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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2020 às 08:39
- Atualizado há 2 anos
Maior festa popular do Brasil, o Carnaval pode ter facilitado o contágio do coronavírus no país, afirmou o médico Drauzio Varella. O especialista defendeu, em live do jornal Folha de S. Paulo, que o ideal teria sido cancelar evento que reuniu milhões de pessoas nas ruas.>
O Carnaval começou no dia 21 de fevereiro, quando ainda não havia infectados confirmados no país. O primeiro paciente a testar positivo só foi surgir no dia 26, em São Paulo, justamente na última data da festa momesca. >
Apesar disso, Drauzio acredita que os governos foram muito benevolentes e subestimaram o vírus. O próprio médico se coloca na lista daqueles que não viram o real potencial da doença.>
"A Espanha está do lado da Itália [epicentro do coronavírus na Europa] e, quando a Itália decretou o isolamento para a população, os espanhóis fizeram aquela Marcha Para as Mulheres, com 200 mil mulheres no centro de Madri. Como admitiram aquilo? Como nós fizemos o Carnaval?", questiona.>
Para ele, a decisão mais adequada diante do avanço da doença na China teria sido cancelar as festas populares pelo Brasil. "Certamente o vírus se disseminou ali naqueles encontros de grande quantidade de gente.">
Colapso do sistema de saúde Drauzio vê com preocupação o risco de o sistema de saúde do país entrar em colapso, sobretudo porque isso afetaria não só os pacientes com a Covid-19, mas também com qualquer outra enfermidade.>
"Quem sofrer um infarto vai pra onde? Quem sofrer um AVC vai para onde? Quem quebrar a perna no degrau de casa ou quem sofreu uma queda no banheiro, para onde vão essas pessoas? Sistema em colapso significa nenhuma vaga para ninguém", alerta.>
Em um cenário como esse, muitas pessoas que poderiam ser salvas acabariam morrendo até mesmo por falta de ar. "A morte por falta de ar é inaceitável em uma nação civilizada", critica. "E pessoas com outras doenças que poderiam ser tratadas com facilidade vão morrer também por falta de condição de tratamento.">
Já quando questionado sobre os tratamentos que estão sendo estudados para a Covid-19, o médico foi cauteloso ao falar da hidroxicloroquina. "Se eu pegar o vírus, não vou tomar [hidroxicloroquina]. Eu não sei se vai fazer bem ou se vai acelerar a minha morte", afirma. "Pode ser que essa droga passe pelos testes e se mostre uma arma importante. Mas a gente tem que esperar.">