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Estética afro: beleza que gera renda e reafirma autoestima negra

Trancistas e especialistas em tratamentos para cabelos crespos e cacheados têm movimentado a economia ao promover o cuidado e o empoderamento de pessoas negras

  • G
  • Gabriela Araújo

Publicado em 8 de março de 2025 às 08:53

Rebeca Santana, Luciana Gomes e Fernanda Oliveira
Empreendedoras Rebeca Santana, Luciana Gomes e Fernanda Oliveira Crédito: Arquivo pessoal

A valorização do cabelo afro como um símbolo de identidade e resistência tem ganhado força nos últimos anos, não apenas na esfera cultural, mas também como uma oportunidade de empreendedorismo e geração de renda. Trancistas e especialistas em tratamentos naturalistas para cabelos crespos e cacheados têm sido protagonistas desse movimento, promovendo o cuidado e o empoderamento das pessoas negras.

Oferecendo serviços que resgatam a beleza dos fios naturais, esses profissionais têm fortalecido o mercado da estética negra e impulsionado a economia em torno da valorização da ancestralidade. Hoje, ao abraçar e promover suas raízes culturais, profissionais como Rebeca Santana, de 27 anos, dona do Braids Beca, não só impactam a estética, mas também contribuem para uma mudança na forma como a cultura negra é percebida e valorizada.

"Minha avó trançava minha cabeça, minha mãe trançava minha cabeça e a de minhas irmãs. Comecei a trabalhar como trancista em um período pré-pandemia, quando me vi na necessidade de uma fonte de renda. Estava na faculdade, apertada, quando um amigo sugeriu começar a trançar de maneira rentável. Então, daí veio toda a jornada de aprendizado e prática. Comecei vendo vídeos na internet e usando a cabeça de minha irmã, mãe e amigos para treinar"

Rebeca Santana, 

empreendedora. 
Tranças feitas por Rebeca Santana
Tranças feitas por Rebeca Santana Crédito: Reprodução/Instagram

Empreender, especialmente em um mercado tão competitivo como o da estética, não é tarefa fácil, e os desafios são constantes. Para Rebeca, o caminho foi repleto de obstáculos, desde a adaptação à demanda crescente até a gestão de um negócio próprio.

"Não nos é ensinado de forma fluída e clara como organizar o dinheiro. A ideia de empreender ficava muito naquele lugar de que somente pessoas brancas poderiam e conseguiam empreender. Superei os obstáculos bebendo de muitas fontes, lendo muito e vendo muitos conteúdos sobre empreendedorismo para pessoas pretas e vendo o meu negócio como, de fato, uma empresa que estava nascendo", destacou.

Rebeca Santana
Rebeca Santana e cliente Crédito: Arquivo pessoal

Fernanda Oliveira, 31, dona do Studio Nanda Tranças, também é trancista e tem uma história parecida. Ao 23 anos, decidiu investir no mercado de estética afro para complementar a renda. No início, os atendimentos eram feitos na varanda de casa, apenas com uma cadeira e o sonho de um dia ter o próprio salão.

"A pandemia foi a virada de chave na minha vida, após quatro anos trabalhando de carteira assinada, pedi demissão da empresa que trabalhava para seguir o meu sonho. Foi quando eu percebi que as pessoas estavam procurando e indicando o meu serviço e decidi me aperfeiçoar. Os desafios foram muitos e sempre me motivaram a não desistir"

Fernanda Oliveira, 

empreendedora. 
Tranças feitas por Fernanda Oliveira
Tranças feitas por Fernanda Oliveira Crédito: Divulgação

Empoderamento e autoestima

Especialista em cabelos crespos, cacheados e em transição capilar, Luciana Gomes, 38, dona do Espaço Luciana Gomes, acredita que a quantidade de profissionais especializados em cuidados com cabelos crespos e cacheados já foi um fator determinante para que muitas mulheres e homens negros desconhecessem sua raízes.

"Por muito tempo, o mercado da beleza negligenciou os cabelos crespos e quando não se tem profissionais que saibam cuidar dos cabelos afros, o caminho mais conhecido acaba sendo a química. Felizmente, hoje há um movimento crescente de especialização e valorização dos cabelos crespos"

Luciana Gomes, 

empreendedora.

"Meu trabalho vai além de cuidar de cabelos. Eu criei um espaço que acolhe mulheres em sua jornada capilar, ajudando-as a desconstruir padrões que historicamente marginalizaram o cabelo crespo. Ao educar minha cliente sobre os cuidados com o cabelo crespo, mostro, na prática, que todo cabelo tem a sua beleza", acrescentou.

Luciana Gomes
Luciana Gomes e cliente Crédito: Arquivo pessoal