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Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2020 às 22:29
- Atualizado há 2 anos
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que não comenta ações do presidente da República e que, por isso, não pretende rebater as declarações de Jair Bolsonaro (sem partido) sobre ele em entrevista à rádio Jovem Pan na noite desta quinta-feira (2).
"Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha", declarou ele, que tenta conduzir a pasta de Saúde em meio à pandemia de coronavírus.
Na rádio, Bolsonaro afirmou que está faltando "humildade" ao seu ministro, sobre o qual chegou a sugerir a possibilidade de demissão. "Tá faltando um pouco mais de humildade pro Mandetta. (...) O Mandetta em alguns momentos teria que ouvir um pouco mais o presidente da República", criticou o líder nacional.
Questionado sobre as declarações do presidente, Mandetta apenas respondeu inicialmente: “ok”. "Nunca fiz nenhum comentário sobre as ações dele. Não se comenta o que o presidente da República fala", reforçou o ministro.
Em seguida, comentou que estava analisando dados sobre o novo coronavírus e preocupado com a situação de algumas regiões.
"Eu acho que estamos frente a uma doença nova, e está todo mundo aprendendo com essa doença. Vamos saber o que ela vai fazer com nosso sistema de saúde. Rezo a Deus que nada disso aconteça aqui, que eu esteja absolutamente errado, que toda a ciência esteja absolutamente errada", afirmou à Folha.
Nos últimos dias, Mandetta e Bolsonaro vem travando um embate sobre as decisões tomadas para enfrentamento do coronavírus. O ministro tem defendido políticas de isolamento social diante da pandemia, incluindo o fechamento de estabelecimentos comerciais, como forma de evitar aglomerações e a proliferação da doença.
Em contrapartida, Bolsonaro tem criticado esse discurso e as medidas, defendidas por Mandetta, adotadas pelos governadores de decretar uma quarentena, e frequentemente pede que as pessoas voltem a viver a vida normalmente, isolando apenas pessoas pertencentes a grupos de risco.
A relação entre o ministro e Bolsonaro vem numa escalada de tensão e subiu mais um nível no domingo (29), quando o presidente resolveu dar um passeio pela periferia do Distrito Federal, contrariando todas as orientações do Ministério da Saúde.
O giro de Bolsonaro ocorreu um dia após Mandetta ter reforçado a importância do distanciamento social à população nesta etapa da pandemia do coronavírus.
Mandetta também criticou as manifestações pela reabertura de empresas e de estabelecimentos comerciais, desencadeadas por declarações de Bolsonaro.
"Fazer movimento assimétrico de efeito manada agora, nós vamos daqui a duas, três semanas, os mesmos que falam 'vamos fazer carreata" de apoio. Os mesmos que fizerem vão ser os mesmos que vão ficar em casa. Não é hora, agora", declarou no sábado (28). As informações são da Folha.