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Donaldson Gomes
Publicado em 4 de julho de 2023 às 05:00
A Bamin – Bahia Mineração iniciou ontem oficialmente a construção de 537 km da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), para ligar Caetité, no sudoeste, a Ilhéus, no litoral sul. A obra foi licitada no governo Bolsonaro como forma de destravar o investimento. Agora, a empresa vai construir e operar a ferrovia e tentar tirar um atraso de 13 anos. A Fiol foi lançada em 2010 com a previsão de ser inaugurada em 2012. A estimativa anunciada ontem, é a de que a operação dos trens comece em 2027. A cerimônia que deu início às obras contou com a presença de representantes da empresa de autoridades políticas, entre elas o presidente Lula que, mesmo reconhecendo o atraso da obra que ficou seis anos sob gestão do governo federal do PT, pediu celeridade à mineradora para inaugurar a ferrovia ainda em seu atual mandato.
Benedikt Sobotka, CEO da ERG, empresa controladora da Bamin, contou que, desde a assinatura do contrato de concessão, em 3 de setembro de 2021, a empresa tem contado com intenso apoio de diversos entes públicos. “Desde aquele dia, estamos trabalhando todos juntos para concretizar um dos mais importantes projetos da logística do Brasil”, destacou. “A Bamin está comprometida com um futuro sustentável e integrado. Trabalhamos para tornar realidade, até 2027, a operação de um dos maiores projetos de infraestrutura do Brasil, com um grande corredor logístico de escoamento e exportação, que impulsiona o desenvolvimento socioeconômico, sobretudo, através dos setores da mineração e do agronegócio”, complementou Sobotka.
O presidente da Bamin, Eduardo Ledsham, lembrou que a garantia de cargas é um fator que fortalece a Fiol. “A ferrovia é uma realidade porque existe na outra ponta, a 537 km, uma mina que estamos operando e implantando, para produzir 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano”, lembrou.
Segundo o executivo, em breve a empresa anunciará novos projetos que, num futuro próximo, poderão justificar até mesmo uma ampliação no tamanho da Fiol e do Porto Sul, que também está em implantação, em Ilhéus.
Ledsham defendeu os investimentos de infraestrutura para acelerar o desenvolvimento da mineração no Brasil. “Em 2010, o Brasil e a Austrália produziam 300 milhões de toneladas por ano. Hoje, Austrália passou para 800 milhões e nós estamos em 400 milhões. Temos o mesmo ambiente que qualquer lugar do mundo e competência comprovada, podemos recuperar este gap”, afirmou.
Cidades
Ligando as cidades baianas de Caetité e Ilhéus, a Fiol 1 terá um total de 537 quilômetros de extensão, passando por 19 municípios, com previsão de conclusão e em operação a partir de 2027.
O Lote 1F, por onde começam as obras, possui 127 quilômetros de extensão, passando por Ilhéus, Uruçuca, Ubaitaba, Gongogi, Itagibá, Aurelino Leal e Aiquara. As obras no Lote 1F têm previsão de durar 36 meses.
Quando estiver em operação, a ferrovia irá entregar uma importante solução logística e de conexão Oeste-Leste na Bahia, sendo o elo fundamental dentro do projeto integrado conduzido pela Bamin no estado, do qual também fazem parte a Mina Pedra de Ferro, em operação na cidade de Caetité, e o terminal de águas profundas Porto Sul, em construção na costa de Ilhéus. A Bamin investe recursos na ordem de R$ 20 bilhões nos três projetos integrados no interior da Bahia.
“A BAMIN está comprometida com um futuro sustentável e integrado. Trabalhamos para tornar realidade, até 2027, a operação de um dos maiores projetos de infraestrutura do Brasil, com um grande corredor logístico de escoamento e exportação, que impulsiona o desenvolvimento socioeconômico, sobretudo, através dos setores da mineração e do agronegócio”, afirma Benedikt.
Atraso
Treze anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva retornou a Ilhéus, no Sul da Bahia como presidente da República para falar sobre a implantação da Fiol. Era ele o chefe do Executivo Federal quando o projeto de infraestrutura, que corta a Bahia nos sentidos Oeste e Leste e que vai conectar o Brasil central ao litoral, foi oficialmente lançado, em 2010.
Na época, projetava-se a conclusão da primeira parte da obra, entre Caetité e Ilhéus, duraria dois anos, podendo ser inaugurada no final de 2012. Ainda assim, durante o discurso, Lula fez um apelo: conclusão até 2026, para que ele inaugure a obra como presidente. E prometeu aos presentes na cerimônia, a conclusão de toda a Fiol, até o município de Mara Rosa, em Goiás, ainda em seu mandato, que se encerra em 2026.
Ao defender os investimentos em infraestrutura como indutores do desenvolvimento, o presidente antecipou que vai lançar ainda neste mês uma nova versão do PAC, o antigo Programa de Aceleração do Crescimento, dos governos petistas, para impulsionar investimentos em ferrovias, portos e aeroportos.
“Eu quero dizer aos empresários que estão construindo a Fiol que é do interesse da soberania nacional fazer esta ferrovia e outras neste país, para termos este país competitivo. O Brasil será do tamanho que a gente quiser que ele seja”, destacou. “Quero estar vivo e na Presidência para inaugurar esta ferrovia e entregar ela ao povo baiano, de Goiás e ao povo brasileiro”, projetou.
Transformadora
O ministro dos Transportes, Renan Filho reforçou o interesse do Governo Federal de concluir toda a ferrovia. “Nós iremos apoiar a ferrovia, que é a mais transformadora em construção no momento. Ela vai inserir Bahia na estratégia de desenvolvimento regional”, disse.
O ministro lembrou que o país concluiu a Ferrovia Norte-Sul e que, quando a Fiol for concluída, o Brasil passará a contar com uma ligação entre a região central e o litoral. “A Fiol vai cortar o Brasil de Leste a Oeste, de Ilhéus até Água Boa, no Mato Grosso”, destacou. “Temos muitos outros passos, mas concluir esta ferrovia é um dos investimentos que mais pode ajudar a criar oportunidades para o nosso povo”, complementou Filho.
* O jornalista Donaldson Gomes acompanhou a cerimônia a convite da Bamin.