Brasileiros renovam a fé em Santa Dulce dos Pobres

Procissão, show musical de Padre Antôno Maria e exemplos de amor ao Anjo Bom marcaram o Dia Nacional de Santa Dulce

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  • Maysa Polcri

Publicado em 14 de agosto de 2023 às 06:00

Uma procissão marcou o Dia Nacional de Santa Dulce dos Pobres na Cidade Baixa, neste domingo (13)
Uma procissão marcou o Dia Nacional de Santa Dulce dos Pobres na Cidade Baixa, neste domingo (13) Crédito: marina silva

“Em Salvador, a sensação que dá é que Santa Dulce está ao lado da gente o tempo inteiro”. A frase dita pela sergipana Patrícia Mesquita, 46, resume bem o esforço de quem saiu de sua cidade natal para participar do encerramento da trezena de Santa Dulce dos Pobres, no domingo. Nem o cansaço da viagem ou a chuva desanimaram os devotos que cruzaram estradas para agradecer e pedir bênçãos à santa baiana. Durante toda a tarde, a emoção tomou conta do Largo de Roma, que ficou pequeno para tamanha demonstração de fé e gratidão.

O início da devoção de Patrícia Mesquita a Santa Dulce se explica pela proximidade. A cidade em que nasceu foi palco de um dos milagres que, reconhecidos pelo Vaticano, ajudaram a beatificar a religiosa, em 2019. Foi no município de Itabaiana (SE), em 2001, que as orações a Irmã Dulce fizeram cessar uma hemorragia em Claudia Cristina, que padeceu durante 18 horas após dar à luz. As histórias sobre o milagre foram incentivo para que Patrícia se interessasse pela história de vida da religiosa.

As coincidências (ou ‘dulcidências’, como os devotos gostam de chamar), não param por aí. O Anjo Bom da Bahia viveu em Sergipe quando iniciou sua vocação religiosa no Convento de São Francisco, em 1933. Mesmo assim, a sensação de proximidade com a primeira santa brasileira chega ao ápice na capital baiana, por onde Irmã Dulce circulou e cuidou dos desassistidos. “Quando a gente chega em Salvador o sentimento fica mais forte. Vemos o resultado das obras de Santa Dulce e não temos nem palavras para descrever o que sentimos”, diz Patrícia, que voltou para Sergipe após a procissão.

Padre Antônio Maria fez show no Largo de Roma
Padre Antônio Maria fez show no Largo de Roma Crédito: marina silva

Não é só o coração da sergipana que fica mais acelerado nas proximidades da Obras Sociais de Irmã Dulce (Osid). Entre as centenas de fiéis que lotaram a região no domingo, a animação de Maria Renivalda, 66, se destacava. A baiana de Coronel João Sá, na região nordeste da Bahia, se manteve colada na grade e acompanhou de perto a apresentação musical do padre Antônio Maria e a missa campal, presidida pelo arcebispo de Salvador Dom Sergio da Rocha.

Foram pouco mais de seis horas de viagem para percorrer, de ônibus, os 400 quilômetros que separam o município da capital baiana. “Eu e mais 20 pessoas saímos às 22 horas de ontem [sábado] e chegamos aqui de madrugada. É cansativo, mas vale muito a pena. Se fosse para fazer o caminho de novo, amanhã [segunda], eu faria novamente”, diz. Maria Renivalda tem muito o que agradecer. Quando descobriu um câncer de mama, em 2019, recebeu atendimento na Osid: “Eu devo toda minha saúde à Santa Dulce, que foi quem me curou”.

Já havia escurecido quando a chuva deu trégua e a procissão iluminada por duas mil velas seguiu em direção à Basílica do Bonfim, às 18 horas. No percurso de pouco mais de uma hora, os devotos entoaram os cânticos e seguiram a imagem da santa, que abriu os caminhos. A multidão retornou ao Largo de Roma, onde o cantor Waldonys realizou o show de encerramento. A maior parte do público era formado por idosos, mas houve espaço para pessoas de todas as idades, inclusive crianças, levadas pelos pais.

Devoção a Irmã Dulce
Devoção a Irmã Dulce Crédito: marina silva

Depois do dia dedicado a Santa Dulce dos Pobres, a sensação era de dever cumprido. “Muita fé, muita luz e energias renovadas”, resumiu Alana Martins, 45, que veio de Lençóis, na Chapada Diamantina, com um grupo de mais oito pessoas. A demonstração de fé ajuda a manter ativo o projeto de distribuição de sopas que ela está à frente há cinco anos.

Para quem conviveu com Santa Dulce de perto, as demonstrações de devoção têm um significado ainda mais especial. “O coração fica muito agradecido por todos que colaboraram e participaram deste evento. Espero que a fé aumente a caridade e o amor”, disse Ana Maria, 83, irmã de Dulce.

Para o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, a presença do público demonstra que os ensinamentos da Santa Dulce seguem vivos entre os fiéis. “O exemplo de Santa Dulce continua a trazer muitos frutos e motivar muita gente a viver da fé e, sobretudo, da caridade com os próximos”, falou Dom Sergio da Rocha, após a celebração da missa campal. No que depender dos devotos que percorreram a procissão, o legado da santa baiana estará sempre presente iluminando a vida daqueles que buscarem o caminho da fé.