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Priscila Natividade
Publicado em 19 de setembro de 2020 às 11:00
- Atualizado há 2 anos
Ganhar a estrada rumo a zona rural não é só mais um movimento de temporada de festa junina depois que muita gente decidiu viver no campo. Mas o que levar nessa mudança? Pensando nisso, a designer de interiores e personal organizer na plataforma GetNinjas, Poliana Santana, montou um kit para quem fez a escolha de se afastar das cidades (veja abaixo). “É importante avaliar as condições necessárias para se adaptar ao trabalho fora do escritório dos grandes centros, como uma boa conexão de internet, o acesso a serviços, comércio, hospitais, custo de vida e infraestrutura”.
Entre os itens que acompanham nessa jornada, estão equipamentos para o home office, alguns móveis que devem ir na mudança e até coisas mais simples que não podem ficar de fora, tipo o repelente contra mosquitos e uma boa maleta de primeiros socorros com antitérmico, analgésico, antialérgico e curativos, caso a área seja mais afastada para o delivery chegar.“Outra orientação é ter em mãos, se possível, a planta baixa da casa nova, tirar a medida dos móveis, das portas, janelas e corredores”, reforça Poliana sobre medidas para qualquer troca de endereço. E tem muita gente arrumando as malas em busca da paz que as pequenas localidades do podem proporcionar. Na comparação de março a julho deste ano, com o mesmo período de 2019, dobraram as buscas por imóveis no interior, segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA).
Esse fluxo é justificado pelo interesse de pessoas como as irmãs Bernadete e Lucy. Logo que ouviram a primeira notícia sobre o fechamento do comércio, suspensão de eventos e a necessidade da adoção do isolamento social, a produtora cultural Bernadete Anunciação e a fotógrafa Lucy Anunciação não pensaram duas vezes antes de arrumar as malas. Colocaram os equipamentos de trabalho na mochila e saíram da capital baiana rumo ao sítio da família, em Irará (BA), município que fica a cerca de 130 km de Salvador.
“Voltamos para o mesmo lugar onde nascemos. Não tenho pressa de retornar à capital, enquanto não tiver vacina”, conta Bernadete. Além de buscar um refúgio para passar a quarentena, elas se dedicaram não só a lançar a exposição virtual Fotos de Todo Canto, mas também a começar a plantar uma horta. “Aqui, eu sinto que acordar e voltar o meu olhar para as coisas da natureza, me deixa mais forte”, completa Lucy.
Quem vai perto da natureza, na zona rural, precisa montar uma espécie de inventário com tudo que tem para avaliar o que será comprado, como recomenda ainda Poliana Santana. Não adianta transportar um móvel que não vai conseguir passar pela porta ou entrar pela janela.
A especialista lembra, que o migrante deve avaliar se o estilo de vida daquela cidade está de acordo com a rotina de quem quer ir para ficar no interior. Que visite o município, conheça a cultura local, o clima e o que a região oferece, antes de arrumar as malas. Em seguida, escolha uma boa empresa para fazer o transporte, pesquise a sua reputação. E aí só chegar e se sentir em casa. “É essencial considerar qual o principal objetivo da mudança e se planejar em todos os sentidos”, aconselha.
Melhor lugar Foi isso que fez o advogado e consultor Renato Saraiva, ao decidir se mudar para um sítio no município de Caravelas, no sul da Bahia. Ele estava à procura de um lugar que pudesse propiciar um ritmo de vida mais saudável. “Avaliei onde eu poderia continuar a ter contato com a natureza sem risco de contágio do coronavírus. No sul da Bahia é possível: há praias de rio e mar sem ninguém. Essa mudança significou um salvamento. Me levou para uma fase de vida mais equilibrada que antes”. O advogado Renato Saraiva saiu do Rio de Janeiro para morar no município de Caravelas (BA) (Foto: Acervo pessoal) Faz quatro meses que saiu do Rio de Janeiro para Salvador e depois pegou 13 horas de estrada para fazer a mudança até Caravelas. “Trouxe apenas duas malas, uma com roupas e sapatos mais outra com objetos muito pessoais que eu tinha para eu me sentir em casa”, conta.
Em qualquer que seja a mudança, é preciso estar aberto ao novo. “Aqui eu encontrei uma maior facilidade de comprar alimentos de pequenos produtores e um custo de vida muito mais baixo. Não tente colonizar a cidade porque vem da capital, pensando que seu estilo de vida é melhor. Respeite o estilo e adapte-se ao novo ritmo do interior”, completa o advogado.
CINCO COISAS IMPORTANTES AO SE MUDAR PARA O MATO
Porta de casa É fundamental ter um móvel na entrada, como uma espécie de sapateira, para acomodar os sapatos, ainda mais se a região no entorno da casa nova tiver muita terra ou areia. Ah, e o kit anti-covid na entrada continua sendo muito importante.
Xô mosquito Em geral, regiões perto da natureza costumam ter mais insetos. Por isso, deixe um repelente próximo à porta de saída e use antes de dar uma voltinha. Tenha sempre também um kit primeiros socorros com antitérmico, analgésico, antialérgico e curativos.
Home office Monte seu espaço com conforto e aproveite a vista na janela no cômodo onde deve ficar seu escritório. No check-list pré-mudança, verifique como é o acesso à internet e sinal de celular naquela região.
Acessórios Com a frequência muito maior de reuniões online, lives e encontros virtuais não fique sem um fone. Lembre que não há lojas por perto e para quem está na zona rural, a entrega é mais difícil. Vale investir em um fone de ouvido com microfone e de longa durabilidade.
Luz A mesma dica vale para iluminação. Esteja preparado. Se não houver uma boa luz natural ao longo do dia, não deixe de acrescentar ao kit, um abajur ou luminária para ajudar a iluminar os cômodos mais escuros da casa. Opte por aqueles com lâmpadas de led e com pilha.