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Reggae e Resistência estreia nesta quinta (11), às 22h, na TVE
Roberto Midlej
Publicado em 9 de maio de 2023 às 06:30
- Atualizado há um ano
Há uma velha discussão sobre onde nasceu o samba, se teria sido no Rio de Janeiro ou na Bahia. Ok, a polêmica é antiga e, parece, nunca se chegará a um consenso. Mas, sobre o reggae, não há dúvida: ele, com certeza, nasceu na Jamaica e seu maior expoente é Bob Marley, nascido no país caribenho.
Mas a Bahia, se não é o berço desse ritmo, é, seguramente, um fértil terreno de artistas do gênero. Edson Gomes, Sine Calmon, Sérgio Nunes (da banda Adão Negro), Dionorina são alguns dos nomes baianos mais evidentes. Até Gilberto Gil, mais associado à MPB, também já se arriscou.
E todos esses personagens baianos estão no documentário Reggae e Resistência, que estreia quinta-feira (11) , às 22h, na TVE. Trata-se da primeira exibição pública do documentário, que tem direção da dupla Cecília Amado (Capitães da Areia) e Pablo Oliveira. O filme também foi selecionado para a próxima edição do In-Edit, festival de documentários musicais.
“É, originalmente, um projeto do Pablo, que é fã de reggae. Ele trouxe a ideia de fazer o filme, fomos pesquisar e vimos que tinha pouca coisa na Bahia sobre o reggae. E eu sempre me interesso por contar a história que não é contada”, explica Cecília.
Mas os diretores fazem questão de destacar que o documentário não pretende ser um estudo acadêmico ou científico. “O filme é mesmo visão de um fã, até porque não sou músico”, afirma Pablo, que foi frequentador habitual de um dos mais populares palcos de reggae de Salvador, o Pelourinho, que foi fundamental na construção da cena do reggae baiano. Um dos pioneiros da cena, Dionorina com o LP lançado em 1983 (Foto: Divulgação) Pelourinho Por isso, boa parte do doc é dedicada ao Pelourinho. “A gente foi fazendo o filme e percebemos a importância daquele lugar. Então, levamos Sérgio Nunes para circular por lá e encontrar gente como Albino”, diz Pablo, referindo-se ao dono do primeiro bar de reggae do Centro Histórico.
O codiretor do filme é nascido e criado em Salvador, mas ia com frequência a Cachoeira, onde vivia parte da família de sua mãe. Sabe, portanto, da importância do Recôncavo para a história do reggae baiano. “Íamos sempre para Cachoeira nos feriados, até o início da minha adolescência, então tenho uma forte ligação com a cidade e com o reggae de lá”, observa Pablo, que reconhece também a importância de sua irmã no interesse pelo ritmo jamaicano.
Segundo Cecília, os entrevistados foram unânimes ao reconhecerem que o Recôncavo é o berço do reggae baiano. “Nós entrevistamos pioneiros da música que fizeram reggae na Bahia, como Gil, Jorge Alfredo e Lazzo e todos defendem que o pioneirismo daquela região no reggae da Bahia”.
Reggae e Resistência foi premiado no Bahia na Tela, edital de fomento à produção audiovisual para a televisão baiana, a partir da parceria entre o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) e a Agência Nacional de Cinema (Ancine), via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O filme é realizado pela Tenda dos Milagres, com produção executiva de Silvia Abreu.
Cecília Amado ressalta a importância dessa parceria com a TVE, que exibe o doc em primeira mão: “A TV aberta ainda tem muita importância no Brasil, mesmo com a internet tomando um espaço enorme. Mas a TV aberta, para mim, que quero falar com todo mundo, é muito importante. Não quero falar somente com quem paga ingresso no cinema. E a TV aberta chega a todo mundo, especialmente no interior da Bahia. Quero me comunicar com essas pessoas”, diz Cecília Amado.
Estreia na TVE quinta, às 22h. Horários alternativos: dia 11, às 22h; dia 12, às 21h30; dia 14, às 17h e dia 20, às 20h.