Chapada ganha complexo eólico capaz de abastecer 1 milhão de residências

Pan American Energy investe R$ 3 bilhões em projeto que envolve seis municípios

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 3 de julho de 2024 às 18:18

PAE instalou 94 aerogeradores no interior da Bahia Crédito: Donaldson Gomes/CORREIO

A inauguração do Complexo Eólico Novo Horizonte, da Pan American Energy (PAE) reforça o papel da Chapada Diamantina como uma nova fronteira no desenvolvimento de energias renováveis no Brasil. O conjunto de 10 parques conta com 94 aerogeradores e terá capacidade para a geração de 423 megawatts (MW) – energia suficiente para abastecer 1 milhão de residências. Com isso, a região que já foi conhecida pelas riquezas do seu subsolo, e mais recentemente pelo turismo, se posiciona como relevante na produção de energia.

Com um investimento de R$ 3 bilhões, a PAE implantou ainda uma subestação própria e 80 quilômetros (km) de rede de alta tensão na região. Durante a fase de implantação do empreendimento – espalhado pelos municípios de Novo Horizonte, Boninal, Ibitiara, Piatã, Oliveira dos Brejinhos e Brotas de Macaúbas – foram gerados 3,2 mil postos de trabalho. A maioria das oportunidades foram destinadas à população local.

Uma das principais empresas de energia da Argentina, a PAE, que tem presença também em outros países da América Latina, encara o investimento no interior da Bahia como fundamental para se posicionar como protagonista no processo de transição energética. "Este investimento que fizemos, para colocar no mercado 423 MW de energia limpa, testifica o compromisso que temos com o processo de descarbonização", destacou Alejandro Catalano, diretor geral da PAE Brasil, ontem, na cerimônia de inauguração do complexo, em Novo Horizonte, há 550 km de Salvador.

Um impacto positivo indireto do empreendimento para a região são os 75 km de estradas construídas pela empresa, ressaltou Catalano. "Desde que chegamos aqui, buscamos construir um ambiente de profunda colaboração entre a empresa e a comunidade", disse.

Segundo Catalano, a empresa encontrou na região em que se instalou condições bastante competitivas. "Nós encontramos condições muito competitivas. Este é o nosso primeiro projeto de muitos no Brasil, chegamos aqui para ficar muito tempo", destacou.

"Tem vários projetos aqui na Chapada, há outras empresas com as quais nós dialogamos frequentemente em busca de sinergias. O Brasil tem muitas oportunidades para continuar crescendo, no Nordeste, aqui na Bahia. A Chapada é uma fronteira de contínuo desenvolvimento de tecnologia", acredita.

No curto prazo, a PAE estuda a implantação de um parque solar, com capacidade para produzir até 400 MW. "Ainda estamos avaliando as melhores possibilidades para fazermos, mas estamos trabalhando nisso", explicou.

"Não sabemos qual será a energia do futuro, mas desejamos ser protagonistas no processo de produção", avisou Marcos Bulgheroni, CEO do Grupo PAE. Para ele, a matriz energética do futuro deverá ser diversa. "O mais lógico é que diversas fontes competitivas trabalhem em conjunto para suprir as nossas necessidades. O nosso desafio é produzir energia abundante, confiável e sustentável, porque precisa ter o mínimo de carbono", acredita.

Neste cenário, o executivo acredita que a América Latina está em posição privilegiada e o Brasil ocupa um papel de destaque neste contexto. "Para nós, estar em Novo Horizonte colocando este projeto é algo emblemático, porque mais do que duplica a capacidade de produção que tínhamos com nossos projetos anteriores", explica.

Para Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), o potencial da Bahia é tão grande para a produção de energia eólica que a tendência é que os projetos se diversifiquem cada vez mais, do ponto de vista espacial. "Os projetos que já estão instalados aqui na Chapada facilitam a chegada de novos, porque já existem estradas abertas, há uma infraestrutura preparada para a transmissão", explica.

Segundo ela, quando se analisa o Atlas Eólico da Bahia, identificam-se potenciais em diversos lugares. "Eu acredito que iremos ver cada vez mais regiões despontando na geração de energia, o que deve reforçar o papel da Bahia na geração", diz.

Bulgheroni frisou que a chegada da empresa se dá num contexto de planejamento a longo prazo: "nós só trabalhamos pensando em cenários de 20 anos, ou mais, não estamos pensando no que vai acontecer dentro de três ou quatro anos".

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou os investimentos na infraestrutura de transmissão, necessários para o aproveitamento do potencial para a geração de energia eólica e solar. "Estamos preparando investimentos em 80 mil km em linhas de transmissão. Serão aplicados mais de R$ 60 bilhões nas redes de alta tensão e aproximadamente R$ 12 bilhões serão aplicados na Bahia", destacou durante o seu discurso em Novo Horizonte.

Alexandre Silveira destacou a participação da Bahia na geração de energia limpa no Brasil. "O Brasil caminha para se tornar um celeiro de energia limpa no planeta e a Bahia se destaca no país", disse. Segundo ele, o Brasil alcançou 89,2% de sua matriz energética de fontes limpas, enquanto o estado registra 93%.

O governador Jerônimo Rodrigues destacou a importância de mapear os potenciais do estado na área energética. Segundo ele, o estado encomendou ao Senai Cimatec um mapa da descarbonização na Bahia.