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Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2020 às 10:12
- Atualizado há 2 anos
Na última quinta-feira (11), viralizou um vídeo que mostra um idoso derrubando as cruzes de uma homenagem feita no Rio de Janeiro às vítimas da covid-19.>
O homem nas imagens é, segundo o Fantástico, Héquel da Cunha Osório, de 78 anos, aposentado. Nos anos 90, foi presidente Companhia Estadual de Gás do Rio de Janeiro (CEG-RJ) e tem uma empresa de consultoria de engenharia.>
O programa dominical da Globo também divulgou uma mensagem que seria que Héque. "Alguém viu minha indignação derrubando cruzes que a esquerda montou em Copacabana hoje? Não resisti", diz o autor, que também manda uma foto de uma reportagem sobre o ato.>
O ato da ONG Rio de Paz fez 100 covas rasas e colocou 100 cruzes nas areias de Copacabana, simbolizando as mais de 40 mil vítimas do novo coronavírus no Brasil.>
Presidente da ONG, Antônio Costa nega que o ato tivesse viés político-partidário: “Nós não temos nenhum vínculo político-partidário, pra ser franco, entre nós não há partido político que nos encante, nenhum de nós é comunista, não temos a mínima admiração pela Venezuela. O que nós queremos o aperfeiçoamento da nossa democracia, o que nós queremos é um país menos desigual, e no qual a santidade da vida humana seja respeitada”.>
Além da cena de Hequel derrubando as cruzes, outra imagem viralizou após a manifestação foi a do pai de uma vítima do coronavírus recolocando as cruzes. Marcio Antônio tinha perdido o filho de 25 anos no dia 18 de abril e foi surpreendido – segundo ele de forma positiva – ao ver a manifestação enquanto caminhava no calçadão.>
“Naquele momento ali, eu não tinha raiva, eu não tinha ódio. Eu não tava fazendo protesto nenhum, assim, foi só uma emoção de pai mesmo. De indignação, a palavra é essa mesmo: indignação pra aquele ato, a falta de respeito. Você lembrar, vem tudo aquilo na cabeça o que você passou e vem uma pessoa ali, chutando aquilo, derrubando. Não tava fazendo mal algum a ele, meu Deus do céu. Eu tava tão feliz, porque eu falei: poxa, uma homenagem, uma homenagem para as vítimas. Senti um pouco no coração aquele saudosismo”, disse ele ao Fantástico.>
O filho de Márcio, Hugo morava em uma comunidade quilombola na Zona Sul do Rio. Não tinha nenhuma doença crônica. Era professor de dança e DJ. Sofreu 15 dias com a doença e chegou a dizer para o pai que achava que não ia aguentar.>
“Você chegar e chutar uma representação que tá representando uma pessoa, uma vítima... Iisso não é liberdade de expressão. Isso é apenas raiva, ódio, é nem sei o nome pra dar pra isso”, diz Márcio, que também afirmou que ainda tenta entender como alguém foi contra um ato “pela vida”.>
“Cada cruz representada ali era uma pessoa, não era um número. Meu filho não é um número. existem mais de quarenta mil mortos, mas são pais, filhos, amigos, parentes, e aquelas pessoas que estão ali não são negras, brancas, não são nada, são pessoas de todas as tendências políticas, meu Deus do céu. Que loucura é essa? Que falta de humanidade é essa ?”, questionou ele em entrevista ao Fantástico.>