Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gabriela Araújo
Publicado em 14 de março de 2025 às 14:15
Por muito tempo, a moda esteve fora dos planos da trancista Laura Guimarães, de 19 anos. Foi em 2020 que, de maneira despretensiosa, a moradora do bairro de Fazenda Grande IV, em Salvador, que cursa fisioterapia na Estácio, decidiu se inscrever em uma aula de passarela, após ser convidada por um amigo. >
"Eu nunca tinha pensado em desfilar antes, mas vi que me sentia tão bem na passarela, que decidi me aperfeiçoar mais e estou [nas passarelas] até hoje", revelou. >
A jovem, que divide sua rotina entre a profissão de trancista, a vida universitária e a carreira de modelo, encontrou no Afro Fashion Day, maior evento de moda negra do Brasil, realizado pelo jornal Correio, um dos momentos mais marcantes da sua trajetória. >
Laura Guimarães,
modelo.Diferente do que muita gente imagina, ser modelo exige preparação e dedicação constante, principalmente para quem vive uma rotina tão intensa como Laura. “O maior desafio é conciliar a agenda com os meus compromissos como modelo. Nos dias em que tinha aula, optava por marcar clientes mais cedo para dar tempo de ir ou até mesmo não marcar. Em alguns dias, acabava não conseguindo ir às aulas”, detalhou. >
No entanto, os obstáculos são insuficientes para fazê-la desistir do que ama. Entre a execução da arte de entrelaçar os fios dos clientes a domicílio, trabalho que pode levar até cinco horas, as aulas de passarela e a vida universitária, ela aprendeu a equilibrar as responsabilidades sem abrir mão do sonho dos holofotes. >
Mesmo nos dias mais cansativos, em que precisou reorganizar a agenda ou até pausar os treinos, a paixão pela moda sempre falou mais alto. Para ela, cada sacrifício vale a pena, uma vez que desfilar não é apenas uma atividade, mas uma realização pessoal que a impulsiona a seguir em frente, determinada a conquistar seu espaço. >
“Eu gosto muito do que faço, principalmente desfilar, eu acredito que quando sabemos conciliar tudo, se torna mais fácil. Claro que terão dias mais puxados, porque, além de modelo e trancista, eu também sou universitária. Para cuidar da minha saúde mental, eu tento não me sobrecarregar demais, tenho minha agenda bem organizada”, pontuou. >
Persistente e determinada, Laura acredita que seu processo pode inspirar outras jovens negras na busca pelos seus sonhos. Sua aposta é que a persistência diante dos desafios e a busca constante pelo aperfeiçoamento mostram que é possível ocupar qualquer espaço, inclusive na moda. >
“O primeiro e mais importante passo é acreditar em si. Sempre persistir no seu objetivo e acreditar no seu processo, todas nós merecemos e podemos estar onde quisermos. Só nós, mulheres negras, sabemos a dor e a delícia de ser quem nós somos. Então, não deixem que nada e nem ninguém faça você acreditar que é incapaz. O ‘não’ já temos. Agora, precisamos ir atrás do ‘sim’, que pode ser demorado, mas que, com muito foco, ele chega. Podemos ocupar os espaços que quisermos, e a moda também é o nosso lugar”, destacou. >