiva atividades como sexo anal. Além disso, em caso de retirada do esfíncter, músculo responsável pela abertura do ânus, as fezes são evacuadas por bolsas de colostomia, recipientes colocados através de incisão no abdômen para depositar o conteúdo fecal, em aproximadamente 4 horas. Ele complementa reiterando que os pacientes estão aptos para a ingestão de qualquer alimento e não tem o trânsito da comida afetado, mas é preciso cuidados com a bolsa.
"Geralmente, os pacientes acabam aprendendo e trocam em casa mesmo. Eles compram a bolsa e trocam eles mesmos. É uma bolsa de plástico que adere à pele e gruda o intestino na pele. O intestino fica para fora e você gruda uma bolsa de plástico com uma boa aderência ali para não vazar. Se não, acaba inflamando a pele por conta do pH, da alteração das enzimas digestivas e de todo o conteúdo fecal que acaba irritando a pele", explica.
No caso de Preta, em que o esfíncter é preservado, Jéssica Fraga, cirurgiã geral do hospital Santa Casa da Bahia, afirma que os pacientes podem apresentar aumento da frequência evacuatória, consistência mais amolecida das fezes e incontinência fecal em graus variáveis. Nas ocorrências em que o músculo regulador não é mantido, ou seja, é necessária a colostomia definitiva, geralmente realizada no abdômen, ela conta que os acometidos podem ter complicações como hérnias e dermatites locais.
Dantas explica que a amputação é irreversível, sendo necessária quando o câncer atinge a parte inferior do reto e não pode ser removido de outra forma. "Amputar o reto significa que a gente vai tirar o reto, que é a parte final do intestino grosso, juntamente com o ânus. Há casos em que a gente retira todo o esfíncter anal e fecha com um ponto mesmo, como uma ferida operatória. Fica uma cicatriz, mas sem ânus", informa. Jéssica complementa afirmando que a operação também é solicitada em casos de doenças intestinais inflamatórias graves como doença de Crohn ou colite ulcerativa.