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Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2020 às 11:48
- Atualizado há 2 anos
O governo do estado divulgou, neste sábado (11), uma nota de repúdio à atitude do prefeito Marcelo Angênica (PSDB), da cidade de Itamaraju, no Extremo Sul da Bahia, por este se negar à ceder o hospital do município para a implantação de leitos de UTI destinados ao tratamento de pacientes com coronavírus. No documento, o governo diz que "se depender do prefeito, os 464 mil baianos de 13 municípios do extremo-sul da Bahia ficarão desassistidos em infraestrutura".
De acordo com o governo, a implantação de 20 leitos de UTI para a covid-19 no Hospital Geral de Itamaraju havia sido combinada entre o prefeito, o governador Rui Costa e o secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas em reunião por telefone, na última quinta-feira (9). Quando os técnicos da Sesab chegaram ao local neste feriado da Sexta-feira Santa, para vistoriar a unidade, o prefeito voltou atrás na sua palavra e impediu que os leitos de UTI fossem montados.
Em vídeo direcionado aos cidadão de Itamaraju, Vilas-Boas disse: "A prefeitura da cidade enviou carro para receber a equipe e, surpreendentemente, fomos recebidos por manifestantes contrários à instalação dos leitos e também pela manifestação pública do prefeito sendo contrário a tudo o que tinha sido acordado com o governador", narrou. O governo informou que o hospital é uma das maiores unidades do Extremo-Sul e parte dela está ociosa.
Na nota de repúdio, o secretário estadual destacou o risco de morte ao qual a população estará exposta se uma estrutura de atendimento não for montada na região. “Os pacientes acabam evoluindo dentro de 24 horas para necessidade de entubação, ventilação mecânica, sendo necessários equipamentos altamente qualificados como respiradores artificiais. Eu espero, com essa decisão que o prefeito tomou, de deixar a população exposta, sem acesso à UTI, sem acesso à ventilação mecânica, que o prefeito não precise se arrepender, caso pessoas venham a morrer no seu município nos próximos dias”, declarou.Ao CORREIO, o prefeito do município Marcelo Angênica, afirmou que não houve acordo algum em relação a implantação desses leitos.
"Na proposta do governador seria necessário fechar o nosso hospital, que é o único na cidade. Fazemos em torno de 100 partos por mês, serviço de urgência e emergência em cirurgia geral, obstetrícia, ortopedia e urologia e outros. Argumentei que não tinha como fechar o hospital, mas que precisamos da ajuda do governador para dar segurança ao nosso povo", disse. Angênica pontuou ainda que pediu para conversar novamente com o governador."Queria explicar poderíamos conduzir o caso em nossa região, mas foi ele que se precipitou em fazer o anúncio. Eu sabia que a maioria da população era contra a vinda dos leitos nestas condições".Registro de casos
Conforme o boletim mais recente da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), Itamaraju já tem registro de uma pessoa infectada. No boletim municipal desta sexta, a prefeitura da cidade informou a existência de quatro casos suspeitos e 17 em monitoramento. Apesar do conflito, Vilas-Boas garantiu que a população do extremo-sul não ficará desassistida, mesmo com a negativa do prefeito, Marcelo Angênica.
“A população do extremo-sul da Bahia, da região de Teixeira de Freitas, Itamaraju, Prado, pode confiar que o Governo do Estado vai procurar a melhor solução para amparar a assistência à saúde da população. O Grupo Suzano procurou o Governo do Estado e colocou à disposição 30 equipamentos de ventilação mecânica e nós vamos estruturar a melhor operação que garanta a saúde da população, mesmo com a negativa do prefeito de Itamaraju em disponibilizar o seu hospital para a comunidade e para a saúde de toda a Bahia”.
Ainda na noite de sexta-feira (10), o prefeito de Itamaraju publicou uma nota em sua conta no Instagram. Confira a reprodução na íntegra:
"Estou me dirigindo a vocês como gestor, e desta forma devo agir, não posso agir no calor da emoção, nem utilizar expressões desrespeitosa com o governador, mas posso lhes garantir q sou contra a posição dele, tenho 3 anos de gestão e nunca o governo nos atendeu em nada, nem mesmo em um simples reconhecimento de nosso serviço de ortopedia. Mas sei q por força da lei, devido ao estado de calamidade, ele pode impor isso em nossa cidade. Por isso, devo agir com cautela, equilíbrio e sem histeria para não criar um fato contra nossa cidade.
Estamos trabalhando para isso. Hj ficou pronto nossa sala vermelha para receber os casos graves (de nossa cidade), investimento de meio milhão de reais, sem ajuda alguma do estado. Tenham calma e fé q tudo dará certo. Deus no comando.
Nós só temos este hospital, onde nascem mais de 100 crianças por mês, fazemos cirurgias ortopédicas, ginecológica, urológica e geral, tanto eletivas como de urgência, não vamos permitir q destrua tudo isso. (sic)" Imagem: Reprodução/Instagram