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Estadão
Publicado em 24 de março de 2024 às 08:02
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta terça-feira, 19, que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a delação premiada concedida pelo ex-policial militar Ronnie Lessa no inquérito que apura o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes. O depoimento de Lessa pode ser essencial para responder perguntas que ainda restam sobre a execução da parlamentar, que ocorreu em março de 2018.
Ronnie Lessa é o acusado de efetuar os disparos que mataram a vereadora e o seu motorista. No ano passado, Élcio Queiroz, que era o motorista do carro utilizado pelos criminosos, também fechou um acordo de delação premiada. O relator do caso Marielle no STF é o ministro Alexandre de Moraes.
"A colaboração premiada tramita em segredo de Justiça, obviamente este ministro (Alexandre de Moraes) não teve acesso a ela, como é evidente, mas nós sabemos que esta colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos leva a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco", disse Lewandowski. "Esse procedimento seguiu o estritamente o devido processo legal", completou.
Quem mandou matar Marielle? E por quê?
De acordo com Lewandowski, a elucidação do caso está próxima. A delação premiada de Lessa deve ser essencial para descobrir quem são os mandantes do crime e a motivação por trás das execuções.
No ano passado, quando ex-ministro da Justiça e atual ministro do STF, Flávio Dino, anunciou o acordo de delação premiada com Queiroz, Dino disse que o depoimento iria colocar os mandantes na mira do inquérito policial. Apesar da oitiva com o motorista do crime, os nomes dos planejadores da execução ainda não foram divulgados.
Como vereadora, Marielle se posicionava contra o racismo e a violência policial, fazendo denúncias de abuso de autoridade por parte de profissionais de segurança. Na Câmara Municipal da capital carioca, ela participava de uma comissão criada para acompanhar os desdobramentos da intervenção federal na segurança pública do Estado, que realizou operações para combater a criminalidade em comunidades locais.
Domingos Brazão foi apontado como o mandante durante as investigações
Em outubro do ano passado, uma reportagem do portal The Intercept Brasil afirmou que Élcio Queiroz disse na sua delação premiada que a ordem para executar Marielle partira do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão, o que fez com que o caso fosse remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Conforme apontam as investigações, Lessa também teria apontado Brazão como o mandante.
Em entrevista ao Globo na época, Brazão afirmou que Lessa "deve estar querendo proteger alguém" ao citá-lo em delação premiada como mandante do crime.
"Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco a Lessa e Élcio de Queiroz. Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado", disse o conselheiro.