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Medo divide lar com as famílias: Salvador e RMS têm 101 pessoas mortas dentro de casa

Estudo indica que 101 pessoas morreram dentro de residências na capital e RMS

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 18 de setembro de 2023 às 04:40

Mãe Bernadete estava sofrendo ameaças
Mãe Bernadete estava sofrendo ameaças e foi morta dentro de casa Crédito: Reprodução

Quando se fala em “estar em casa”, o primeiro pensamento que vem é o da segurança. Mas em Salvador e Região Metropolitana tem sido diferente. De 1º de janeiro a 14 de setembro deste ano, 114 pessoas foram baleadas em residenciais, sendo que 101 delas morreram. Os números são do Instituto Fogo Cruzado (IFC).

A maior quantidade de óbitos foi em Salvador, com 40 registros. Ainda segundo o levantamento, o total de vítimas de disparo de arma de fogo no período (dentro de casa ou não) é de 1.233, das quais 977 não resistiram.

“Nós vivemos uma realidade social complexa, onde muitas vezes a diferença de endereço indica renda, raça, escolaridade e o grau de acesso a direitos. Embora crimes como feminicídio ignorem barreiras socioeconômicas, os delitos dos quais estamos falando aqui têm um perfil mais concentrados em bairros negros e cunhados como periféricos. Estamos atravessando um contexto que a sensação de segurança em Salvador e região está desfalecendo”, declara Wagner Moreira, do IDEAS Assessoria Popular e do Fórum Popular de Segurança Pública da Bahia.

Segundo ele, historicamente as mortes dentro de casa têm um recorte de gênero. “O feminicídio é uma chaga na sociedade brasileira. Mas nos chama atenção o número crescente de assassinatos dentro do domicílio também entre homens, indicando uma mudança na dinâmica destes assassinatos".

Ele diz que algumas situações envolvem egressos do sistema prisional, o que “chamam atenção para novas dificuldades de reinserção social, após a chegada de facções nacionais na Bahia”, afirma. “Outros casos apontam para uma dinâmica de acerto de contas interno ao mundo do crime, derivada da disputa neste contexto de acirramento das facções nos territórios. Há, também, um crescimento de pessoas mortas após confronto policiais, incluindo casos complexos de crianças que foram ceifadas também dentro desta dinâmica”, completa.

Região Metropolitana

O estudo do IFC diz ainda que, das 66 vítimas de disparo de arma de fogo na Região Metropolitana de Salvador (RMS), 61 morreram, entre elas a Mãe Bernadete, na noite de 17 de agosto, no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. O crime repercutiu no Brasil. O laudo do Departamento de Polícia Técnica apontou que a líder religiosa foi executada com 12 tiros no rosto e 10 no tórax, depois que os assassinos invadiram o quilombo.

No início deste mês, três homens foram presos por suspeita de envolvimento no assassinato da líder quilombola. Um foi capturado com o celular da vítima; outro foi encontrado com armas similares às usadas no crime; e o terceiro seria um dos executores. Os nomes não foram divulgados pela polícia, que não descarta a participação de mais pessoas no crime. Porém, o filho de Mãe Bernadete afirmou que o que mais lhe interessa é saber quem é o mandante: “Quem mandou matar Mãe Bernadete e por quê? Tudo isso que aconteceu tem relação com a morte de Binho do Quilombo, meu irmão, que também foi assassinado. Se ele não tivesse sido morto em 2017, ela [Mãe Bernadete] estaria viva”, disse Jurandir Pacífico, ao CORREIO, logo após a coletiva da Secretaria de Segurança Pública (SSP/BA), salientando que acredita na correlação entre os assassinatos.

Outro caso emblemático e que também gerou repercussão no país aconteceu em Mata de São João. No dia 28 de agosto, a polícia encontrou os corpos de seis adultos e três crianças na localidade de Núcleo Colonial JK.

De acordo com a polícia, a primeira casa foi invadida por volta das 4h. No local, duas senhoras foram mortas a tiros. No segundo imóvel, duas mulheres e dois homens foram assassinados. Em seguida, o local foi incendiado, o que resultou na morte de três crianças. Um adolescente de 12 anos que sobreviveu ao ataque, foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE) com queimaduras pelo corpo, mas não resistiu.

Um homem suspeito de envolvimento na chacina foi morto em troca de tiros com policiais, quando tentava fugir para a cidade de Dias D'Ávila. Outros dois acusados morreram quando resistiram a prisão. Um quarto homem foi preso.

Sem resposta

A Polícia Civil, que disse que “não comenta dados compilados por outras instituições” e que “não dispomos de dados com esse recorte”. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP/BA), mas o órgão não se posicionou até o fechamento desta edição (23h).

“A Bahia é hoje o Estado com maior letalidade em números absolutos. Estratificar estes números nos permitirá respostas muito mais adequadas à complexidade e às dinâmicas de violência letal no estado. É importante chamar atenção para o trabalho que vem sendo desenvolvido por organizações e redes que estão monitorando e apostando em uma lógica de política pública baseada em dados e evidências”, verbalizou Wagner Moreira, em resposta à postura da polícia.