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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 9 de março de 2024 às 05:00
Em um intervalo de três dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu três notícias desfavoráveis. Pesquisas de opinião conduzidas por três institutos diferentes mostraram uma queda na aprovação do governo do petista. O levantamento mais recente foi divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Ipec (antigo Ibope), que apontou o recuou da aprovação de 51% para 49% e aumento da desaprovação de 43% para 45% na comparação com o mês de dezembro.
A avaliação positiva é a menor desde o início do governo, em janeiro de 2023, e a avaliação negativa, a maior. De acordo com os dados do Ipec, a popularidade de Lula tem caído até mesmo no Nordeste, a principal base eleitoral do petista. A avaliação positiva, entre os nordestinos, que era de 52% , recuou para 43%. A região foi a única, na campanha eleitoral de 2022, a garantir a vitória do então candidato do PT. Ele venceu o adversário político Jair Bolsonaro (PL) por 69% a 30%.
A notícia torna-se ainda pior para Lula quando se observa um outro aspecto da pesquisa. Conforme o Ipec, os brasileiros estão pessimistas em relação à administração do chefe do Palácio do Planalto. Metade dos entrevistados disse que o governo está no caminho errado, e 43% avaliam que está na trajetória correta.
A sondagem de opinião do Ipec está em sintonia com o levantamento da Quaest, divulgado na quarta-feira (6). Este instituto também aponta uma queda na popularidade do governo Lula quando se compara com dezembro de 2023. A aprovação que era de 54% recuou para 51%, já a desaprovação subiu de 43% para 46%. A Quaest também indicou uma diminuição da avaliação positiva na região Nordeste, com redução da aprovação de 70% para 68% e aumento da reprovação de 28% para 31%.
Já o levantamento do Atlas, que foi publicado na quinta-feira (7), mostra que a aprovação de Lula saiu de 52%, em janeiro deste ano, para 47%. Uma redução de 5pp. em apenas três meses. A desaprovação subiu de 43% para 46%. Nesta pesquisa, os entrevistados foram questionados sobre como avaliam cada área da gestão petista. As mais mal avaliadas são: segurança pública, combate à corrupção e redução de pobreza e políticas sociais. Já as áreas bem avaliadas são direitos humanos, relações internacionais e meio ambiente.
Fatores do recuo
Analistas políticos avaliam que a declaração recente de Lula, que fez uma paralelo entre a ação de Israel em Gaza ao Holocausto, como um dos fatores para o crescimento da impopularidade. Entre os evangélicos, que têm se majoritariamente se posicionado favorável aos israelitas, o presidente da República perdeu popularidade. Segundo o Ipec, 41% deste segmento avaliam negativamente o governo petista. A Quaest aponta que a desaprovação entre este público chega a 62%.
O crescimento da inflação dos alimentos no início deste ano também contribuiu para a aumentar a desaprovação, segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes. Em janeiro, houve a maior alta na alimentação e nas bebidas para o mês desde 2016. A perspectiva não é boa para este ano por causa do El Niño - fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico que provoca aumento da temperatura global. "Ele já vem provocando alterações de clima, e isso é ruim para a agricultura. O receio é que o fenômeno possa afetar as safras, atrasando o plantio ou a colheita”, disse o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.